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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Dismorfobia: o que é o problema que faz jornalista Daiana Garbin odiar seu corpo

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01/05/2016 09h30 – Atualizado em 01/05/2016 09h30

Fonte: Bolsa de Mulher

A jornalista Daiana Garbin, esposa do apresentador Tiago Leifert, surpreendeu muita gente ao divulgar o primeiro vídeo do seu canal no YouTube, “Eu Vejo”. A proposta de Daiana é falar sobre distúrbios psicológicos que fazem com que as pessoas odeiem seus corpos. É o caso dela.

“Desde os meus cinco anos, eu odeio o meu corpo. Eu me olho no espelho todos os dias, me sinto gorda, queria ser magra, já fiz as maiores loucuras para emagrecer, porque alguém enfiou na nossa cabeça de que para ser bonita e feliz é preciso ser magra. Isso é uma coisa que me persegue e sei que não estou sozinha. Isso é terrível, uma tortura, um sofrimento e, muitas vezes, a gente não fala para ninguém, por vergonha”, contou. Transtorno da imagem distorcida

Daiana explicou que sofre de síndrome da distorção da imagem, também chamada de dismorfobia ou transtorno dismórfico corporal. A psicóloga Flávia Freitas, do Rio de Janeiro, explica que esse é um transtorno psicológico caracterizado pela preocupação obsessiva com algum defeito corporal (existente ou não). “A opinião do portador a respeito de sua própria aparência é totalmente diferente da opinião geral das pessoas. É uma discrepância entre aquilo que a pessoa acredita ser (em termos de imagem corporal) e aquilo que realmente é”, diz.

Segundo a profissional, a doença, de acordo com especialistas, é mais comum nos adolescentes, de ambos os sexos, sendo relacionada com as transformações ocorridas na puberdade. Mas ela ocorre também em adultos e, nessa população, as mulheres são mais acometidas que os homens. No geral, os pacientes sofrem em torno de 10 a 15 anos com o transtorno antes de procurar ajuda médica. Insatisfação com o corpo é normal?

É importante esclarecer, no entanto, que nem sempre a insatisfação com o corpo significa que a pessoa tem algum transtorno. “A sociedade atual, com a sua valorização e culto à magreza, fazendo da obesidade uma condição altamente estigmatizada e rejeitada, tem levado a maioria das pessoas à busca frenética do ‘corpo ideal’. Nas redes sociais é comum ver pessoas que possuem alto poder de influência, devido ao grande número de seguidores, fazendo publicações de corpos sarados ou cada vez mais magros, na maioria das vezes por publicidade, e nem sempre divulgam ou defendem a forma saudável de se alcançar esse objetivo. A mídia e as redes sociais influenciam na maneira como pessoas se alimentam e na aceitação de sua forma física”, diz.

Ela explica ainda que é comum que mulheres não gostem 100% de seus corpos, e, atualmente, esse fervor pela magreza e temor à obesidade pode, de modo geral, criar distorções e insatisfações seguidas de comportamentos que proporcionam maiores riscos ao desenvolvimento de transtornos, sobretudo os alimentares. “Percebe-se que o mundo social claramente discrimina os indivíduos não atraentes, numa série de situações cotidianas importantes. As que são julgadas como atraentes pelos padrões vigentes parecem receber mais suporte, aceitação e encorajamento da maioria das pessoas. Já as tidas como não atraentes estão mais sujeitas à rejeição ou não aceitação da maioria”, afirma.

Distúrbios alimentares

Esses transtornos de imagem podem levar também ao surgimento de distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia. Isso não significa dizer que a pessoa tem ou desenvolverá um transtorno alimentar, mas é preciso ficar atento, pois, atualmente, a forma mais frequente de transtorno dismórfico é referente ao peso corporal. “As pessoas com peso adequado para sua altura e faixa etária tendem a considerar-se acima do peso e se submetem a regimes inadequados, procedimentos cirúrgicos, fazem tratamentos estéticos de maneira doentia e usam roupas às vezes desconfortáveis, mas que escondam o corpo”, diz. Como identificar o problema

O diagnóstico é difícil porque grande parte dos pacientes não aceita ser portadora da dismorfobia, a maioria deles justifica-se como sendo vaidade e acha a condição positiva, já que estaria “cuidando da sua aparência”. Além disso, a crítica vinda das pessoas que, muitas vezes, não entendem o problema e julgam como sendo uma futilidade, também dificulta, pois inibe os pacientes a falarem a respeito.

Daiana disse que por muito tempo ela mesma duvidou que fosse algo sério. “Pensei que eu era fútil, que era coisa de adolescente e que ia passar. Mas não passou. Já tenho 34 anos. Já tomei vários remédios para emagrecer, já tentei ser anoréxica, já fiz lipoaspiração três vezes e continuo me achando gorda. Continua sendo uma batalha todos os dias colocar uma roupa e sair de casa. Vocês quase sempre vão me ver de preto, nunca vão me ver de braço de fora. Parece engraçado para quem olha de fora, mas ninguém entende o tamanho do sofrimento. Eu sei como é não conseguir sair de casa de manhã para trabalhar porque você está se sentindo gorda e feia, com medo do que as pessoas vão pensar ao te ver”, disse.

É por isso que a família e os amigos devem estar atentos a alguns sinais que podem ajudar a identificar. “As pessoas com transtorno dismórfico corporal normalmente demoram muito em atividades como verificar sua aparência num espelho, apalpar sua pele com os dedos, pentear e ajeitar os cabelos, cuidar de sua pele, comparar-se com os modelos em revistas, entre outras. Também é comum prestar exagerada importância a marcas mínimas e praticamente imperceptíveis, sentidas como ‘deformantes’, achando que são observadas e criticadas por todos, o que não é verdade. Tudo isso leva os portadores desse transtorno a se sentirem excluídos, angustiados, perseguidos, e chegarem a ter a vida social prejudicada ao evitar lugares públicos, reuniões com amigos ou até mesmo sair de casa”, afirma a psicóloga.

O ideal é que a pessoa procure ajuda de um psicólogo. “Existem testes na terapia cognitiva comportamental e em outras linhas que avaliam o grau de dismorfia do paciente, o que ajuda a chegar a um diagnóstico preciso e identificar se trata-se apenas de vaidade ou do transtorno”, explica. Causas e tratamentos

A psicóloga explica que as causas do transtorno de distorção da imagem ainda não são totalmente esclarecidas. Alguns autores acreditam que ele pode ser gerado por baixa autoestima, decorrente de uma infância deficiente de carinho e de aprovação. Outros acrescentam que pode ser desencadeado também por causas orgânicas, agravado pela grande exibição de figuras humanas padronizadas pelos meios de comunicação e, ainda, por sentimentos de abandono.

No caso da comprovação de algum transtorno do tipo, a pessoa deve se tratar com medicamentos prescritos por um médico para controlar os sentimentos depressivos, além de acompanhamento psicológico, que funciona como a principal arma. “O objetivo da psicoterapia nesse caso é fazer com que o paciente se conscientize de que a aparência não deve ser o foco da vida e que pequenos ‘defeitos’ não precisam ser levados tão a sério. O mais importante é a essência, o que ele traz por dentro e não por fora”, finaliza.

Assista ao depoimento comovente de Daiana Garbin:


Dismorfobia: o que é o problema que faz jornalista Daiana Garbin odiar seu corpo


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