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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Aniversário sem festa

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12/10/2015 22h14 – Atualizado em 12/10/2015 22h14

Aniversário sem festa

Por R. Ney Magalhães

MS 38 Anos – Podemos iniciar o mini resumo histórico desta nossa Querência MS pela expedição de Pedro Aleixo Garcia enviado da Coroa Portuguesa em 1525, e que no rumo da Bolívia navegou pelos Rios Paraná e Paraguay. O objetivo era assegurar os Limites de Portugal e Espanha signatários do Tratado de Tordesilhas. Descobrindo ouro e diamantes, motivaram as chamadas bandeiras, que sempre acompanhadas por Jesuítas criadores de Missões e subsidiadas pelo Império partiram em busca dos tesouros. Muitas riquezas foram arrecadadas e em 1748 criou-se a Capitania de Mato Grosso.

Com o termino dos combates da Tríplice Aliança, mais conhecidos como Guerra do Paraguay – 1870 – era premente a ocupação efetiva das terras demarcadas e recebidas como ressarcimento das despesas provocadas pelo invasor. A descoberta da alta incidência de ervais nativos com potencial para exploração econômica, antes mesmo da instalação da Republica o Governo Imperial passou a titular Terras “pastais e lavradias” a colonos que aqui quisessem se estabelecer. As vastas campinas deste Planalto com pastagens nativas assemelhadas aos Pampas do RS motivaram aqueles sulistas com aptidão na criação de gado a colonizar este Sul Fronteira, também acatando o chamado do Governo para a missão cívica de consolidar as Fronteiras pós guerra.

Esta corrida para o Oeste incentivada pelo governo, ao mesmo tempo em que a guerra civil e revoluções assolavam o RS, com assaltos, saques e assassinatos de familiares dos adversários políticos, aceleraram a organização de caravanas pioneiras organizadas por nossos avós, que bem recebidos aqui pelos vizinhos paraguayos irmanados no trabalho da lida de gado e na labuta dos ervais formaram esta nova Querência.

Distante mais de mil quilômetros da capital Cuiabá, sem retorno efetivo dos dízimos para lá enviados surgiram revoluções separatista em 1892 – 1899 – 1906 pretendendo a emancipação política deste sul do então MT. O êxito pretendido não foi alcançado. Em 1932, quando a exportação de erva-mate arrecadava altos rendimentos para o governo estadual e a pecuária extensiva consolidava ainda mais esses lucros, grandes proprietários rurais fazendeiros de gado em Campo Grande, Maracaju e Campos de Vacaria, iniciaram uma Revolução Civil para criar o Estado de Maracaju ou Estado de Campo Grande. Chegaram inclusive a organizar um governo provisório. Outra Revolução fracassada.

Nosso Sul Maravilha embora descontente com a pouca atenção cuiabana, progredia muito bem com a alta cotação da erva mate exportada e até então monopólio da Companhia Mate Larangeira (com G mesmo). Nessa ocasião criavam-se outras Empresas exportadoras de Mate e cada vez mais os ervateiros particulares tornavam-se independentes. A erva mate passou a ser conhecida como Ouro Verde. Surgiu o estadista, Presidente e ditador nacionalista Getulio Vargas que com o Governo Federal voltado para nossa Região acabou com o sonho daqueles grandes feudos em se locupletarem com nossos Impostos. Com a política de Getulio criaram-se as Cooperativas e a Federação das Cooperativas dos Produtores de Mate Amambay Ltda. , vivendo uma Era de grande desenvolvimento, inclusive sendo libertados de Cuiabá com a criação em 1943 do Território Federal de Ponta Porã, um Estado independente. Com a eleição e posse do cuiabano Marechal Dutra na Presidência da Republica em 1946, no ano seguinte ele extingue o Território e nossos Impostos retornaram aos cofres de Cuiabá. Eis que Vargas retorna à Presidência e com sua visão futurista nos brinda com o Ramal Ferroviário da Noroeste do Brasil desde Bauru até Ponta Porã, abrindo o comercio com São Paulo e inaugurando uma nova Era regional. O trágico suicídio desse grande líder em agosto de 1954 nos legou governantes neo-socialistas de tendência comunista, que não levou o Brasil para uma Guerra Civil por rápida ação patriótica do Congresso que convocou institucionalmente as Forças Armadas para apaziguar a Nação. Seguiram-se cinco Presidentes Generais que construíram um novo Brasil, e com uma nova Marcha para o Oeste dotaram nossa Região com infraestrutura que permitiu em 1969/70 novamente aos rio-grandenses promoverem a “Segunda Colonização Gaucha” como eu denomino aquele episódio do qual fui ativo participante, introduzindo a agricultura mecanizada formadora do atual agronegócio.

O sucesso financeiro do agronegócio condicionou já em 11 de outubro de 1977 a assinatura da divisão do MT e a Criação do Estado de Mato Grosso do Sul, assinada pelo Presidente Ernesto Geisel. E que começou a existir no dia primeiro de janeiro de 1979 com a nomeação e posse do Interventor Harry Amorim, que sem capacidade política/administrativa foi exonerado após cinco meses e onze dias. Foi nomeado em seu lugar o Marcelo Miranda Soares que permaneceu Interventor por um ano e cinco meses sendo substituído por Pedro Pedrossian que completou os restantes dois anos e três meses daquele primeiro mandato inicial do nosso mal criado MS.

O autor é Produtor Rural em Amambaí – 80 Anos.

Ramão Ney Magalhães

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