05/05/2019 09h30
Fonte: Diobelso Teodoro de Souza, 1.977/SP
Eu venho de tantas guerras, querida,
Travadas em trincheiras, atalhos…
De algumas saí cheio de vida
E de outras em frangalhos.
Querida, disputei muitos territórios,
Trago marcas visíveis nos versos:
Abafei desejos simplórios,
Sobrevivi em abrigos submersos.
Querida, o meu sangue fervilha
Próximo às curvas do seu olhar.
Eu autoexilei numa distante Ilha,
O que só fez a angústia aumentar.
Acontece que nasci para batalhas,
Preciso de conflitos e de solidão:
Meus versos mansos viram navalhas,
Pareço psicótico – eu sou Napoleão.
Querida, o seu olhar me desarma,
Eu ainda não tenho o seu amor.
O meu poema é a única arma
Nessa minha luta interior.
Mas a minha roupagem, já cansada,
Avança no tempo, agora sem pressa.
E na contramão dessa caminhada
Uma última batalha me interessa:
É pela conquista, seja de um pedaço,
Do território ocupado do seu coração.
Querida, eu não temo o fracasso,
É por isso que sou Napoleão.
Poema escrito em 1977, vencedor do Concurso Literário Interno do Curso Objetivo/TV Gazeta/Jornal Gazeta – Av. Paulista,900 – SP.
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Baseado nas aulas épicas do Prof. Heródoto, que dissecava a vida pessoal, ambições e a intimidade dos grandes personagens da História. Cada aula sua tinha uma assistência disputada de 150 alunos. É considerado um dos maiores jornalistas vivos do Brasil. Aos 76 anos, continua trabalhando nos telejornais e tem colunas semanais em alguns jornais de SP. Grande incentivador da Literatura e Cultura .
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Esse poema foi um “divisor-de-águas” na minha vida: aos 17 anos, fiquei entre aceitar o convite de trabalhar na Folha de SP e Jornal Gazeta, assessorando o mestre e iniciar carreira jornalística ou continuar como vestibulando para Medicina. Decidi pela segunda opção – sem arrependimento.
