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quinta-feira, 28 de março de 2024

O peão e os impostos, por Ney Magalhães

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19/09/2015 07h50 – Atualizado em 19/09/2015 07h50

Por Ney Magalhães

ERA UMA VEZ…Alguns dias atrás eu li no Correio Brasiliense um Artigo do velho professor Ady Raul da Silva, que para quem não conhece foi e ainda é um Mestre Eng. Agrônomo, e que por muitos anos transmitiu seus conhecimentos profissionais em diferentes Escolas de Agronomia aplicada. Na formação e organização da agricultura mecanizada precursora do agronegócio aqui no sul do então MT ainda uno, o carioca professor Ady que na época era um pesquisador e criador de Variedades de Trigo lá pelo RS, motivado pelas ações e Atos governamentais, asfaltos na direção deste Oeste brasileiro, hidrelétricas, pontes etc. e nossos insistentes convites através do Sindicato Rural e da Secretaria de Agricultura MT, veio implantar em nome do Ministério da Agricultura os ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DE TRIGO NO SUL DO MATO GROSSO.

Este criador das Variedades de Trigo IAS 51- IAS 52 e salvo engano IAS 54 na UFSM-RS, naquele inicio de 1970 junto com a Equipe de Pedologia também do MA desenvolveram estudos de solo e clima o que contribuiu para que nossa Região fosse contemplada oficialmente -( naquele tempo a EMBRAPA ainda não havia sido criada )- com os financiamentos da Carteira Agrícola do Banco do Brasil, e assim consolidar-se como uma nova fronteira na produção de grãos alimentares. Percorrendo os Campos de Vacaria, Maracaju, Rio Brilhante e Dourados, atravessando a Fda. Dependência 100 mil has. e as terras da Fda. Santa Virginia 105 mil has., hoje, parte é a Itamarati, alcançamos o Vale do Rio São João, do Guaimbé, do Emboscada e Rio Verde até à margem esquerda do Amambay.

Ultrapassando para a margem direita do Rio Amambay chegamos às primeiras terras cultivadas na safra 69/70 com lavouras mecanizadas no sul do Mato Grosso, município de Amambai. Como terceirizado do Banco do Brasil, Ag. de Ponta Porã eu assistia e acompanhava aqueles que foram uns dos primeiros empreendimentos do agronegócio no então MT ainda uno os produtores rurais recém-chegados, pioneiros da nossa agricultura mecanizada João Waiss e Waldi Brauks. Aconteceu então a corrida de rio-grandenses em busca de terras para plantar o que permitiu ao nosso Sindicato Rural e à Associação Comercial reivindicar a instalação da Agencia do Banco do Brasil em Amambai, e como naqueles tempos o País tinha Governo competente isso aconteceu naquele mesmo ano. Visitamos também as lavouras mecanizadas de arrôs em Pedro Juan Caballero, cultivadas pelos espanhóis agricultores Irmãos Martin & Martin, a nossa primeira vitrine de referencia para o cultivo dos campos de barba de bode.

Posso afirmar que esses estudos e os dados levantados pelos técnicos do Ministério da Agricultura incentivaram e favoreceram a criação do agronegócio regional que rapidamente, usando a experiência aqui da fronteira se expandiu para Maracaju, Dourados e alcança hoje todos os rincões do MS e do MT agora separados.

Finalizando vou contar o que dizia o Artigo do professor…era uma vez em tempos de inflação, “juros altos” e muitos Impostos exatamente como agora, um Trabalhador Rural resolvendo casar, depois de fazer algumas economias foi na cidade comprar seu enxoval…inicialmente uma botina que custava 120 reais, ao discutir o preço recebeu a explicação do comerciante de que o alto valor era devido ao “custo Brasil” composto pelo alto valor dos salários de vereadores, prefeitos, deputados, alto numero de funcionários públicos etc.etc. com impostos embutidos em cascata. O peão mesmo não entendendo nada comprou a botina. Dirigiu-se então a outra Loja a fim de adquirir uma cama de casal e um colchão. Outra vez arguiu o vendedor reclamando do alto preço das mercadorias recebendo a mesma informação de que os Impostos daqueles artefatos de madeira, tecidos de algodão, espumas industriais etc. Eram taxados desde a origem, e ainda tinha o frete com o Diesel mais caro do Mundo aqui no MS, nem se lembraram do FUNDERSUL. Retornando ao sitio onde trabalhava após contar suas peripécias na cidade recebeu a explicação correta de seu patrão…””Zé Campeiro, quando você comprou as botinas trouxe um par para casa e deixou na Loja outro par e mais uma dúzia de meias para o Governo, e quando pagou a cama e o colchão, deixou para o governo outra cama e mais dois colchões.”” Aí então o peão entendeu tudo e foi mais um que passou a renegar o atual governo.

Ney Magalhães é  produtor rural, escritor e articulista / Foto: Divulgação

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