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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Sim, eu tenho tatuagem, com muito orgulho!

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30/11/2015 07h41 – Atualizado em 30/11/2015 07h41

Crônicas de uma Alma Solta

Eu ainda acredito!

Por Luiz Peixoto

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
(Chico Buarque)

Fiz minha primeira tatuagem em 1996, quando mudei para Cuiabá. Foi a realização de um desejo acumulado há muito tempo. Não fiz por rebeldia, por modismo ou por me deixar influenciar por ídolos, fiz por opção, gosto e vontade. Em um tempo que ainda se olhava com olhos desconfiados para quem se tatuava, eu me arrisquei. E nunca mais parei. Já são seis, e virão outras.

Volta e meia alguém me questiona sobre como posso ser professor e ser tatuado. Nunca entendi bem essa pergunta. A tinta na minha pele, ou a cor dela, ou a cor do cabelo, dos olhos, entre outras cosias, não afeta em nada minha competência ou meu profissionalismo.

Quando me perguntam o que significam minhas tatuagens, fico sem saber bem o que responder. Cada uma tem um simbolismo para mim e um significado no desenho. Mas isso não importa aos outros, afinal eu as fiz para mim. Mas como estou em uma fase de ser educado, explico que os ideogramas são um lema “o respeito mantém a paz, se não manter a força o faz”; que a número tem a ver com “a data de fabricação do produto”; que o maori é renascimento… mas a vontade é dizer mesmo que significam nada, são apensas arte!

Tatuagens são como cicatrizes. Tem uma frase da Rita Lee que me representa: “Adoro cicatrizes, tattoos da vida. Me fazem lembrar que eu fui mais forte do que aquilo que me feriu!”. Em uma semana de notícias conturbadas, optei por falar de coisa que gosto, de coisa que me define como pessoa e como cidadão.

Carrego com orgulho as cicatrizes, na pele e na alma. Me arranhou a alma essa semana a notícia que a Câmara Municipal de Amambai vai oferecer o título de cidadã amambaiense a uma certa deputada do cone sul. Afinal nossa cidade tem uma população indígena considerada e essa senhora é acusada de atacar as comunidades indígenas a partir do parlamento. Não entendo, nem aceito esse título. Mas não tenho espaço para me manifestar sobre isso na câmara, não sou parlamentar, sou só mais um a lamentar essa situação estapafúrdia.

Mais uma cicatriz. Por questionar isso fui chamado de alienado, vagabundo, invejoso, maconheiro de cérebro cozido, para ficar nas palavras que podem ser publicadas. Não me ofendem, não sou saci para usar carapuça. Achei bastante peculiar um direitista usar a terminologia marxista de alienação tentando em ofender, apenas dei risadas. Estou aprendendo que existem disputas que não valem a pena. Sobre ser vagabundo, nem preciso dizer nada, afinal ainda sou eu que pago minhas contas. Inveja? Até pode ser. Quando vejo aqueles caras que tem coragem e ânimos para ir à academia e manter o corpo em dia, me dá uma inveja sim. Aprendi que uns acham que maconha cozinha o cérebro (nunca li isso em nenhum tratado científico), mas quem sou eu para questionar, afinal não entendo desse assunto.

Mas que fique claro, no dia da referida “homenagem” a deputada, estarei na câmara, empunhando um cartaz: “Essa ai não merece ser cidadã de Amambai”.

Talvez saia de lá com mais uma tatuagem! Talvez…

Luiz Peixoto é Filósofo, pós-graduado em Pedagogia da Alternância. Amambaiense. Professor e Educador

Sim, eu tenho tatuagem, com muito orgulho!

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