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sexta-feira, 29 de março de 2024

Sobre ter irmã e ficar velho!

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31/08/2015 07h04 – Atualizado em 31/08/2015 07h04

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

“Diz-se que o homem vale pelo que sabe,
mas vale mais aquele que sabe
como dizer aquilo que sabe.”
(Edmundo de Amicis)

Sempre achei muito interessante esse negócio de ter uma irmã. Se pensar bem, irmã é um outro, vindo da mesma fonte que você, com os mesmos costumes, valores e criação, e que não é você. Que geralmente é muito diferente de você. Não sei como seria se fossemos em mais, mas sempre fomos só dois (e honestamente não quero mais ninguém nessa história).

Somos dois muito diferentes, e ao mesmo tempo iguais em muitas coisas.

Sempre fomos iguais na paixão por livros, tanto que ela seguiu a área da Língua Portuguesa e eu da Filosofia. Lemos desde muito cedo e sempre indicamos livros um para o outro. Somos iguais no desejo de ouvir música, ainda que os gostos musicais nem sempre sejam os mesmo, mas sempre houve música em nossa vida. Somos iguais na opção profissional, dois educadores, cada um seguindo um caminho diferente, mas se reencontrando na missão de contribuir para que as pessoas possam ir aprendendo e vivendo o conhecimento.

As diferenças também se fizeram presentes. Ela é emotiva, ligada a família, amorosa. Eu, mais frio, mais distante, sempre introvertido. Ela construiu estabilidade, emprego fixo, casamento, maternidade (avonerdade existe?). Eu fui viver aventuras, andar o mundo, saber e saborear as coisas. Ela é uma mulher de fé, eu nem tanto.

Talvez sejam essas diferenças e igualdades que nos tornaram o que somos. Irmãos! Nem todo irmão é amigo. Por muitos anos, não fomos. Mas a maturidade nos levou a construir um relacionamento baseado na aceitação do outro como outro, na alteridade e na escolha que somos nós, e só nós, a família que ficará.

Minha irmã é guerreira. Muito mais que eu. Passou e passa por cada barra que desmontaria muita gente. Claro que tem seus momentos de fraquezas, afinal é humana. Mas nunca cedeu, nunca cederá. E sabe que, por mais que discordemos em muitos pontos, estaremos juntos. Sendo o que a vida nos fez ser: Irmãos e Amigos!

Minha irmã está de aniversário. Sempre que o dela chega me dá a sensação que eu estou ficando mais idoso também. Afinal faltam 16 dias para o meu aniversário. Amadurecer é uma tarefa difícil. Envelhecer é opcional, ter mais idade, ficar idoso é obrigatório.

Tem gente que envelhece rápido. Não gosto de gente velha. Idoso o é quem tem muita idade; velho é quem perdeu a jovialidade. A idade causa degeneração das células; a velhice, a degeneração do espírito. Você é idoso quando se pergunta se vale a pena; Você é velho quando, sem pensar, responde que não. O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina, pois, enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e ilumina a esperança, o velho tem sua miopia voltada para as sombras do passado. O idoso tem planos; o velho tem saudades.

Como diz Mario Sérgio Cortella: “Idoso é quem tem bastante idade, velho é o que acha que já sabe, que já está pronto. Velho é arrogante. Idosa é uma pessoa de sessenta anos, sessenta e cinco, setenta; velho você pode ser aos quinze anos de idade, aos vinte, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta”, explicou. Velho não tem humildade, não aprende; perece, porque é incapaz de acompanhar a mudança”

Tenho muito orgulho de saber que minha irmã não fica velha! Renova-se todo agosto! Ao gosto da vida, ao gosto de Deus. Buscando sempre novos saberes, tecendo novos planos… Me preocupo com o tanto de jovens que estão envelhecendo, sem ler, ser gozar a vida, sem dispor-se a viver. Eu tento não envelhecer, nem sempre consigo! Mas sigo tentando, me inspirando em minha irmã!

Desejo sempre continuar insatisfeito, continuar buscando vida, afinal “a satisfação paralisa, amortece, faz com que a gente se acomode. Guimarães Rosa diz isso num dos seus momentos mais geniais: o animal satisfeito dorme” (Mario Sérgio Cortella)

Luiz Peixoto é Filósofo por formação (UCDB). Cidadão Amambaiense por nascimento. Professor por opção. Educador por princípio e pensador…. por necessidade. Cultiva plantas… ama dar aula…e ainda acredita na vida e nas pessoas e segue sonhando um mundo mais justo e mais igual.

Sobre ter irmã e ficar velho!

Luiz Peixoto

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