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Incra de MS segue ocupado e rodovias federais são bloqueadas

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08/05/2015 15h57 – Atualizado em 08/05/2015 15h57

Pelo terceiro dia consecutivo Incra de MS segue ocupado e rodovias federais são bloqueadas

Fonte: Da Assessoria

Desde quarta-feira (6) os sem terras de movimentos de luta pela reforma agrária estão ocupando a sede do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Mato Grosso do Sul), que fica localizado em Campo Grande. A principal reivindicação é a descida de um representante do órgão público nacional, que possua poder de deliberação e resolução de questões como os cinco anos que a Reforma Agrária está totalmente estagnada no Estado.

Segundo, Jonas Carlos da Conceição, da direção do MST/MS (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras de Mato Grosso do Sul), nesse terceiro dia de mobilização três rodovias federais foram trancadas em solidariedade a luta dos que estão acampados no INCRA batalhando pelos direitos de todos os sem terras. “Nesta quinta-feira (7) os companheiros sem terras bloquearam a rodovia BR-267, trecho que liga Nova Casa Verde a Nova Alvorada do Sul e na sexta-feira (8), a BR 163, em Japorã e a BR 347, em Itaquirai, em solidariedade a nós que estamos a mais de uma semana em luta pela reestruturação do INCRA e continuidade de sua função social, que possui foco na Reforma Agrária”, disse.

As informações são de que a BR 163, no município de Japorã, teve cerca de quinhentas pessoas mobilizadas desde às 6h da manhã, com um congestionamento de mais de 46 quilômetros, já em Itaquirai a mobilização chegou a cerca de duzentas pessoas e também chegou a 40 quilômetros de filas de veículos. As rodovias foram liberadas no final da manhã.

De acordo com o dirigente do MST/MS uma das normativas de negociação do INCRA é a desocupação, nesse sentido os movimentos se reuniram, fizeram uma grande Assembleia com as mais de seiscentas pessoas que participam da mobilização e deliberaram a saída do órgão, desde que haja certeza sobre a vinda da presidenta do INCRA, Maria Lúcia Falcón ou seu adjunto, Leonardo Queiroz, o mais rápido possível. “Temos conhecimento sobre a normativa do INCRA Nacional, mas decidimos que só sairemos do órgão com a certeza da vinda de um dos dois maiores representantes do INCRA, com poder deliberativo, o mais depressa possível, também reafirmamos que acamparemos em Campo Grande, em lugar próximo, pois caso não haja essa deliberação de descida em MS, nós ocuparemos o órgão novamente”, afirma.

Segundo, Dinho Lopes, também da direção do MST, o movimento segue mobilizado a espera de uma deliberação concreta do INCRA Nacional. “Analisamos que nesses dias de mobilização nós avançamos em alguns pontos, como a liberação de R$ 6 milhões para o INCRA de MS começar a andar novamente, pagando, por exemplo, os quatro meses de aluguel atrasados do prédio em que o órgão está instalado. Além disso, estamos com a expectativa da vinda desse representante nacional que é fundamental para consolidação de conquistas”, ressalta.

Para Márcia Barille, assentada da Itamarati (Ponta Porã), que também faz parte do MST/MS, o momento é de muita luta e se necessário for elas serão intensificadas na próxima semana. “Estamos desocupando para atender uma normativa de negociação do INCRA Nacional, porém se o que está sendo articulado não for cumprido só nos resta intensificar a nossa luta em todo o Estado e mobilizar mais gente para Campo Grande”, conclui.

Atualmente em Mato Grosso do Sul existem cerca de 12 mil acampados em barracos de lona esperando ser assentados, ao mesmo tempo existem mais de 30 mil assentados, que também sofrem com a inoperância do INCRA, principalmente na parte de documentação e assistência para que possam de fato sobreviver pelo que gera o seu lote. De acordo com dados do IBGE o Centro-Oeste concentra o menor número de propriedades rurais (317,5 mil) e a maior área (103,8 milhões de hectares), implicando numa área média de 327 hectares, portanto está claro a inoperância da política agrária brasileira, que não conseguiu atingir o seu principal objetivo no país, a Reforma Agrária.

Além das pautas nacionais com o INCRA, os movimentos que se encontram mobilizados na causa, também estão pautando algumas questões a nível de estado, entre elas o fato do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), ter se reunido com uma comissão de negociação no final de fevereiro, ter solicitado a relação de cada um sobre a realidade da infraestrutura dos assentamentos e até o momento não ter dado nenhum retorno sobre isso.

Sobre o nome do superintendente do INCRA/MS que está em aberto desde a semana passada, quando Celso Cestari pediu demissão do cargo, é consenso dos movimentos debater essa assunto com o órgão nacionalmente não em torno de um nome, mas sim de que essa pessoa tenha compromisso com a Reforma Agrária, seja técnico e entenda de suas funções.

Desde o dia 1º de maio os movimentos sociais e sindicais de Mato Grosso do Sul estão em luta, após cinco dias da Marcha da Classe Trabalhadora do Campo e da Cidade, cerca de mil pessoas participaram de um grande ato em uma das principal praça de Campo Grande, a Ary Coelho, na manhã da última terça-feira (5), logo após isso os movimentos agrários deram continuidade a sua luta e ocuparam a sede do INCRA. Na ação de ocupação estão participando militantes do MST/MS, da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetagri), do Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária (MCLRA) e da Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul (CUT/MS).

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