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terça-feira, 23 de abril de 2024

Dia do Teatro: Maria Silvia é uma das precursoras da arte em Amambai

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25/03/2015 14h47 – Atualizado em 25/03/2015 14h47

Professora dedicou anos de sua vida para o teatro na escola Paroquial Mãe Três Vezes Admirável

Fonte: Da Redação com informações Brasil Escola

Amambai (MS) – O Dia Mundial do Teatro, 27 de março, foi criado em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), data da inauguração do Teatro das Nações, em Paris. O marco principal do surgimento do teatro foi à reunião de um grupo de pessoas em uma pedreira, que se uniram nas proximidades de uma fogueira para se aquecer do frio.

A fogueira fazia refletir a imagem das pessoas na parede, o que levou um rapaz a se levantar e fazer gestos engraçados que se refletiam em sombras. Um texto improvisado acompanhava as imagens, trazendo a ideia de personagens fracos, fortes, oprimidos, opressores e até de Deus e do diabo.

A representação existe desde os tempos primitivos, quando os homens imitavam os animais para contar aos outros como eles eram e o que faziam. As homenagens aos deuses também favoreceram o aparecimento do teatro, na época das colheitas da uva, as pessoas faziam encenações em agradecimento ao deus do vinho.

Os povos da Grécia antiga transformaram essas encenações em arte, criando os primeiros espaços próprios, para que fossem divulgadas suas ideias, as mitologias, agradecimentos aos vários deuses, dentre outros assuntos.

O gênero trágico foi o primeiro a aparecer, retratava o sofrimento do homem, sua luta contra a fatalidade, as causas da nobreza, numa linguagem bem rica e diversificada. Os maiores escritores da tragédia foram Sófocles e Eurípedes.

Nessa época, somente os homens podiam representar, assim, diante da necessidade de simular os papéis femininos, as primeiras máscaras foram criadas e mais tarde transformadas nas faces que representam a tragédia e a comédia; máscaras que simbolizam o teatro.

O gênero cômico surgiu para satirizar os excessos, as falsidades, as mesquinharias. Um dos principais autores de comédia foi Aristófanes, que escreveu mais de quarenta peças teatrais.

Nas primeiras representações, a comédia não foi bem vista, pois os homens da época valorizavam muito mais a tragédia, considerando-a mais rica e bonita. Somente com o surgimento da democracia, no século V a.C, a comédia passou a ser mais aceita, como forma de ridicularizar os principais fatos políticos da época.

Em Amambai, entre os precursores do teatro no município, está Maria Silvia Macena Sória. A professora recém-aposentada dedicou anos de sua carreira a direção de teatros e hoje se vê realizada pelo trabalho que fez no município.

Maria conta que despontou no ramo do teatro ainda na escola paroquial Mãe Três Vezes Admirável, na década de 60. A escola surgiu em resposta à solicitação de muitos pais católicos que viram a necessidade de ter um estabelecimento de ensino interligado aos diversos trabalhos realizados na paróquia e onde gostariam de ver seus filhos estudando, não só as disciplinas do currículo, mas também a iniciação a fé católica.

“Começando em uma salinha, dois padres que hoje já faleceram deram inicio a escola e a procura dos pais que queriam matricular seus filhos foi crescendo a cada dia, o que os levou a construírem algo maior”, diz a professora.

Segundo ela, foi nessa época que chegou a Amambai a professora do Rio de Janeiro, Adail de Lima Fernandes, que com grande experiência passou a trabalhar na escola como orientadora e coordenadora.

“Construíram um prédio de madeira e as salas eram separadas por paredes móveis, estas que eram desmontadas quando realizado algum evento na escola”, conta ainda Maria.

Maria Silvia conta que os trabalhos dirigidos por Adail eram voltados ao teatro e quando esta deixou a escola, ela teve de dar continuidade às atividades. “Aos poucos foi se destacando na escola um corpo teatral e um conjunto musical onde eu tocava harmônio e sanfona e os alunos tocavam violão, pandeiro, chocalho, escaleta e tamborim, vimos que as pessoas gostavam e toda data comemorativa era motivo para apresentação”, disse ela.

De acordo com a professora, nas festas escolares as crianças encenavam peças teatrais, danças, cantos, poesias e palhaçadas. “Tudo era muito bem organizado, cada um fazia sua parte, figurino, cenários, bastidores, sempre contamos com muito apoio e os alunos aprendiam com os adultos que faziam estes trabalhos”, acrescenta.

