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terça-feira, 23 de abril de 2024

Ditadura Legitimada – Por Affonso Americo de Freitas Neto

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A princípio, necessito compartilhar com o leitor que me sinto muito pouco à vontade para escrever sobre política, principalmente política eleitoral, por haver desde há algum tempo me decidido pelo absenteísmo.

Decidi excluir-me de participar dos pleitos como eleitor, necessário explicar, desde que ao exigir do ilustríssimo senhor Senador Fernando Gabeira, o único candidato em que votei que resultou eleito, um posicionamento mais decidido diante de um escândalo no congresso e não obtive resposta ao meu pleito tendo ainda a sua caixa postal bloqueada para os meus e-mails subsequentes. Não satisfeito travei um monólogo pela coluna escreve o leitor do jornal O Globo sem nenhum rebatimento apesar do tom dos escritos. Este monólogo foi composto por três cartas. Todas sem resposta. Nenhum dos seus assessores, pagos com o dinheiro dos nossos impostos respondeu às minhas rudes missivas.

Não faço mais parte do rol de eleitores, na prática, porque me decidi pelo pagamento das multas eleitorais, muito mais baratas que o meu deslocamento até a urna eleitoral e o despejo inútil do meu voto. Paga a multa nada consta que obste os meus direitos como cidadão contribuinte. Simples e prático assim. Tivesse eu muito dinheiro compraria o absenteísmo eleitoral dos meus amigos e vizinhos em troca do pagamento das multas. Afinal políticos não pagam por votos? Por que razão não poderia eu comprar a falta destes?

É importante ressaltar também, que jamais solicitei qualquer benefício pessoal a qualquer político em que tenha votado ou não e nesta única oportunidade em que resolvi cobrar de quem eu achava ser o meu representante no Senado da República, fui vergonhosamente ignorado.
Dito isso, municiando todos aqueles que terão o direito de me rebater com acusações de alienação, falta de responsabilidade política e legitimidade para queixar-me por ser um cidadão incompleto, exponho a minha preocupação pessoal com o projeto político autoritário que vem o PT programando para esse país. É um projeto digno daqueles que torturaram e nos calaram por 22 anos.

Causa-me terror o pronunciamento do senhor José Dirceu aos petroleiros na Bahia em que afirma que o projeto político que virá não pertence ao Lula ou à Dilma, mas ao partido – até aí nada demais – e que há no Brasil um abuso do poder de informar – isso é uma ameaça à Democracia. Causa-me mais terror, ler na imprensa política especializada que já há um projeto de lei saído das mãos do atual presidente e encaminhado ao Ministro de Comunicação Social Franklin Martins, no apagar das luzes do seu governo, que visa a regular as chamadas participações cruzadas, reduzindo o tamanho e a diversificação dos meios de comunicação.

Isso é o mesmo que já vem sendo feito por Chávez na Venezuela e pelo casal Kirschner na Argentina.

Em um muito provável próximo governo cuja tutela já vem sendo disputada pelo presidente Lula, pelo PT do José Dirceu e pelo PMDB, uma impressa livre é fundamental para a manutenção de um Estado Democrático de Direito.
Segundo Dirceu em seu discurso aos petroleiros na Bahia, o principal objetivo agora já não é mais a eleição de Dilma que me parece decidida já no primeiro turno, mas formar um Congresso petista que garanta a implantação de um projeto partidário.

Em um governo ditatorial nem adianta contarmos com o Judiciário para nos proteger. Lembro-me quando na faculdade de Direito, em 1998, um dos meus professores, Juiz antigo e que havia exercido suas funções durante a ditadura militar me dizia: “doutor Affonso, não há tarefa mais ingrata, inútil e perigosa que ser juiz em um regime de força”. Essas palavras do meu mestre ainda ecoam em meus ouvidos.

A liberdade de pensar e escrever deveria preocupar a cada um de nós brasileiros. Mesmo os auto-alijados do processo político como eu.

Affonso Americo de Freitas Neto
Médico, Bacharel em Direito, músico com formação em contrabaixo, leitor voraz e incorrigível, além de chato por esporte.

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