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quinta-feira, 28 de março de 2024

As Mulheres merecem Rosas!

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14/03/2016 07h15 – Atualizado em 14/03/2016 07h15

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

Fui cobrado por uns e umas por não ter me manifestado, em texto, sobre o Dia Internacional das Mulheres. Achei desnecessário pois:

  1. Para mim todo dia é dia das mulheres, enquanto houver dia, enquanto houver mulher;

  2. O dia 08 de Março marca a luta histórica das mulheres por igualdade, por direitos, dia de luta e não houve ainda a vitória;

  3. Oferecer flores é bom. Então aprendamos a dar flores todos os dias, acompanhadas de respeito, de valorização, de liberdade de possibilidades (e se sugiro aos namorados, maridos, amigos, pais, companheiros de trabalho que querem dar flores, que deem em dias comuns, sem motivos, o impacto é bem melhor);

  4. A melhor homenagem é entender a luta, sem pretender roubar-lhe a voz e a representatividade. Por isso sugiro a leitura do “Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, e ainda o filme “As Sufragistas”;

  5. Sugiro ainda a leitura atenta do poema abaixo, da grande Elisa Lucinda:

Aviso da Lua que Menstrua
(Elisa Lucinda)

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua…
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita…
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na “vera”
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos…
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a “cidade secreta”
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!…
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
Vaca é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha…
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

Sigamos firmes, na luta, cada um e uma com seu espaço e suas causas, somando a luta coletiva da classe trabalhadora. E pra lembrar ainda, ouçam a música “Pagu”, da grande Rita Lee. Mas acima de tudo, pensem!!!!

Luiz Peixoto – Filósofo. Escreve semanalmente nessa coluna

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