04/07/2016 07h53
Crônicas de uma Alma Solta
Por Luiz Peixoto
Se você perguntar para uma pessoa se ela é preconceituosa, a resposta certamente será “Não, nunca! “.
Uma pessoa preconceituosa raramente admite seu preconceito. Mas ele é visto no dia a dia, na rua, nas escolas, nas igrejas, nos mercados…
Pensemos…
Quando vemos um indígena na rua, qual a reação da maioria das pessoas? Afastar-se. Se ele, ou ela, estiver bem vestida, normal, mas se estiver com roupa suja, a atitude mais padrão é fingir que não viu…
Quando vemos um negro, à noite, andando na calçada, em nossa direção, a reação mais comum é atravessar a rua, ou segurar a bolsa…
Quando vemos um casal gay ou lésbico se beijando na rua, as reações mais comuns são de cara feia. Mas quando um casal hétero se esfrega em via pública, por mais que as pessoas achem desconfortável, a resposta mais padrão é “vão procurar um motel! “.
Quando vamos conversar com um cadeirante, ou uma, geralmente ficamos de pé, forçando a pessoa a olhar para cima, forçar o pescoço. Custa dobrar o joelho e conversar com o mesmo, ou mesma, olho a olho?
Quando vemos um casal com diferença de idade visível, se for ele mais velho e ela “novinha”, sempre pensamos em golpe do baú, ou nem pensamos em nada, normal, ele é o garanhão. Mas se for uma mulher mais velha, a pergunta que vem, nem sempre à boca, às vezes só à mente, é “O que ele viu nela? “.
Quando vamos à festa junina (julina?) fazemos questão de vestir roupa rasgada, chapéu de palha desfiado, maquiagem mal feita e por ai vai. Como se na roça, entre caipiras, andassem assim.
Só pensando aqui. A frase que dá título à essa crônica é de uma campanha contra o preconceito de alguns anos atrás. A resposta é simples: Não guarde! Jogue fora! Ou, digo eu, use-o no dia a dia e aguente nossas reações!
Sigamos…
Luiz Peixoto – Filósofo. Escreve semanalmente nessa coluna