As peças apresentadas pelos grupos, entre elas: O filho pródigo; São Tarcísio; Santa Cecília; Nossa Senhora de Fátima; Edit Stein na Câmara de Gás; Perdão Meu Pai; A comadre que veio da capitar; Os artistas de São Corcove; O descasamento; Simbita e o dragão; O casaco encantado; Palhaçadas com o Ti-li-lim e sua turma, além do Nascimento de Jesus, foram encenadas também em outros municípios, como Coronel Sapucaia, Ponta Porã e Iguatemi.

Ela conta com orgulho que a escola se destacava nos desfiles de Sete de Setembro e do aniversário da cidade. “No ano de 1972, um coral de quarenta crianças, entre cinco e dez anos, cantou o Hino Nacional e em outro ano, representamos com alunos, brasão e trajes típicos com suas bandeiras todos os estados do Brasil, fizemos até mesmo uma imitação de um foguete espacial de três metros de altura”, descreve.

Maria fala que muito do que encenou e aprendeu sobre teatro foi um livro de Lucia Benedeti, onde encontrou várias peças que foram apresentadas no município. “O teatro é uma forma de trazer cultura para as pessoas, além de desenvolver o lado comunicativo dos alunos, todos queriam participar e com isso venciam suas limitações”, explica.

Como as peças eram de cunho religioso, ela acrescenta que os alunos também aprendiam muito sobre a fé. As crianças trabalharam com bonecos de gesso, esculturas em cera, tabatinga e parafina, bordados em ponto cruz, varicor, cheio e aplicações em ponto paris, crochês e tricôs, confecção de flores em tecido, espuma, crepom, feltro e plástico, tudo através da criatividade.

Ela conta ainda que cobravam uma entrada pequena do público para comprar materiais para a próxima peça e que sempre, após uma apresentação havia uma compensação, como um momento de lazer entre o grupo. “Um dos teatros que mais me tocou foi o de Santa Maria Goretti, podíamos ver o público chorando durante a história”, disse.

Em 1973 a escola fechou e Maria conta que junto com ela, foi um pedaço de si. “Apesar de ter tentado continuar promovendo teatros em festas da igreja e dando aula na escola Coronel Felipe de Brum, não foi possível dar conta”, lembra a professora.

Alunos do teatro
Entre os alunos da escola estiveram: Abel de Almeida Moraes, Adelson Guazina Brum, Alcedir Antunes, Alcemar Gomes Guazina, Aldo Machado, Alvacir Antunes, Ana Maria Martins, Antonio Fugiwara, Arnaldo Pavão, Arnaldo Sória, Belta Noemi Schildt, Carmen Benites, Clemilda, Divanir Martins, Doris Day Durand, Eclaine Viana Vieira, Edirlei Viana Vieira, Elizabete Amaral, Enio Macena, Ernesto Flores, Evanilde Fugiwara, Francisco Machado Franco, Gilberto Machado Franco, Glória Schildt, Ivande Xavier, Janete Parada de Carvalho, Jorge Luiz Vargas, José do Couto, José Edson Amaral, José Mino, Juarez Silveira, Luiz Donizete Peixoto, Lurdes Fugiwara, Maria Alcenir Araújo Maciel, Maria Balbina da Silva, Maria Fischer, Marilene Durand, Mário Araújo Maciel, Marlene Fugiwara, Martim Sória, Nelder Viana Vieira, Neli Neves Carvalho, Nereu Pavão, Norma Julia Sória, Odete Araújo Maciel, Orides Flores, Osvaldo Machado Franco, Osvaldo Silveira, Rainério Espíndola, Ranulfo Pavão, Roseli, Rosimeire Parada de Carvalho, Silvio Macena, Suely Lemes Araújo, Susana Araújo Maciel, Teodoro Macena, Terezinha Martins, Vicente Jonas de Araújo Maciel, Vilma Guazina e Zaira Guazina.

“Trabalhar com teatro para mim foi uma realização, me apaixonei por aquilo e fiz o que me fazia feliz: ver a aceitação do público e o reconhecimento, todos pedindo reprise, gerou uma grande satisfação de ter feito o melhor que pude”, conclui.

Fotos das apresentações teatrais dirigidas pela professoraMaria Silvia / Foto: Moreira Produções

Memórias que Maria Silvia guarda da época do teatro / Foto: Moreira Produções

Fotos da peça teatral Santa Cecília / Foto: Moreira Produções

Maria se apresentando junto aos alunos / Foto: Divulgação

Maria Silvia afirma que as vezes pega suas memórias e relembra tudo o que passou, que hoje parece tão distante / Foto: Moreira Produções

Grupo musical organizado pela professora Maria / Foto: Divulgação

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