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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Como eu queria…

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12/10/2015 07h15 – Atualizado em 12/10/2015 07h15

Conversa nada fiada

Por Odil Puques

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade

Gostaria de brindar os leitores do nosso amambainotícias com algo interessante neste Dia das Crianças e da Padroeira, mas, como diria o poeta, a pena não quer escrever. Me sinto manietado. Poderia escrever, como já o fiz outrora, sobre a conjuntura política do município, visto que a cada dia surgem novos interessados na alcaldia local, mas, como presidente de um partido político, arguí minha suspeição, afinal poderia estar advogando em causa própria e isso, penso, não seria justo com quem nos lê. Contar causos não é o caso aqui, pois a proposta é outra. Então me resta invejar quem escreve. Com que facilidade saiu da pena do Drumond este e tantos outros versos; Castro Alves com a sua mucama tão bonitinha formosa flor do sertão ou o contemporâneo Vinícius de Moraes no dia em que ele pede perdão por amá-la assim tão de repente. Tenho três autores prediletos. Devoro tudo o que deles vem, mas tenho comigo que os Cem Anos de Solidão, do Gabo, O Tempo e o Vento, do Érico, e Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, teriam que ser leitura obrigatória para todos os 7 bilhões de habitantes desse planeta que chamamos de Terra. Estas obras primas ultrapassam o limite do senso comum. Como a bíblia, devem ter sido escritas por inspiração e graça do Divino Espírito Santo. Não há nada mais completo, mais espetacular em termos de literatura universal. Afora as histórias que são fascinantes, cada linha, cada frase destas obras são uma poesia em si. Peguemos, a prosa Roseana: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”, de Veríssimo: “Como o tempo custa a passar quando a gente espera! Principalmente quando venta. Parece que o vento maneia o tempo.” Ou daquela que tenho ser a maior obra jamais escrita em todos os tempos: “O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo”, nos dizia a história dos Buendia na sua Macondo. Enfim lamento a minha falta de talento..

O autor é advogado e escreve semanalmente nesta coluna.

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