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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Coluna Causos e Prosas

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Por Odil Puques *

A arte na Política

Segurança….

Em Amambai tem uma vila conhecida como “corta-guéla”, imaginem o porquê. Pois um incauto candidato a vereador querendo conquistar a confiança da população daquele local, prometia em alto e bom som, em cima do palanque:
– Se eleito for, ei de trazer mais segurança, mais policiamento para nossa querida vila…
Aplausos entusiásticos.
– Porque esta vila só tem maconheiro, assassino e traficante…
Teve que sair escoltado, pela polícia.

Reza…

De outra feita, um candidato a vereador muito fervoroso esbravejava em cima do palanque:
– Eu tenho fé, o Dr. fulano tem fé, o prefeito cicrano tem fé, todos nós temos fezes que nós vamos ganhar esta eleição…

Coragem…

Tinha uma candidata a vereadora de descendência paraguaia, em seus discursos, carregava no sotaque pra ver se ganhava a simpatia dos hermanos.
– Yo sei mucho bien que estes hombres estan falando mal de mim porque tienes medo de mi candidatura…
– Mas non son machos de verdade. Só metem o pau por tráis. Quiero ver se ellos tem coragem de vir meter o pau pela frente…

A VISITA…
O Tio Otaviano era prefeito de Iguatemi, pelos idos dos anos 60. Conseguiu com muito custo uma audiência com o governador Pedrossian em Cuiabá, nos tempos de Mato Grosso uno, depois de esperar um pouco e ter cuspido o fumo mascado em quase todo o carpete foi recebido entusiasticamente pelo governador:
– Meu caro, Otaviano e a nossa querida Iguatemi como anda???
– Com as próprias pernas governador, o senhor sabe pouca verba, escolas pra fazer, estradas ruins…
– Falar nisso como está a zona rural do município???
– Óia governador a zona tá uma belezura, a Dorothi, cuida daquilo como se fosse a casa da filha, inclusive chegaram umas argentinas novas que tão dando o que falar, o senhor ia gostar de conhecer, já a rural véia coitada, me trouxe até Amambai, mas quebrou o diferencial e ficou pelo meio do caminho…

O asfarpador

Essa não podemos designar os nomes por uma questão de respeito, pra não dizer medo mesmo, já que estamos tratando de cidadão que governou nossa querida Ponta Porã até bem pouco tempo atrás, só sei, que tava ele mais uma vez fazendo um dos seus costumeiros comícios:
– Povo da minha querida princesa dos erval. Se eleito for, se for da vontade de Deus, se as urnas cantarem meu nome, vou transformar nossa cidade num cantero de hortas. Vai ter arface, jiló, quiabo, cebolinha, cenoura, cuentro e tudo mais pras comadres…Lembraram que era canteiro de “obras” mas ele não se deu por satisfeito;
E mais prometeu, que se fosse eleito prefeito iria “asfarpá” todas as ruas da cidade e as que ele não “asfarpásse” ele iria “paralepipeidá”…as que ele não “paralepipeidásse” ele iria “apedrejá” tuudo!!! E por aí vai…

Sêo Pequeno

O Pequeno Machado era prefeito de Amambai e como tal foi representar o município numa reunião na governadoria na capital do estado, Campo Grande. Chegando no hotel, cioso de suas responsabilidades, disse ao recepcionista que queria um quarto bem pequeno e simples, porque não precisava de luxos e seu município não passava por um bom momento de arrecadação, enfrentava dificuldades na safra etc., etc.,. O porteiro, dizia que tudo bem, entendia a situação, que estava à disposição do cliente e apertou o botão para chamar o elevador, uma novidade naqueles tempos. Pra quê. Seu Pequeno achou que aquilo era o seu quarto. – Ô loco, eu disse que queria algo pequeno mas também não precisava exagerar né? E além do mais, onde vou fazer minhas necessidades?-

