Fonte: Assessoria
Parlamentares das bancadas estadual e federal do Partido dos Trabalhadores estiveram nesta tarde na Governadoria, onde participaram de uma audiência sobre a morte do indígena Vitor Fernandes, 42, vítima de tiros no conflito ocorrido na sexta-feira (24) envolvendo policiais militares e os Guarani-Kaiowá na Fazenda Borda da Mata, ocupada no dia anterior, em Amambai, a 351 quilômetros de Campo Grande.
Tão logo ocorreu o conflito, os deputados estaduais Pedro Kemp, Amarildo Cruz e o federal, Vander Loubet formaram a comissão que pediu a reunião com o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), que aconteceu no Parque dos Poderes. Foi pedida a abertura de diálogo nas negociações quando houver conflitos envolvendo comunidades indígenas para que seja evitado derramamento de sangue.
Na ocasião, os deputados do Partido dos Trabalhadores questionaram o governador sobre a falta de mandado de reintegração de posse na ação de desocupação da área da Fazenda Borda da Mata. Manifestaram também preocupação sobre a forma como foi dada a ordem para a PM (Polícia Militar) atuar com uso excessivo de força tanto em terra quanto no espaço aéreo, com uso de helicóptero.
Os parlamentares também afirmaram que as forças de segurança, por sua formação, têm capacidade para atuar em situação de conflito sem que ocorram mortes. Essa preocupação é pelo fato de que não é a primeira vez, que em Mato Grosso do Sul, pessoas ficam feridas e há registro de morte em situações como a de Amambaí. É uma prática que tem se repetido no Estado, alertou os parlamentares durante a audiência para pedido de providências.
Os deputados também questionaram e pediram o esclarecimento sobre um vídeo que circula na internet e que mostra uma pessoa sendo supostamente executada. Na terça-feira (28), a bancada estadual do PT vai apresentar um requerimento oficial ao governo estadual para que seja feita uma perícia e apurada a denúncia.
Por fim, os deputados do Partido dos Trabalhadores reafirmaram a necessidade de uma intervenção junto ao governo federal para garantir o prosseguimento dos processos de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas em Mato Grosso do Sul como uma ação concreta e definitiva dos problemas que se arrastam há décadas e que já deixaram muitas vítimas, mortes das lideranças indígenas, principalmente das etnias Kaiowá e Guarani.
Durante a audiência, o governador de Mato Grosso do Sul respondeu sobre a indagação a respeito da presença da PM, sem ordem judicial na área em Amambaí, com a justificativa de que foi um atendimento policial a uma ocorrência de esbulho (entrada ilegal em propriedade privada) e que a morte durante a operação será investigada. O governador disse que assim que receber o requerimento, protocolado na Assembleia Legislativa, vai determinar a perícia sobre o vídeo em questão para apurar se de fato houve execução.
