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sexta-feira, 29 de março de 2024

Dilma diplomada: o que esperar do novo mandato

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20/12/2014 10h08 – Atualizado em 20/12/2014 10h08

Dilma diplomada: o que esperar do novo mandato

Fonte: Brasil 247

Coloque-se, ao menos neste momento, no lugar da presidente da República. De 27 de outubro, data em que ela venceu as eleições, até o final da tarde da quarta-feira 18, Dilma Rousseff ainda não havia sido diplomada. Era mesmo possível agir com liberdade plena, fazer escolhas e arregimentar adversários em proporção maior do que somar amigos na definição de um novo Ministério? Dava mesmo para enfiar a mão na cumbuca em que se transformou a Petrobras sem ter, antes, garantias formais de cumprimentos da Constituição em relação à posse subsequente à vitória? Havia, convenhamos, condições de ela assumir posições polêmicas diante dos brados de impedimento lançados a todo o momento, pela oposição, contra a investidura no cargo mais alto do País?

Não era, definitivamente, a hora de ser ousada. Dilma viveu, da posse até a diplomação, um período de confiança pessoal nas instituições e na sustentabilidade da democracia brasileira, mas entre seus auxiliares e amigos é também verdade que houve dúvidas. Como nenhum outro presidente desde a redemocratização, ela assistiu até mesmo a ensaios públicos de pedidos de volta dos militares ao poder. E, igualmente como nenhum outro desde então, enfrentou na tentativa de tomada da avenida Paulista, no coração econômico do País, em São Paulo, uma marcha, ainda que sem grande público, pela volta de seus algozes de prisão e tortura ao poder. E se a moda pegasse?

Ex-guerrilheira e adversária figadal da volta ao passado, a presidente precisou usar toda a sua paciência que, sabe-se, não é tanta assim, para esperar a acomodação natural da situação de fato em situação de direito. Só após as 19h00 da quinta-feira 18, no plenário do TSE, em Brasília, Dilma Rousseff se transformou de presidente reeleita em presidente diplomada do País. É a partir de agora, portanto, que o jogo dela começa a ser jogado.

O que esperar? – No cenário macro internacional, as condições não são nada favoráveis. Há um agravamento da crise internacional em curso, até mesmo com os fatores de instabilidade verificados na grande crise de 1999, com Rússia, mais agudamente, e China, de maneira mais discreta, amarrando fortemente o crescimento do bloco emergente no qual se inclui o Brasil. Nesse contexto, os espaços de manobra da economia brasileira não são, por assim dizer, os mais amplos. Na verdade, são bem estreitos. Questões sobre para onde exportar e, sobretudo, o que vender para o exterior de forma a fazer dinheiro por aqui – um país exportador de commodities que, neste momento, estão com o valor em baixa pesada no mercado estrangeiro – não encontram respostas corretas que sejam positivas. Não há, igualmente, investidores dispostos a aportar recursos por aqui, em razão da taxa praticamente zero de crescimento do PIB brasileiro em 2014 e da atração renovada, pelo reaquecimento, da maior e mais dinâmica economia do planeta, a dos EUA. Por que um ‘gringo’ jogaria dinheiro aqui que, com mais segurança de retorno, ele pode investir por lá?

No front interno, a economia nacional tem o desafio, lançado pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de fazer um superávit fiscal de 1,2% do PIB, no próximo ano. Enquanto porcentual, parece fácil. Como dinheiro efetivo é um assombro: nada menos que R$ 50 bilhões, a julgar pelo PIB de 2013, que chegou á casa dos R$ 4,8 bilhões. A moldura, já se sabe, será recessiva. Na semana que passou, cinco setores importantes da economia – têxtil, calçadista, automotivo, construção civil e máquinas e tratores – tinham empresas concedendo férias coletivas. A siderúrgica Gerdau parou temporariamente a produção de aço em cinco de suas unidades no País.