Maus Lençois…

Em Amambai tem uma família muito grande, com sobrenome de “Pavão”. Pois de uma feita um candidato a vereador, num comício realizado ali pras bandas da Vila Guape, tecia severas críticas ao administrador de então.
– Ele não faz nada pela população do município. A única coisa que sabe fazer é se arreganhar que nem um “pavão”, quando alguém chega perto dele.
Pois não é que justamente a uns trinta metros de onde se realizava o comício, morava uma das famílias com este sobrenome, de mais ou menos uns 12 ou 13 irmãos e não tardou a correr a notícia entre eles, que tinha um candidato falando mal dos “pavão” em palanque. Pra quê. Foram se ajuntando e chegando pra perto do comício e o borburinho rodando. Queriam porque queriam saber quem ousava falar mal deles. Nessas alturas, já se comentava que o candidato tinha ofendido a honra, falado mal da mãe, xingado até os filhos, imagina. Não adiantou a turma do deixa-disso, tentar explicar, que se falava das aves e não da família, o melhor mesmo foi o candidato acabar o discurso e sair de fininho por detrás do palanque, senão, já viu …

A Pinga….

Todo mundo sabe que em dia de eleição é proibido a venda de bebida alcoólica. No dia, mas o Minguinho, já tinha comprado a sua canha uns três ou quatro dias antes do pleito e a saboreava aos poucos que era pra manter-se sempre embriagado. No transcorrer da eleição o Dr. Juiz Eleitoral, saiu acompanhado dos policiais para fiscalizar a quantas andava o sagrado direito de livre manifestação do eleitor. E deu de cara com o Minguinho, que agarrado ao seu “coróte de fortim” discursava sobre como a vida política no país tinha se tornado uma semvergonhice.
– Já tá bebendo de novo Minguinho? Não sabe que é proibido em dia de eleição? Quer ir pro xilindró? Meio desconfiado e sem reconhecer a autoridade judicial, o bebum recolheu sua preciosidade para dentro do paletó e tascou!
– Que o quê! Tá querendo beber também? Pois vá comprar a sua que esta já tem dono. Tiveram que rir todos e deixar o pobre em paz, que mal não fazia…

Legisladores…

Debatia-se então, na Câmara Municipal de Amambai, a instalação de um poço da SANESUL, visto que a cidade crescia e a população já merecia ter em casa a tal da água encanada, que além de ser melhor para a saúde, ainda tinha a vantagem de não ter que acordar todo dia às cinco da manhã, ir ao poço que ficava nos fundos do quintal da casa, puxar a corda, com a roldana cantando, que chegava fazer calos na mão, especialmente nas manhãs frias de inverno. E o debate era justamente sobre a localização deste poço.
– Eu acho melhor instalar esse poço na mais parte baixa da cidade – disse um dos edis – visto que é lá que está a maioria da nossa população e é onde se concentra o povo mais necessitado – certamente já pensando no tanto de votos que essa indicação iria lhe render.
– Não discordo do nobre colega – disse outro – também penso que devemos pensar primeiro naquelas pessoas menos bafejadas pela sorte – demagogia em primeiro grau – o problema é que se instalar este poço onde Vossa Excelência sugere, como faremos para a água subir até a parte mais alta da cidade? Acaso Vossa Excelência não conhece a lei da gravidade???
– Se conheço, como não conheço, é claro que conheço, afinal das contas sou um legítimo representante do povo, mas somos legisladores pra quê. Vamos fazer uma mudança nesta tal lei da gravidade e instalar o poço lá onde sugiro e pronto. Tenho Dito.

Abismo

Essa até o nome do autor vou citar, porque já foi embora daqui mesmo e não deixou nenhuma saudade. O Nestor Silvestre Tagliari, já tinha sido prefeito de Amambai, só que nomeado e daquela veizada concorria à eleição popular. Dizia em alto e bom tom em seu discurso.
– Amambai tem que voltar a crescer, estamos parados no tempo, quando eu era prefeito a cidade era uma maravilha e agora está estagnada. Está a beira do precipício, se vocês me derem a chance de ser prefeito novamente, daremos um passo à frente. E deu mesmo, e aí todo mundo sabe o que se deu.*
* A cidade passou por maus momentos administrativos, onde o funcionalismo ficou 7 meses sem receber salários, o prefeito foi cassado duas vezes e terminou o governo como sendo o “pior da história do município”…

  • Advogado, escritor, articulador político e promotor cultural

Odil Puques.

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