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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Grãos facilitaram a ida para grandes altitudes

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24/11/2014 14h05 – Atualizado em 24/11/2014 14h05

Fonte: Aprosoja

A Agricultura é uma das atividades mais antigas da humanidade. Surgiu da necessidade de sobrevivência e evoluiu até ganhar contornos econômicos. No começo, foi preciso descobrir como plantar adequando-se a fatores externos, como o clima. Arqueólogos e historiadores têm se dedicado a desvendar os segredos desse antigo desafio. Seguindo essa linha, cientistas da China detalham, em um estudo publicado na edição de hoje da revista Science, como foi o período em que os homens começaram a cultivar em grandes altitudes, uma tarefa ainda mais difícil de ser executada. De acordo com os pesquisadores, a empreitada surgiu devido à necessidade de produção de alimentos durante os períodos de baixa temperatura.

Os cientistas iniciaram o estudo partindo da suspeita de que a expansão do período Neolítico – época histórica que marca o início da Agricultura – teria acontecido em uma temporada de frio. Durante escavações realizadas em 53 sítios arqueológicos do platô tibetano, o maior e o mais alto do mundo, eles encontraram evidências de Agricultura sustentada e habitação humana em regiões entre 2.500m e 3.400m acima do nível do mar. Escavações revelaram a existência de dentes de animais, ossos e restos de plantas nos locais. Com esse artefatos, estima-se que a população que vivia nessas altitudes elevadas conseguiu desenvolver atividades diversas de subsistência, como a criação de gado.

Os pesquisadores também ficaram impressionados com a grande quantidade de plantação de cevada. “Encontramos a distribuição tardia, mas superior, de cevada e trigo, o que nos levou a cavar mais fundo nessa investigação”, destaca ao Correio Dongju Zhang, um dos autores do estudo e integrante do Laboratório de Sistemas Ambientais da China Ocidental. “A cevada e o trigo podem crescer muito bem, mesmo em regiões mais elevadas que 3.400m de altitude.”

Segundo Dongju Zhang, eles acreditam que, quando a temperatura caiu, fez com que as pessoas introduzissem a cevada na Agricultura. O ambiente frio diminuiu os recursos alimentares e empurrou as comunidades para regiões mais altas, de baixa densidade populacional. O grão ajudou na fixação do novo “endereço”. “Ele desempenhou um papel muito importante na história de cultivar no chamado teto do mundo”, completa o pesquisador.

Estreia chinesa

Para Pedro Paulo Funari, professor do Departamento de História e do Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte, da Universidade de Campinas em São Paulo (Unicamp), com base no novo estudo, pode-se especular que a ocupação mais antiga provém da China atual. “Foram os antepassados dos chineses que chegaram primeiro a esse lugar, ainda que isso não esteja explicitado. Menciona-se apenas que a cultura Agrícola proveio da China atual, não necessariamente os habitantes”, destaca.

Funari também acredita que a cevada encontrada auxilia na formação de teorias sobre o início da Agricultura. “A adoção de cereais ocidentais representou um avanço tecnológico que permitiu um melhor domínio do lugar. Mas fica subentendido que a adoção de novidades ocidentais (os cereais) frutificou em bases mais antigas, provenientes da atual China. Seria, talvez, uma metáfora do que se passa no mundo hoje. A China é a mais antiga, mas a adoção de tecnologias ocidentais nesse solo original chinês pode frutificar e vencer desafios ecológicos extremos.”

Grãos facilitaram a ida para grandes altitudes

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