24/10/2016 08h09
Crônicas de uma Alma Solta
Fonte: Redação
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
(Gonzaguinha)
Sou fruto do trabalho com a juventude. Primeiro na igreja, sendo por muito tempo parte da Pastoral da Juventude, onde firmei meus princípios, aprendi muita coisa de valores e ética, atuei em vários espaços em nome da articulação da juventude. Depois que deixei de ser jovem, e isso acontece com todo mundo aos 25 anos, parti para outras articulações. No tempo que trabalhei no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, contribui com a juventude de forma direta. Sempre trabalhei na formação e qualificação da juventude.
Aí me tornei professor. Meu público de atuação passou a ser a juventude, sempre. Me aproximei da experiência da Pedagogia da Alternância, com o trabalho na Escola Família Agrícola e depois na Rede Nacional das Escolas, com isso passei a conhecer melhor a realidade da juventude camponesa, da agricultura familiar. Confesso, com um pouco de soberba, que tenho muito orgulho dos jovens que foram meus alunos, dos nossos egressos. Vejo-os em vários postos de atuação, a maioria comprometida com a luta social e com a busca da sustentabilidade.
Desde sempre ouço pessoas mais velhas dizendo que “essa geração não quer nada com nada”, que “a juventude é volúvel”, e outras variações. Parece-me que muitos de nós, ao passarmos dos 40, esquecemos muito rápido de como éramos quando jovens.
Eu acredito na juventude, como força de esperança e de mudança, como base de resistência. No meu tempo de jovem participamos do “Fora Collor”, da onda das caras-pintadas. Hoje vejo a juventude ocupando escolas em defesa da democracia e de um país que priorize o social e não o capital especulativo.
Isso me dá esperança.
Isso em dá orgulho.
Isso em dá certeza que o futuro que construímos deu e dará certo, afinal são os jovens que resgatam sempre a gente da nossa passividade.
Por isso, todo meu apoio às ocupações das escolas, no Brasil todo. Que fique claro o recado aos poderosos: ou governam para o bem do povo, ou a juventude parará o Brasil.
Seguimos resistindo.
Seguimos acreditando.
Seguimos sonhando.
A força do poder não matará nossos sonhos.
O autor é filósofo e escreve semanalmente nesta coluna