23/01/2017 15h45
Devido à baixa produtividade, sistema foca em valor agregado em detrimento à produção em escala
Fonte: Uagro
O consumo de produtos orgânicos registra curva ascendente no País, abrindo oportunidades de negócios não só no segmento de hortifrútis, mas também em outros setores, como, por exemplo, o de proteína animal. De acordo com José Carlos Ribeiro, especialista do setor pecuário da Boi Saúde – Pecuária Inteligente, a carne orgânica é um mercado promissor, mas a atividade no campo não é para todos os perfis de pecuaristas.
Segundo Ribeiro, um sistema de produção ancorado na pecuária orgânica não é adequado para produtores que visam maximizar a produção por unidade de área e produzir carne e leite em grande escala. “O perfil ideal para a produção orgânica é o do pecuarista que busca qualidade do plantel e tem como objetivo um mercado bastante criterioso e de alto valor agregado”, diz.
Na pecuária orgânica, a alimentação do gado é baseada em pastagem livre de insumos químicos, entre os quais fertilizantes e defensivos, assim como a ração não pode ser oriunda de grãos transgênicos. O especialista destaca que, geralmente, a carne orgânica é entre 20 a 30% mais cara se comparada a que foi produzida no sistema tradicional.
Entretanto, Ribeiro ressalta que o custo de produção na pecuária orgânica pode até ser ligeiramente menor, principalmente no tocante às despesas que envolvem medicamentos, manutenção das pastagens, ração e suplementação, embora possa variar de propriedade para propriedade. O especialista esclarece, por exemplo, que em caso de doenças, não se pode usar vermífugo, nem antibiótico no rebanho criado no sistema orgânico. “O pecuarista tem como opção adotar tratamentos homeopáticos ou fitoterápicos”, pontua, acrescentando que “as vacinações contra febre aftosa e brucelose são obrigatórias”.
Todavia, Ribeiro chama atenção para o fato de que a característica limitante da pecuária orgânica é a baixa produtividade, quando comparada aos sistemas tradicionais. “Esta questão torna inviável a implantação do sistema orgânico em regiões de alto custo da terra e de mão de obra”, frisa o especialista, ressalvando, porém, que a pecuária orgânica atende nichos de mercado que podem remunerar este aumento nos custos de produção. De acordo com Ribeiro, a terminação do boi no sistema de confinamento é permitida na pecuária orgânica somente 90 dias antes do abate.
