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sexta-feira, 19 de abril de 2024

A parcialidade nossa de cada dia

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16/05/2016 15h37 – Atualizado em 16/05/2016 15h37

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

No dia 19 de maio, há 91 anos, nascia nos Estados Unidos o ícone da luta nacionalista negra, Al Hajj Malik Al-Habazz, mais conhecido como Malcolm X. O líder negro, que influenciou gerações pela sua defesa pela unidade negra e a luta contra o racismo, hoje é referenciado em todo o mundo pela sua mensagem revolucionária e história. Mais conhecido pela sua principal frase “Por todos os meios necessários”, quando advogava pela libertação negra no mundo, a vida de Malcom X foi retratada na autobiografia escrita pelo intelectual Alex Harley e foi tema de filme produzido e dirigido pelo cineasta Spike Lee.

Quando começo a refletir sobre a nossa conjuntura nacional, me vem à mente uma frase do Malcon X “Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.” E me espanta sobremaneira o tanto que pessoas bem formadas e, teoricamente, bem informadas, repetem, tipo papagaio, as lorotas da grande mídia comprometida com os interesses do capital.

Defendo que não existe imparcialidade na análise dos fatos. Todos somos parciais. Todos tomamos lado. Querer ser imparcial é só uma forma que não se posicionar claramente de um lado ou de outro da luta de classes instituída historicamente. E é interessante analisar as falas dos “imparciais”, sem tomar posição efetiva, a tomam de forma clara naquilo que compartilham ou curtem nas redes sociais.
Eu tenho lado. Sou parcial e sou parte. Tenho opção de classe. Sei de onde vim e sei o que sou como cidadão.

Considero o governo provisório de Michel Temer ilegítimo. Atentem ao termo que uso. Esse governo possui legalidade, afinal segue todos os trâmites previstos na legislação, na lei. O vice assume em caso de vacância do titular, por ausência, viagem, morte ou impedimento. Não há o que se discutir sobre legalidade. Mas a legitimidade se dá pelo processo e pelo histórico. Nem tudo o que é legal é legitimo. A escravidão foi legal. O holocausto foi legal. A servidão foi legal. Nenhum discurso imparcial me convence que foram legítimos.

Ouvindo, e lendo, sobre o processo todo de afastamento da presidenta eleita democraticamente, todas as etapas foram cumpridas. Mas não vejo nada de legitimidade no trâmite. Os discursos que defendem o afastamento, na maioria absoluta dos casos, não levam em conta o crime pela qual a presidenta é julgada, as chamadas pedaladas fiscais, até porque se o fizessem, a maioria dos governadores e muitos prefeitos também teriam que ser impedidos de continuar no exercício do cargo ao qual foram eleitos.

O que mais me causou espanto foram os comentários, inclusive de um certo vereador de Amambai, também advogado, que em grupos do aplicativo WhatsApp manda um “Chupem PTralham, morram agora no choro” entre outras falas “dignas” do cargo que ocupa… Só acho uma pena que o nível do debate dos imparciais não me permite rebatê-los. Nunca entendi esse uso do verbo chupar, se é um convite a felação coletiva ou um desejo secreto de participar, com diz o professor Clóvis Barros Filho.

Lembrando ainda do Malcon X “Se você não está pronto para morrer por ela, coloque a palavra ‘liberdade’ fora do seu vocabulário.”

Sigamos…

Luiz Peixoto – Filósofo. Escreve semanalmente nessa coluna

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