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Mulheres do MST ocupam fábrica para denunciar riscos de eucalipto trangênico

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05/03/2015 19h33 – Atualizado em 05/03/2015 19h33

Mulheres do MST ocupam fábrica da Suzano para denunciar riscos de eucalipto transgênico

A ação, que ocorre na semana que antecede o 8 de março, faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas

Fonte: Brasil de Fato

Cerca de mil mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam nesta quinta-feira (5) a empresa FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda., da Suzano Papel e Celulose, no município de Itapetininga, em São Paulo.

Elas denunciam os males de uma possível liberação do eucalipto transgênico. A ação, que ocorre na semana que antecede o 8 de março, faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas.Nesta manhã, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) vota a autorização para produção dessa variedade.

O movimento alerta que essa liberação interessa apenas à FuturaGene/Suzano, única empresa beneficiada por esse processo, pois é dona das patentes. As camponesas querem a retirada de qualquer pedido de liberação comercial desse transgênico na comissão.

Especialistas explicam que esse tipo de eucalipto aumenta em cerca de 20% a produtividade. A aprovação dele, no entanto, desconsideraria os riscos decorrentes desse plantio, como aumento do consumo de água, impacto na produção de mel nacional, aumento do uso de agrotóxicos e destruição da biodiversidade pela substituição por uma única espécie.

Além disso, como o pólen proveniente dos eucaliptos transgênicos possui o gene inserido artificialmente, qualquer mel produzido em colmeias cujas abelhas visitem flores destes eucaliptos também estará contaminado por material transgênico.

A existência dos transgenes no mel pode gerar danos socioeconômicos aos apicultores, impedindo-os de rotularem suas produções como orgânicas ou agroecológicas. Isso aumenta o risco de barreiras comerciais para exportação do produto, o que pode representar perdas econômicas significativas para o setor.

Dados de 2014 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que a produção de mel no país chegou a mais de 40 mil toneladas por ano, envolvendo 500 mil apicultores. A maioria deles é de pequenos produtores da agricultura familiar. O Brasil é o 10º maior produtor mundial de mel e 50% de toda a produção é para exportação.

Aumento da crise hídrica

Outro ponto ressaltado por diversos cientistas e acadêmicos é o alto consumo de água dessa espécie. O eucalipto consome mais água durante os primeiros anos de crescimento, e a colheita da nova planta para uso industrial seria feita com cinco anos, e não a partir dos sete, como atualmente ocorre.

Assim, a alta taxa de crescimento da variedade transgênica faz com que o consumo de água seja maior, o que pode alterar o balanço hídrico da microbacia na região onde se realizar o plantio.

Se fosse possível fazer um ranking, o caso do eucalipto seria crítico, dada a crise hídrica que o país atravessa. A planta que normalmente consome 30 litros de água por dia, e já provoca seca no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, vai crescer mais rápido e utilizar mais água.

Intenso uso de agrotóxico

Não param por aí os problemas causados pelo transgênico. Além da destruição de toda uma biodiversidade com a substituição por uma única espécie, o eucalipto transgênico exige enormes quantidades de agrotóxicos, responsáveis pela extinção de insetos e animais benéficos como borboletas, besouros, joaninhas, abelhas, anfíbios, tatus, etc.

Um dos agrotóxicos mais utilizados nas plantações de eucaliptos é o sulfluramida, fortemente cancerígeno e proibido pela Convenção de Estocolmo, subscrita pelo Brasil e por mais de 152 países.

Além disso, os numerosos e graves conflitos existente na disputa pela terra e territórios tendem a se agravar. As comunidades cercadas pela Suzano nos diversos estados onde há plantações foram destruídas, e estão lutando para garantir sua soberania alimentar e permanência em seus territórios.

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