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Tecnologias da Embrapa integram exposição no Museu do Amanhã

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29/04/2017 13h16

Fonte: Embrapa

Duas tecnologias da Embrapa fazem parte da exposição “Inovanças – Criações à Brasileira”, que foi lançada nessa terça-feira (25), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. As tecnologias escolhidas para compor a mostra são a língua eletrônica, desenvolvida pela Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), e o projeto de agricultura biossalina, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE).

Acesse aqui o site da exposição

De acordo com a assessoria do museu, “a nova exposição fará o visitante embarcar numa viagem pelo mundo das criações nacionais, apresentando grandes feitos e, em alguns casos, talentos poucos reconhecidos, com intuito de, sobretudo, inspirar outras invenções”. A mostra permanece em exibição até 22 de outubro.

A exposição, que ocupa 600 m², foi idealizada sem paredes – inspirada no filme “Dogville”, de Lars von Trier – e remete à fluidez do processo criativo. De acordo com o curador do Museu do Amanhã, Luiz Alberto Oliveira, a ideia é mostrar que não há limites nem barreiras ao conhecimento e à inventividade, e apoiar ações que promovam a sustentabilidade e contribuam para a popularização e difusão da ciência.

“Inovanças” – apresentada em parceria pelo Ministério da Cultura, o Museu do Amanhã e a Finep – traz cerca de 40 inovações (do high ao low tech, destacando as tecnologias sociais) que transformam e beneficiam indivíduos e grupos em todas as regiões do Brasil e até no exterior. As invenções são apresentadas em vídeos, com declarações de seus criadores, e presencialmente, com a exposição de objetos.

Áreas

As sete áreas da exposição remetem a diferentes características que a inovação brasileira apresenta, incluindo o conceito da inovação expandida, e homenageiam personagens da nossa história, além de outros que fizeram do improviso a matéria-prima de seu trabalho.

  1. Pyahu-Açu (“novidade grande”, em tupi-guarani): nesta área introdutória, o visitante se depara com vídeos que apresentam os conceitos-chave da exposição. Em telas, inovadores brasileiros falam de seus processos criativos e seus inventos. A necessidade ou o senso de oportunidade, aliado à criatividade, impulsiona a desenvolver ideias que transformam o ambiente.

  2. Inspirais: os processos naturais são fonte de inovação que impulsionam os humanos a buscarem soluções de forma criativa. A área apresenta criações inspiradas na natureza. Compreender o balé dos pássaros, por exemplo, conduziu a experimentos que deram origem a modernas aeronaves. Nesta busca pela excelência, pesquisadores unem biologia, engenharia, design e arquitetura.

  3. Errâncias: para se perpetuar, a vida teve de se adaptar a mudanças no ambiente ou mutações aleatórias. Errâncias naturais que originaram o novo, o diverso. Aqui, o processo de criação e seus desvios são valorizados. Tudo isso é importante para se chegar ao objetivo final.

  4. Brasilianxs: a história do Brasil pode ser contada de várias formas. Uma delas, pela inovação. A inovação de ser brasileiro só pode ser compreendida ao olharmos para as histórias de vida dos próprios cidadãos, algumas extraordinárias. A área apresenta os principais inovadores do país, seus principais erros, acertos e criações. Os personagens e seus inventos estarão no interior de guarda-chuvas que ocuparão o teto deste corredor, ligando as áreas “Errâncias” e “Imprevisto”.

  5. Inexspectata: o imprevisto, o inesperado (“inexpectata”, em latim), sempre acompanhou a história da humanidade. A irregularidade dos padrões climáticos, algo imprevisível que afetou profundamente o planeta, nos obrigou a buscar soluções para um cenário de incertezas. Ficou famosa a história da descoberta da penicilina pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming. Ao acaso, inadvertidamente, assim nascia uma das mais importantes descobertas da humanidade.

  6. Impromptu (“improviso”, em latim): a arte do brasileiro em criar soluções é o foco desta área. Dentro de uma palafita, experiências representam como a busca pelo improviso pode revelar soluções inovadoras. O “jeitinho brasileiro”, comumente destacado pelo aspecto negativo, pode ser um improviso baseado em criatividade e soluções amparadas por profundo rigor técnico. Neste espaço estará a Galeria dos Improvisadores, com referências a brasileiros craques no improviso, como o artista multifacetado Hermeto Pascoal, a comediante Dercy Gonçalves e o craque Mané Garrincha.

  7. Awani jö: a inovação não precisa ser um processo solitário. O fazer em conjunto (do iorubá, “awani jö”, ou “estamos juntos”) ressurge como plataforma para soluções mais ágeis, amplas e equitativas. A colaboração entre indivíduos heterogêneos estimula a inovação. A criatividade compartilhada pode mudar significativamente a vida de um grupo, o funcionamento de uma empresa ou apoiar o desenvolvimento do país. A área final da exposição mostra como a cooperação permite criar alternativas, formular ideias e reinventar processos e contextos socioculturais, locais de trabalho, serviços sociais, artes e linguagens.

Língua eletrônica

Desenvolvida pela Embrapa Instrumentação, a língua eletrônica utiliza inteligência artificial, sensores supersensíveis e capacidade de reconhecimento molecular para identificação de compostos químicos.

Suas principais aplicações estão na área industrial, mas graças ao esforço de uma equipe multidisciplinar, a tecnologia está entrando na área das aplicações médicas.

O projeto surgiu a partir da demanda da indústria pela automação na área da degustação – por exemplo, de medicamentos ou de alimentos não facilmente palatáveis, casos em que o uso de humanos não é viável.

Além disso, para controle rotineiro de qualidade na área de alimentos, ter um painel de degustadores humanos costuma ter custo elevado. Com a língua eletrônica, os resultados podem ser mais rápidos, menos subjetivos e mais viáveis financeiramente.

Agricultura biossalina

No Semiárido, o acesso à água é um sério problema enfrentado por grande parte da população, em especial nas áreas rurais. Se o acesso for à água de qualidade, a questão é ainda mais séria.

Devido à salinidade, a exploração convencional por meio de poços artesianos é um investimento pouco eficiente. Grande parte deles, quando não estão abandonados, tem uso limitado pela baixa qualidade das águas salobras.

Nas áreas do cristalino, existem atualmente cerca de 200 mil poços perfurados, com vazões médias em torno de 1.000 litros/hora. Isto estabelece um potencial de água a ser extraída da ordem de 292 milhões de m3/ano. Na maioria dos casos, no entanto, apresentam teores de sais superiores a 1 grama por litro, o que as torna não potáveis.

Os poços operados com equipamentos de dessalinizadores – cerca de 3 mil – conseguem extrair o sal e deixar parte da água com qualidade potável semelhante à mineral. Nesse processo, contudo, concentra todo o sal no volume não tratado, rejeito que, despejado no ambiente sem qualquer tratamento, causava grave problema ambiental.

O acúmulo desse material nas camadas superficiais torna a área imprópria para agricultura, com o risco de ser lixiviada pelas chuvas e atingir o lençol freático, explica o pesquisador Gherman Garcia Leal de Araújo, da Embrapa Semiárido.

Uma equipe multi-institucional e multidisciplinar coordenou estudos que levaram à proposição de um sistema de exploração que, integrado ao equipamento de dessalinização, aproveitasse os efluentes em atividades agrícolas produtivas, em vez de serem jogados no solo sem qualquer tratamento.

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