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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Governo de São Paulo operacionaliza um grande improviso na gestão da água

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24/11/2014 11h04 – Atualizado em 24/11/2014 11h04

Governo de São Paulo operacionaliza um grande improviso na gestão da água, diz especialista

Fonte: Brasil de Fato

Sem dúvida 2014 é um ano que não sairá da memória dos paulistas tão cedo. Notícias quase diárias dão conta que a água do reservatório da Cantareira está em vias de acabar. Em campanha, o governador Geraldo Alckmin não deu o braço a torcer e garantiu que não iria faltar água. Mas a realidade se mostra diferente.

Em um áudio de uma reunião da Sabesp que vazou na imprensa, a presidenta da companhia Dilma Pena declarou que uma “orientação superior” impediu alerta maior sobre a crise da água em todo o estado. Para o mestre em gestão Pública Sergio Reis, a superação da crise em São Paulo passaria por um “controle absolutamente rigoroso da oferta”.

“As condições reais e materiais estão dadas: é preciso diminuir, até acabar, com o déficit entre as vazões de entrada e saída. Se isso não ocorrer, haverá um drástico desabastecimento. Em gestão de crises, nem sempre é possível tomar decisões que venham a contornar repercussões negativas. Por vezes, o melhor a se fazer é adotar ações que mitiguem o problema. A alternativa de curto prazo ao controle da oferta é esperar que as chuvas cheguem. E elas podem não chegar, ou não surtir o efeito esperado”, explicou.

A recuperação do Cantareira

Desde o final de outubro, a Sabesp está utilizando a segunda cota do volume morto do sistema Cantareira. Para isso, teve que pedir autorização para o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e para a Agência Nacional das Águas (ANA). Mesmo com a utilização dessa parcela, os reservatórios do sistema estão em 10%.

O nível de chuvas esperado para o mês de novembro no estado de São Paulo é de 161,2 milímetros e, até o último dia 19, já havia chovido 90,2 mm. Mesmo assim, já são mais de 200 dias consecutivos de constantes quedas nas represas que fazem parte do sistema Cantareira.

Para Sérgio, as condições para a recuperação do sistema são muito complicadas, já que a área de solo nu exposto é bastante expressiva. Ou seja, precisaria chover regularmente e nos lugares corretos para começar a ter uma recuperação constante nos níveis.

“A utilização do volume morto deveria ter sido uma das últimas soluções adotadas pelo governo e Sabesp. Agora, mesmo que chova a média do verão, poderemos chegar em Abril de 2015 com uma situação ainda muito pior do que a que existia em 2014. É perfeitamente possível, por exemplo, que sequer o nível da primeira cota do volume morto seja recuperado”, explicou.

Riscos de toda ordem cercam a exploração irresponsável do volume morto do reservatório: desde o ambiental, com a destruição dos mananciais e alteração do solo, até o operacional, que pode deixar ainda mais caro o processo de deixar a água com a qualidade mínima necessária.

Sergio critica a postura dos agentes públicos nesse episódio em que ele argumenta que contém muito pouco do que pode ser chamado de planejamento adequado voltado para a gestão de riscos. “Observamos a operacionalização de um grande improviso.”

O cidadão como mero cliente

Muitos bairros da periferia da capital e cidades do interior do estado, ao contrário do que prega o governador, já sofrem com a falta de água diária há alguns meses. Principalmente no período da noite, várias casas têm seu abastecimento cortado até a manhã do dia seguinte. A Sabesp levou à TV uma campanha dizendo que o cidadão que economizasse mais água ganharia um desconto em sua conta. Mas, para Sergio, essa conscientização não vai acontecer de uma hora para a outra.

“É preciso que diferentes estímulos sejam realizados ao longo de um período expressivo de tempo para que haja alterações sensíveis nos níveis de consumo, de forma a se tornarem sustentáveis. O próprio governo não dá o exemplo quando mantém níveis de perda de água de mais de 30%,de acordo com diferentes institutos”, criticou.

A falta de transparência com a população também pode cobrar um preço muito alto no futuro. Sérgio explica que inúmeras atitudes que o governo Alckmin está tomando podem gerar impactos decisivos para a população como a negação do direito a água.

“Nesse modelo o cidadão é, na melhor das hipóteses, mero cliente, cabendo a ele apenas se comportar como um agente microeconômico voltado a poupar recursos para obter módicas vantagens financeiras”, conclui.

Governo de São Paulo operacionaliza um grande improviso na gestão da água

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