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sexta-feira, 29 de março de 2024

Umberto Eco e Macedônio do Gesso

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22/02/2016 07h15 – Atualizado em 22/02/2016 07h15

Conversa nada fiada

Por Odil Puques

Na semana que passou, morreu em Milão na Itália o filósofo, semiólogo e romancista italiano Umberto Eco, autor de “O nome da Rosa” e “O pêndulo de Foucault”.

O Macedônio do Gesso, pelos mesmos dias protagonizou um rebuliço na cidade de Amambai ao tapar por conta própria uns buracos no combalido asfalto da cidade. Se autodenominando “empresário”, contando com a preciosa colaboração de uma assessoria de imprensa, gravou um vídeo com o seu feito, dizendo não aguentar mais a inércia do poder público e os prejuízos que os mesmos estavam causando em sua frota de veículos e o enviou a um programa popularesco de televisão em Campo Grande. Pronto, bastou sair a matéria que as redes sociais começaram a divulgar o feito do bem intencionado cidadão.

O moço se empolgou com a repercussão, encheu carriolas de um restante da construção civil e se bandeou para a principal avenida da cidade para continuar com sua quixotesca missão, tudo devidamente registrado pelas câmeras da sua “equipe”.

Acuados, os responsáveis pela administração municipal registraram um boletim de ocorrências por danos ao patrimônio público. Pra quê? O assunto ganhou repercussão nacional. Jornais impressos, televisivos e eletrônicos deram ênfase que ao invés de tapar os buracos a prefeitura estava processando o “empresário”.

Uma das frases que mais repercutiu na imprensa por ocasião da morte do escritor Italiano, foi a que ele disse quando recebia mais um dos inúmeros títulos de doutor honoris causa, ainda em 2015: que as redes sociais davam acesso à palavra a uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”, elevando o vazio à categoria de ganhador de Prêmio Nobel.

Bastou que o assunto dos buracos ganhasse as manchetes para que os aproveitadores de plantão, incluindo-se o próprio protagonista que tem o desejo confesso de entrar para o mundo da política, pusessem as mangas de fora e se arvorassem os maiores entendidos em gestão administrativa, lençol freático, asfalto, crimes ao patrimônio e até a previsão do tempo. Na crista da onda um candidato propôs fazer um tipo de asfalto que duraria trinta anos.

A internet e as redes sociais viraram terra de ninguém. Todos se julgam no direito comentar a vida de todos, as discussões de bar, foram potencializadas. Umberto Eco tem razão sobre o Macedônio e seus seguidores.

O autor é advogado e escreve semanalmente nesta coluna.

Umberto Eco e Macedônio do Gesso

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