A missão, para a presidente reeleita, é enfrentar a crise que já se vê preservando empregos e conquistas sociais. Nada simples. Para tanto, Dilma está usando uma característica que até então não era dominante em seu modo de agir. Ela vai trabalhando com o tempo e a parcimônia, arquivando a pressa e a precipitação. Dilma, nitidamente, está primeiro olhando o quadro, para depois verificar seus detalhes e, só então, estudar como agir. Neste sentido, o que pode parecer lentidão e timidez também pode ser visto como calma e prudência da parte dela.

Precaução com o novo ministério – Uma crítica pesada é sobre por que, afinal, entre tantos ministérios que ela tem à disposição, Dilma ainda não escolheu seu time para o quadriênio 2015-2018? Além da questão superada da falta de diplomação ainda há, e por um longo tempo pela frente, o imbróglio criado pela operação Lava Jato. Simplesmente não se sabe, com tantos delatores premiados apontando seus indicadores, quais serão os políticos atingidos pelos que agora são protegidos pela Justiça. Surgiu, na mesma data da diplomação, uma lista de 28 nomes, que inclui diferentes políticos do PT de Dilma e de outros partidos. Mas esse tiro foi dado apenas pela espingarda do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O que será quando vazar para a mídia os nomes ‘dados’ pelo doleiro Alberto Yousseff? Ou pelo lobista Fernando Baiano?

Jogando ao sabor da manchetes, atendendo o sentido de urgência dos colunistas, a presidente Dilma já teria, de muito, definido seu futuro time – e entre esses craques dificilmente não haveria aqueles que seria abatidos antes mesmo de entrar em campo, em razão das denúncias que já vieram e ainda virão.

Ao contrário, Dilma atuou para atender o principal. Nomeou, sem empossar, o núcleo duro da área econômica, formado pelos futuros ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Joaquim Barbosa, além do reconduzido presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. E mais não fez. No caso, o não fazer é o fazer. Assim como manter, até a sexta-feira 19, Graça Foster em seu cargo de presidente da Petrobras não impediu que os papéis da companhia, após baixa histórica, se valorizassem, igualmente foi um acerto manter-se fechada em copas os nomes do novo ministério. O compromisso de Dilma, está claro por esse ‘timing’, é com o dia 1º de janeiro e os próximos quatro anos. Ela conseguiu, ao contrário do que apontava o senso comum, preservar, debaixo de forte tempestade, o seu futuro governo. Como ainda ainda não é conhecido, necessariamente será novo. Sem se abaixar diante do barulho dos trovões, mas tendo a perspicácia de buscar saber de onde os estrondos vieram, a presidente acertou. Seu segundo governo, mesmo em meio a toda a grita da oposição, irá começar imaculado.

O que se pode esperar, portanto, está na linha do que a presidente prometeu em campanha: Dilma será mais Dilma. Uma presidente que não se permitirá pautar por manchetes, que irá acertar e errar, como é do cargo, mas não por impulso ou para dar satisfações a setores escolhidos. Ela já demonstra que vai agir pela sua própria cabeça, com um núcleo de assessores pouco numeroso, composto, em primeiro lugar, pelo chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante. O ex-presidente Lula, ainda que parte das fofocas sobre distanciamento entre eles tenha fundo de verdade, será sim um dos principais conselheiros. Fosse de outra maneira, não estaria sendo cogitado, neste momento, o nome de Rodolfo Landim para presidir a Petrobras – o mesmo nome que Lula cogitou para o cargo em sua primeira gestão.

Dilma, de janeiro para diante, vai agir mais de per si do que pelos outros. E isso, num País conturbado por uma oposição mais radicalizada e um partido governista enfraquecido por denúncias de corrupção, não é ruim. Ao contrário. A presidente está demostrando, ao agir e, especialmente, esparar para agir, que quer ser uma referencia de calma e tranquilidade para o próximo perídos, cujas projeções convergem para ser de agitação política, incerteza política e virulência verbal.

Se ela está certa? Tome-se a primeira pesquisa de popularidade feita após a posse, pelo Ibope, e se verá que sim. Com aprovação de 52% do público, Dilma segue ganhando. No próximo dia 1º, está garantido, ela tomará posse pela segunda vez.

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