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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Cine Primavera era local de encontro de amambaienses nas décadas de 60 e 70

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27/09/2016 15h54

Em homenagem a comemoração dos 68 anos de Amambai, resgatamos a história de um dos pontos de encontro mais visitados pelos amambaienses nas décadas de 60 e 70

Fonte: Redação

Amambai (MS)- Lugar onde amigos que compartilhavam do comum interesse pela cultura se encontravam, onde famílias iam à procura de um programa no final de semana, além de ponto de encontro de casais que começaram ali, a sua história de amor. O cinema Cine Primavera era atração em na Cidade Crepúsculo nas décadas de 60 e 70.

O proprietário, Doneville Pereira dos Santos, homem de família vinda de São Paulo em busca de melhores condições de vida. Semianalfabeto, porém, gerador de cultura, se inspirou em um audacioso pé de Primavera que resistia na calçada do salão – que semanalmente ficava lotado de pessoas que iam em busca de assistir os filmes nacionais e de faroeste da época – para dar nome ao cinema, que marcou a vida de muitos amambaienses.

Um deles é o senhor Almeri Flores dos Santos, que conta um momento cômico que viveu em uma das suas idas com a namorada ao cinema. “Lembro como se fosse ontem, quando fui ao Cine Primavera pela primeira vez com a namorada; as cadeiras eram de madeiras e tinha um eixo que permitiam que elas fossem reclináveis, eu como nunca tinha ido, achei que fosse normal o acento ser pequeno, então sentamos, eu e a namorada, mas estava muito desconfortável, foi aí então, que chegou um senhor e viu que estávamos nos sentindo mal com aquele acento, então ele, olhando para nós com um sorrisinho no canto da boca, reclinou a cadeira e se sentou”, lembra Almeri, sorrindo.

O Cine Primavera ficava localizado na avenida Pedro Manvailer, ao lado dos Correios e era um salão com cerca de 20 metros de comprimento por 12 metros de largura. Espaço esse que ficava lotado nos finais de semana.

Outra pessoa que teve sua vida marcada pelas tardes no Cine Primavera foi o escritor Renato Machadinho, que descreve esse sentimento no seguinte trecho do texto Relembrando Amambai, publicado em seu blog, Recanto das Letras.

“(…) Amambai das tardes cinematográficas. Que criam lembranças do saudoso Cine Primavera. Quem não se lembra do senhor Donevil e sua galera? Das apresentações dos grandes faroestes de Juliano Gema. Daquele inesquecível filme do dólar furado. Com balas que zuniam pra todo lado. E a gurizada indo ao delírio. A gente gritava, assoviava e aplaudia. Só os cortes acalmavam a moçada. Esse lance era o único fato desagradável para aquela meninada. (…)”.

O Cine Primavera foi fechado na década de 80, quando o filho caçula de Doneville veio a falecer. “Creio que meu pai fechou o cinema, por certo tipo de remorso, porque meu irmão caçula sempre sonhou em tocar o cinema, mas ele nunca lhe deu esta o oportunidade, então ele foi embora para São Paulo e veio a falecer lá, abalando toda família, principalmente meu pai, que resolveu fechar o cinema”, explicou o filho de Doneville, Domar Pereira dos Santos.

Domar diz não se lembrar de muita coisa sobre o negócio da família, porque passou muito tempo estudando na cidade de Lins, no estado de São Paulo.

Mesmo não existindo mais, o Cine Primavera deixou marcas nos corações dos amambaienses, que se recordam com saudade das tardes no cinema, das descobertas feitas a cada filme e dos encontros apaixonados, que davam cores mais vivas e brilho ainda maior ao pé de Primavera.

O Cine Primavera ficava localizado na avenida Pedro Manvailer, ao lado dos Correios / Foto: Arquivo Pessoal de Robson Martins

Almeri Flores dos Santos frequentava o cinema / Foto: Moreira Produções

Duas das cadeiras citadas pelo sr. Almeri Flores dos Santos, cedidas ao museu de José Alves Cavalheiro pela familia do proprietário do cinema / Foto: Moreira Produções

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