25/05/2016 08h50 – Atualizado em 25/05/2016 08h50
Dia do Trabalhador Rural: não tem muito o que comemorar, afirma o presidente do Sindicato Rural de Amambai
Genésio diz que falta apoio para o desenvolvimento da agricultura de subsistência
Fonte: Da Redação
Amambai (MS)- Responsável por produzir cerca de 70% do alimento que vai até a mesa dos brasileiros, o trabalhador rural é o profissional homenageado desta quarta-feira (25), data em que é celebrado o Dia do Trabalhador Rural.
A data foi instituída no ano de 1964, um ano após a morte do deputado federal Fernando Ferrari, um dos políticos mais engajados na luta dos trabalhadores rurais por seus direitos e questões sociais. Sua morte se transformou em uma data símbolo para os profissionais da categoria.
O profissional em Amambai
Amambai possui inúmeros trabalhadores rurais, que trabalham dia após dia, mesmo em situações adversas, em busca de trazer o melhor alimento para a cidade.
No município, essa classe trabalhadora é representada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, o qual é presidido por Genésio Barbosa da Silva.
Genésio trabalha no campo há cerca de 50 anos e diz ter muito orgulho da profissão da qual sempre tirou seu sustento. “Comecei a trabalhar no campo aos sete anos de idade, ajudando minha mãe e hoje tenho 57; então é uma vida que tenho dedicado a essa atividade e sou muito feliz com ela”, afirma Genésio, que preside o Sindicato dos Trabalhadores Rurais há 15 anos.
O presidente do sindicato afirma que apesar do dia ser de comemoração, o trabalhador rural não só de Amambai, mas de todo Brasil não possui tantos motivos a comemorar.
“Para falar a verdade, apesar de ser um dia de comemoração, nós não temos muito o que comemorar, porque os benefícios em prol ao trabalhador rural são mínimos, nós deveríamos ser mais respeitados pelos políticos e entidades de classe pelo valor que nós temos, afinal nós trabalhamos debaixo de sol e chuva, em meio a cobras e insetos em defesa da grandeza do Brasil e ainda não temos o reconhecimento merecido; (…) ao invés de comemorar, o trabalhador rural deve se ajoelhar e pedir a Deus proteção, porque do jeito que está, as coisas vão piorar para nós”, disse Genésio.
Nos cerca de 50 anos na atividade, Genésio conta que já pensou em passar a trabalhar na cidade, porém decidiu continuar no trabalho rural porque é uma coisa que ele gosta de fazer. “Eu já pensei em passar a trabalhar na cidade porque a situação do trabalhador rural é muito difícil, mas como eu tenho pouco estudo e gosto de mexer com terra, eu decidi continuar”, conta o trabalhador.
Segundo ele, o que mais lhe agrada em sua profissão é saber a procedência dos alimentos ingeridos por sua família, dos quais, grande parte são produzidos por ele mesmo em sua propriedade rural. “Se eu como um leitão, eu sei com que ele foi tratado e sei o que estou comendo, no caso de carne bovina, eu sei o que eu dei no confinamento, o mesmo acontece com o feijão, que eu sei que nem nenhum tipo de agrotóxico, então isso é o que eu mais gosto da minha profissão, eu tenho a certeza de uma alimentação saudável, essa é a minha maior riqueza”, comenta Genésio.
Já o que ele considera como dificuldade na atividade é a grande burocracia enfrentada pelos trabalhadores para conseguir empréstimos e financiamentos. “Além do descaso dos políticos, que é muito grande, o trabalhador enfrenta muita dificuldade nas instituições bancárias, porque são muitas as burocracias e isso é muito ruim para nós”, pontua Genésio.
O sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Amambai trabalha pelo homem do campo e pequeno produtor rural oferecendo subsídio para o desenvolvimento da agricultura familiar. Para tanto, procura sempre trazer para a comunidade trabalhadora rural do município ações que promovam melhores condições para os seus associados.
A entidade conta hoje com cerca de 300 associados, entre pequenos produtores, aposentados e assalariados rurais.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais fica localizado na rua Tamarino Pimentel, 1207, na vila Crepúsculo.
