28.1 C
Dourados
sexta-feira, 29 de março de 2024

As coisas são como são, ou não!

- Publicidade -

08/02/2016 07h00 – Atualizado em 08/02/2016 07h00

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

“Bebia para afogar as mágoas,
mas as malditas aprenderam a nadar.”

Frida Kahlo

Se tem uma coisa que faço com frequência é pensar. Não esse ato mecânico de passar ideias pela cabeça, mas o ato sistemático de refletir sobre fatos e feitos. Esse é um hábito antigo e, de certa forma, delicioso. Ver um fato ou feito na rua, e sobre ele me debruçar. Muitas pessoas na rua devem me achar meio estranho, afinal ando falando sozinho. Não são falas, são pensamentos verbalizados, reflexões de fogem dos lábios sem que eu perceba.

Pensamentos são seres rebeldes, não obedecem ordens, nem horários. Os meus costumam vir nas horas menos indicadas. Parece que o travesseiro os chama. Afinal, deito e o cérebro liga. Como não gosto de televisão, geralmente pego um livro à cama. E fica difícil ler as vezes, afinal o cérebro não quer fixar as letras, o texto construído por outros, quer criar os seus. Tenho o que chamo de “insônia produtiva”. É a noite que elaboro, escrevo, reflito. É a noite que esse passarinho rebelde, chamado pensamento, habita minha casa-cérebro.

Noite dessas fiquei pensando sobre o adiamento do início do ano letivo em Mato Grosso do Sul. Entendo os argumentos empregado pela associação dos prefeitos do estado, sobre o estrago nas estradas, causado pelo excesso de chuvas. As estradas, de fato, estão horríveis, mas em duas semanas serão todas arrumadas? Ficarão todas em condições trafegáveis? Ou continuarão sendo um desafios a quem quer e precisa estudar?

A quem interessa, de fato, o adiamento do início das aulas?

Talvez os estudantes aprovem. Afinal terão mais duas semanas sem aula, e nem terão que repor aulas aos sábados. Isso implica em um ano letivo mais corrido, com muito mais demanda em tempo limitado. Já é difícil dar conta do necessário em um ano escolar, trabalhar o conteúdo e suas interfaces e transversalidades, imagina em ano eleitoral, mais corrido ainda.

Os professores não sei como se posicionam, afinal não estou na rede de educação básica e pelo menos a federação que os (nos) representa, aderiu e aprovou a ideia. Mas tenho um certo receio, como quem viveu os últimos 20 anos em sala de aula, do desgaste físico e mental em quem terá que dar conta do ano letivo com menos sábado de folga. Tem gente que acha que um professor que trabalha pela manhã e tarde, tem a noite e os finais de semana livres. Tem nada! Tem o tempo “livre” para planejar dia seguinte, corrigir atividades, tentar se qualificar, estudar, ler, coisas intrínseca ao labor do educador.

As famílias, pelo menos as tenho falado, se dividem em aprovar visto que adiam alguns gastos, e reprovarem, visto que tem que trabalhar e não tem onde e nem com quem deixarem seus filhos.

Com certeza interessa muito ao poder público. Afinal o discurso da crise, que perpassa todas as falas das autoridades, apesar da realidade, leva a vermos os investimentos em educação como “gastos”, e cortar gastos por meio mês faz muita diferença. Afinal, os professores convocados, que são um bom número, terão sua convocação adiada.

Tenho preocupação em que a educação seja vista apenas pela questão financeira. Uma nação que se pretenda desenvolvida e educadora, deveria copiar exemplos de outras nações que investem pesado em educação. Afinal, copiamos tanta coisa, porque não essa?

Mas pode esquecer todo esse texto. Afinal é carnaval. E no “país do carnaval”, todos nos debruçamos sobre a festa e esquecemos a crise, as dificuldades, as chuvas que estragam estradas, o adiamento do ano letivo, as denúncias de corrupção (nem todas, as que atingem o partido que está no poder, a rede globo não deixa esquecer) entre tantas outras coisas.

Bom Carnaval!

E bom ano letivo a todos nós.

Luiz Peixoto – Filósofo. Escreve semanalmente nessa coluna

As coisas são como são, ou não!

As coisas são como são, ou não!

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

28 de Março – Dia do Revisor

- Publicidade-