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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Passada a eleição, à vida volta à normalidade

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03/10/2016 13h15

Crônicas de uma Alma Solta

Fonte: Redação

Desde que me entendo por gente, lá pelos anos de 1986, no auge dos 15 anos, comecei a me interessar por Política. De lá para cá sempre me envolvi em eleições. Não cometo o erro de confundir eleição com Política. Eleição é apenas o momento, importante, de escolher nossos representantes. Política é ação do dia a dia. Nesse sentido, sou sim um Político.

Nos tempos de campanha eleitoral, os nervos costumam se acirrar. Passada a eleição, com o resultado promulgado, iniciam-se os acertos para a condução do mandato. Adversários se tornam aliados, acordos são estabelecidos, cargos compartilhados. Esse é o jogo democrático do exercício do poder. Posso até não gostar muito do que vejo e ouço, mas sei como esse jogo funciona. Já o observo há um certo tempo.

Desde 1988, essa foi a primeira campanha eleitoral municipal que vivi em Amambai, visto que fiquei fora daqui de 1989 até 2014. Sou do tempo que para estudar além do ensino médio (2º grau na época), tínhamos que ir embora.

Confesso que gostei da campanha.

Vi candidatos abertos, conversando com a população, ouvindo, falando, sendo cobrados.

Vi muita gente se posicionando criticamente.

Claro que também vi manipulação de opiniões, gente que ainda se vende sem entender a dimensão que isso tem.

Em relação ao resultado, fiquei pensando em algumas coisinhas:

  1. Defendo que, sempre que houver mais de dois candidatos, as eleições majoritárias, deveriam ser definidas em segundo turno, afinal o prefeito eleito no último domingo tem um total de 7.221 votos, ou seja, 40,11% dos votos válidos. Isso é o mesmo que dizer que 59,89% dos votantes não optaram por ele como prefeito. Mas não sou eu que faço as regras eleitorais, e no jogo da democracia, regras se cumprem. Apenas em Brasília que as coisas são diferentes.

  2. Acredito que a alternância de poder seja sempre salutar para a democracia. Um mesmo grupo no poder por muito tempo perpetua os vícios e as virtudes. Nessa eleição assume um nome novo, mas ainda cercado dos mesmos apoiadores dos últimos mandatos. Espero que o prefeito eleito assuma com independência, ou não haverá alternância de poder.

  3. A renovação do poder legislativo é sempre salutar. Não é democrático perpetuar na câmara as mesmas figuras. Neste pleito 5 dos 13 vereadores voltam ao mandato por mais 4 anos. Uma renovação de mais de 60%, mas ainda acho pouco. Defendo o fim da reeleição para todos os cargos. Um mandato a serviço da cidade é suficiente, deixemos outros e outras assumirem essa tarefa. Ser vereador não deveria ser profissão, mas sim um serviço à cidade.

  4. No próximo mandato teremos uma mulher na câmara. Parabéns Janete Córdoba pela vitória, a única mulher e a mais votada. Temos que comemorar sim a presença feminina, mas uma mulher apenas em uma sociedade onde a maioria dos eleitores são mulheres só mostra a falência do modelo eleitoral. Para sermos plurais, na câmara de Amambai deveriam haver 7 mulheres.

  5. Teremos também um indígena no próximo mandato. Parabéns Professor Ismael pela vitória. Fiquei muito feliz por vê-lo eleito. Amambai precisa de alguém com sua postura e representando a comunidade Guarani Kaiowa na câmara. Mas só um indígena, em uma cidade que tem um 1/3 da população formada por essa etnia, apenas mostra as deficiências da democracia representativa. Para sermos plurais, na câmara de Amambaí deveriam haver 4 indígenas, sendo duas mulheres.

Mas isso são apenas pensamentos soltos. Não defino regras. Não atuo no sistema eleitoral. Apenas penso sobre política.

Parabenizo o Dr. Bandeira pela vitória. Não votei nele, mas como democrata por princípio de vida, respeito o resultado das urnas. Ele será, também, meu prefeito. Talvez ele consiga ensinar à cúpula do seu partido que não respeitar às urnas é golpe sim.

Parabenizo também o Gilmar Vicentin, o Anilson Prego e o Jaime Bambil pela postura coerente e democrática. São pessoas como vocês que fortalecem a democracia e enriquecem o debate. Vocês não são perdedores. São aqueles que seguirão acompanhando, fiscalizando e cuidando da gestão da nossa cidade.

E que venha um mandato de sucesso. Sem demagogia e sem hipocrisia, eu torço pela minha cidade. E espero, para o bem de todos, que os itens listado no plano de governo vencedor sejam, de fato, implementados. Espero também que o prefeito eleito não negocie secretarias em troca de apoio ao mandato, mas que coloque profissionais das áreas em cada uma delas, garantido autonomia e capacidade de gestão, para o bem da cidade. Espero que ele, como disse em toda a campanha, sendo amambaiense, olhe para cidade além do centro e da área elitista, que enxergue os bairros mais abandonados, afinal será gestor de todos. Espero, mesmo, que priorize a saúde e a educação, só quem precisa desses serviços públicos sabe o caos que vivemos.

E eu seguirei, observando e cobrando. Afinal esse é meu papel de cidadão, de Político!

O autor é filósofo e escreve semanalmente nesta coluna

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