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Pecuária de corte tem melhor cenário do agronegócio, diz especialista

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05/05/2015 21h14 – Atualizado em 05/05/2015 21h14

Fonte: Agrodebate

A pecuária de corte tem atualmente o melhor cenário de médio e longo prazo entre os produtos do agronegócio brasileiro. A avaliação foi feita pelo engenheiro agrônomo, doutor em Economia Aplicada e sócio-consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, em palestra na segunda-feira (4), no Simpósio Confinar, em Campo Grande.

Barros fundamenta sua avaliação argumentando que o cenário de restrição de oferta de carne bovina, nos três principais fornecedores mundiais, os Estados Unidos, o Brasil e a Austrália, tem sustentado os preços em patamares elevados.

No caso dos Estados Unidos, por exemplo, ele explica, com base em dados do Departamento de Agricultura do país (USDA), que o rebanho bovino que 1975 era de 132 milhões de animais, caiu para 89,8 milhões este ano, sendo 39 milhões de vacas e novilhas e 33 milhões de bezerros.

Ele disse que o país está atualmente em ciclo de retenção de matrizes, em que a restrição de animais prontos para o abate fez com que o preço da arroba chegasse a patamares recordes, oscilando entre US$ 100 e US$ 105 em média, enquanto que carnes “concorrentes” como a de suíno, por exemplo, despencaram de preço.

Barros, diz que a situação fez com que os Estados Unidos priorizassem o abastecimento interno em detrimento de outros mercados que ocupavam, o que acabou abrindo espaço para a carne bovina produzida pela Austrália, mas que o país também deve iniciar um período de retenção de matrizes, que pode provocar uma redução de 1 milhão a 2 milhões no número de animais que serão abatidos neste ano.

Além da questão da oferta, Barros diz que a pecuária de corte, a exemplo de outras commodities do agronegócio que são exportadas, como a soja e o milho, também tem se beneficiado da valorização do dólar diante do real no mercado interno.

Outro aspecto destacado pelo especialista é quanto a abertura de novos mercados. Ele disse que neste início de ano as exportações brasileiras de carne bovina caíram porque alguns dos principais mercados consumidores do produto são os países em desenvolvimento, como a Rússia e a Venezuela, que estão sofrendo com q queda de receita de exportações de produtos como o petróleo, o que afeta diretamente suas importações.

Entretanto, com a restrição em âmbito global da oferta de carne bovina, o país pode entrar em novos mercados, como o próprio norte-americano, o do Japão, o da Coreia do Sul e o da China. Em relação especificamente a China, Barros diz que analistas do país projetam que as importações nos próximos dez anos devem crescer de 1,5 milhão de toneladas para 5 milhões de toneladas por ano, o que representa mais da metade das exportações globais do produto, que são de aproximadamente 9 milhões de toneladas.

Questionado, se em razão dessa conjuntura que se desenha o preço da arroba do boi poderia chegar a patamares de R$ 180 a R$ 200, o especialista disse que somente se houver uma desvalorização muito grande do real perante o dólar, com o valor da moeda americana chegando próximo ao patamar de R$ 4, caso contrário, segundo ele, não existem fundamentos no mercado neste momento que indiquem uma valorização tão grande do produto.

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