25/06/2016 19h58
Fotografias dos problemas e belezas visualizadas nos caminhos percorridos no trajeto casa trabalho, de Dourados a Amambai, retratam as condições das rodovias BR-163 /MS-156, BR-463 e MS-386.
Fonte: Redação
As idas e vindas entre Amambai e Dourados aguçaram o olhar da mestre em História, Suzana Arakaki, e renderam registros fotográficos, a grande maioria de pássaros da região sul do Estado. A professora reside em Dourados e trabalha na Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) de Amambai.
Os registros renderam a Exposição Fotográfica Caminhos e Cliques. A iniciativa foi integrante da 14ª Semana Acadêmica de História e 9ª Semana Acadêmica de Ciências Sociais da Uems de Amambai, realizada entre os dias 20 e 24 deste mês.
A preservação das aves passa também pela conservação do meio ambiente. Muitas aves migraram para a cidade em busca de alimentos e quando cortam as árvores que fornecem estes alimentos, a tendência é o desaparecimento delas. É uma pena, lamenta a professora, as novas gerações não conhecerão muitas espécies de aves caso o desmatamento e o corte indiscriminado de árvores nativas ou frutíferas continue.
Fotografias x ciência cidadã
O registro fotográfico de aves vai mais além do que simples passatempo. Os registros são divulgados em páginas especializadas na rede social e são visualizadas por muitos estudiosos, biólogos, ornitólogos e outros pesquisadores. Isso permite mapear a existência de determinadas espécies ou as rotas de migração delas. Várias espécies do sul foram fotografadas às margens das rodovias MS-156 e 386.
A ciência cidadã se verifica quando o trabalho individual de várias pessoas viabiliza ou ajudam o trabalho de uma pesquisa maior.
O ornitólogo Alyson Vieira de Melo falou sobre os registros de aves feitos por Suzana Arakaki: ” (…) maravilha, você faz parte, de qualquer forma, da ciência cidadã que, ao final em muitos casos, chega ser igual ou até mais importante do que algumas pesquisas tradicionais…” O ornitólogo fotografa aves por todo Brasil e mora em Bonito MS.
Fotografar é perigoso?
Ela explica que as fotografias são feitas durante as viagens nos trajetos citados, fazendo-se necessário ter alguns cuidados. As rodovias não têm acostamentos, isso é perigoso em algumas paradas. “Também já fui interpelada por donos das fazendas quando fotografava aves nas lagoas de águas pluviais que se formam às margens das rodovias”, conta a professora. Certa vez, continua, ao fotografar marrecas num lago, o dono da fazenda parou o carro atrás do meu e, com ânimo nada amigável, perguntou o que eu estava fazendo, porque estava fotografando a fazenda dele; expliquei que estava fotografando apenas as aves. Em alguns casos, quando as lagoas se formam longe das margens, ela entra na fazenda e pede licença para fotografar e os donos autorizam.
Outra situação foi na praça Cel. Valêncio de Brum, em Amambai. Ela estava fotografando aves bem cedinho quando parou uma viatura da Polícia Militar e três policiais desceram e perguntaram o que a professora fazia, de onde era, onde trabalhava. “Enfim, a região é bem policiada”, pondera a fotógrafa.
Sobre a autora
Suzana Arakaki é graduada em História com mestrado e doutorado em História. Defendeu a tese de doutorado sobre a ditadura militar em Mato Grosso do Sul. O gosto pelas aves é antigo, vem da infância na fazenda onde nasceu, entre goiabeiras e mangueiras e muitas aves. O primeiro nome de pássaro que aprendeu foi o sabiá, por conta do emplastro sabiá que a mãe usava rotineiramente. Recortava o sabiá das embalagens para brincar.
Iniciou o registro fotográfico de aves depois da introdução da máquina fotográfica digital, antes disso era economicamente inviável. Nesse sentido, a tecnologia ajudou muito.
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