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sábado, 20 de abril de 2024

Guaranis Kaiowás de Amambai participam do 19º Festival de Bonito

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31/07/2018 23h50

Artesanato, dança e teatro integraram programação cultural do evento

Fonte: Redação

Amambai (MS) – Promover a arte, a cultura, o meio ambiente e a cidadania. Este é o foco principal do Festival de Inverno e Bonito, realizado anualmente no final do mês de julho. Neste ano, a programação da 19ª edição esteve concentrada de 26 a 29 de julho, mas também aconteceram eventos nos dias 22 e 25 do mesmo mês.

Teatro, música, artes plásticas, dança, instalações, artesanato, oficinas, seminários, cinema, esporte, trilhas, culinária e literatura foram as ferramentas utilizadas pelos artistas e promotores para democratizar as manifestações culturais. O Estado de Mato Grosso do Sul predominou nas autorias dos espetáculos, mas presente também estiveram outros, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Brasília.

Amambai também ocupou seu espaço no Festival com a participação de Guaranis Kaiowás da Aldeia Amambai. O potencial indígena do artesanato, da dança e do teatro foi promovido no evento.

Lúcia Pereira, 25 anos, graduada em Ciências Sociais pela Uems e mestranda em Antropologia Social na UFGD, foi uma das que integrou o grupo de artesãs da aldeia Amambai, junto com Lucila e Mônica Vera. Este é o segundo ano que o artesanato Guarani Kaiowá de Amambai é exposto e comercializado no Festival de Bonito na Tenda dos Saberes Indígenas. Segundo ela, cerca de 20 mulheres trabalham com artesanato na aldeia Amambai, com diferentes materiais.

Produção do artesanato como forma de resistência e visibilidade

Lúcia utiliza linhas, miçangas e sementes para criar seu artesanato desde 2013. Para ela, o artesanato representa a resistência de seu povo e a visibilidade das mulheres indígenas. “Porque antes as mulheres indígenas, sendo jovens ou tendo mais idade, elas eram apenas donas de casa. A minha militância é lugar de mulher é onde ela quiser. Na minha graduação, eu aprendi muito essa questão feminista, os movimentos.” Ela conta que foi nesta época, do estudo acadêmico, q ela começou a fazer artesanato.

A artesã avalia que a discussão sobre a valorização da mulher indígena dentro das aldeias está se fortalecendo, mesmo que ainda com alguma resistência dos homens. Entre as iniciativas governamentais e não governamentais q vêm de fora para dentro das áreas indígenas, ela cita o trabalho realizado pelos profissionais da Saúde vinculados a Sesai – Secretaria Especial de Assuntos Indígenas do Ministério da Saúde. Lúcia é otimista e afere resultados positivos nas ações sociais, culturais, e políticas, dentre outras, realizadas nas aldeias. “Muitos jovens que passaram pela escola pública estão em várias faculdades agora e pensam diferente dos seus pais. Eu vejo isso; porque meus pais, quando eu casei, eles não deixaram eu iam deixar que eu continuasse os estudos. Casou, pronto, é para ter filhos e cuidar da casa; mas eu quebrei a regra, primeiro porque eu continuei a estudar, segundo porque eu tinha um objetivo na minha vida, ser visibilizada, representar as mulheres (…).”

Da aldeia Amambai para o mundo

Grupo de Dança Arandu, sob a coordenação do professor e vereador Ismael Morel, estreou no Festival. Através de contato com a subsecretaria Indígena do governo estadual, que viabilizou a participação, além do transporte, cerca de 20 jovens apresentaram cinco danças. Ele conta que o grupo gosta muito de apresentar danças e cantos de boas-vindas, de recepção, entre essas, o Guaxiré, que pode ser celebrado em qualquer hora e em qualquer data.

Achei excelente esta oportunidade, fala Ismael. “Tomara que esta porta se abra sempre, não só para os Kaiowás, mas para todos os indígenas, para que a gente possa estar aí se inserindo e mostrando a riqueza da nossa cultura (…) acho que esta diversidade cultural é o legal do evento e a gente acaba mostrando o trabalho para todo mundo.”

O Projeto de Dança Arandu existe desde 2005, sempre com a renovação dos integrantes. “Minha intenção sempre foi que o jovem indígena se ponderasse, se superasse em todas as expectativas que ele tem em relação ao futuro. E eu acho que a arte ajuda muito nesta questão. Além de manter o tempo ocupado, deixado o ócio de lado, faz com que ele tenha perspectivas diferentes, afirmando principalmente a questão étnica, mas também o ser humano, se descobrindo através da arte para que possa estar enfrentando os desafios”, explica o professor de Educação Física.

Do sonho à realidade

Questionado sobre o que significa participar do Festival de Bonito, o coordenador do Grupo de Teatro Pa’ikuararendy, o professor Duadino Martines, graduado em Ciências Biológicas, diz que é viver um sonho. “Porque nós enquanto professor a gente sonha muito por esses alunos, trazer eles fora de Amambai e mostrar um pouco a cultura de Amambai, isto é um privilégio.” Eles apresentaram a peça A Fala da Terra, que fala sobre a cultura Guarani Kaiowá, a relação com a terra, os rituais – o canto, a dança, a reza, o batismo, a pintura – que é passado de geração em geração.

Atrizes do Grupo de Teatro Pa’ikuararendy.Foto: Moreira Produções

Guaranis Kaiowás de Amambai participam do 19º Festival de Bonito

As artesãs Lúcia e Lucila. Foto: Moreira Produções

Artesanato de diferentes etnias indígenas do MS foram expostos e comercializados em local próprio.Foto: Moreira Produções

E/D:  Silvana Dias de Souza de Albuquerque, da Subsecretaria de Políticas Públicas para a População Indígena, o professor e coordenador do Grupo de Dança Arandu, Ismael Morel, e alguns jovens integrantes da iniciativa.Foto: Moreira Produçoes

Encenação da peça A Fala da Terra pelo Grupo de Teatro Pa’ikuararendy.Foto: Moreira Produções

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