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PT e PSDB vivem dilema: quem bate primeiro?

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28/08/2014 15h23 – Atualizado em 28/08/2014 15h23

PT e PSDB vivem dilema: quem bate primeiro?

Fonte: Brasil 24/7

Renomados no mercado da publicidade política, os marqueteiros João Santana, do PT, e Paulo Vasconcelos, do PSDB, enfrentam um dilema. Mesmo dispondo de todas as informações científicas sobre os humores do eleitorado, como trackings e as famosas ‘quali’, como são chamadas as pesquisas qualitativas, eles não sabem ao certo o que devem fazer diante do fenômeno eleitoral Marina Silva.

Assim que entrou oficialmente na disputa, dez dias atrás, ela marcou nas pesquisas dos institutos Datafolha, Ibope e MDA, respectivamente, 21%, 29% e 28%. Nesta escalada, até aqui ela isola o presidenciável tucano Aécio Neves no terceiro lugar e já acossa a liderança da presidente Dilma Rousseff. Marina está representando a garantia de que as eleições de 2014 só se resolverão no segundo turno com um adendo: já aparece como favorita destacada para encerrar na frente a segunda e decisiva volta da eleição.

A solução clássica para abater adversários em voo é disparar. O público brasileiro já assistiu, em todas, sem exceção, eleições anteriores, de vereador a presidente da República, a shows de ataques. De montagem de dossiês, distribuição de fotos comprometedoras e troca de insultos em debates pela televisão, a democracia protagonizou operações desmonte de todos os níveis éticos. Mas agora, em relação a Marina, é diferente.

Santana e Vasconcelos, cada um com seus times no PT e no PSDB, sabem que têm pela frente a sucessora de uma tragédia. A candidata do PSB se mostra herdeira eleitoral de toda a comoção em torno da morte do ex-governador Eduardo Campos, ainda que já tenha de se explicar, e muito, sobre a situação legal do avião no qual também viajou em campanha. Mas não é apenas no lado emocional que Marina Silva parece blindada. Afinal, bater numa ‘viúva’ nunca parece ser uma boa atitude.

CANDIDATA JÁ TRIPLICA ÍNDICES DE CAMPOS – Politicamente, Marina também tem um histórico de ser resistente. Nas eleições de 2010, mesmo com pouco tempo de exposição na propaganda política, ela atravessou a campanha em crescimento constante, fechando com 17% dos votos válidos. Sua entrada na cena de 2014 já se deu acima desse patamar, significado que guardou em sua bagagem todos os votos de Campos, que aparecia com até 10% de intenções e, neste momento, estaria quase que triplicando esse percentual. É o que mostram os índices do Ibope e do MDA.

A tese em vigor entre os chefes dos marketings de PT e PSDB é a de que Marina tende a se “desidratar” por si só. Segundo essa compreensão, não seria preciso nem para Dilma Rousseff nem para Aécio Neves encarar o risco de ser o primeiro a bater em Marina e, nesse mesmo momento, sofrerem com o crescimento de suas próprias rejeições. Fazer esse movimento seria, na ótica dos marqueteiros, arriscar ter um ganho pela perda de pontos de Marina contra a certeza de perder simpatias pela autoria dos ataques.

Em eleições passadas, os candidatos a vice foram muito usados para exercer a tarefa de desconstruir a imagem dos adversários principais. O senador Aloysio Nunes, em 1986, quando concorreu a vice-governador na chapa de Luiz Antônio Fleury, do PMDB, em São Paulo, cumpriu o papel de franco-atirador no horário eleitoral, deixando para o candidato a parte boa de aparecer beijando criancinhas. Resultado: o partido venceu as eleições.

Não há nem rumores, porém, de que este tipo de alternativa esteja nos planos de PT ou PSDB. Do que se tem até agora, o plano ainda é o de seus candidatos apresentarem propostas de governo, sem entrar no mérito dos defeitos de Marina. A continuar em ascensão, no entanto, ela pode mexer nesse equilíbrio.

SANGUE FRIO – O PT acredita estar em posição mais confortável para não disparar, imediatamente, na adversária. Seus estrategistas têm levantamentos que garantem, para eles, a estabilidade de Dilma nas pesquisas. Se vier a cair, um viés que ainda não se apresentou nos levantamentos realzados após a morte de Campos, esse processo será lento. É no que acredita Santana, que vem se mantendo, com o programa de televisão no horário político, dentro da linha traçada antes da reviravolta na sucessão. Ele quer manter o sangue frio até que o primeiro disparo contra Marina seja dado pelo PSDB.

O problema, neste planos, é que o partido de Aécio também está insistindo em outros alvos – Dilma, seu governo e sua política econômica –, em lugar de buscar foco contra Marina. Duas contas pesam nessa decisão do tipo ‘deixa como está para ver como é que fica’. O primeiro é a pressão real de chefes do partido, como ex-presidente Fernando Henrique, o governador Geraldo Alckmin e o candidato a senador José Serra. Eles consideram que, se Aécio passar para o segundo turno sem atacar Marina, herdará parte dos votos dela e, assim, teria uma chance real de vencer Dilma. Mas esse é apenas o discurso pró-forma.

Segurando a artilharia do PSDB até o final do primeiro turno, os tucanos paulistas acreditam que poderão ter forte influência no eventual governo da própria Marina. Ela, de resto, já acenou, no debate da Rede Bandeirantes, uma bandeira branca tanto para FHC como para Lula. Enquanto não é atacada, e cresce, Marina adota o comportamento paz e amor. Isso vai durar até quando vier a ser disparado o primeiro petardo da campanha. Até aqui, a verdade é que tudo são flores.

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