17/04/2018 10h02
Fonte: Redação
Amambai (MS)- Valorização da produção local pela própria comunidade, gerar emprego e renda, além de dar visibilidade a população indígena do município. Esses são alguns dos objetivos da feira Tekoha Guapoy, na Aldeia Amambai, que chegou a sua 4ª edição no último sábado (14).
O professor e vereador Ismael Guarani Kaiowá (PMDB), um dos responsáveis pela iniciativa, falou sobre os desafios para realizar a Feira, em relação à logística e também no convencimento da comunidade que a iniciativa é viável e que o produto tem valor.
“A gente tem muita dificuldade de convencer a própria comunidade de que o produto nosso é melhor que o da cidade … muita gente prefere comprar o pão lá na cidade do que comprar o pão produzido na aldeia “, disse ele.
Disse ainda que “muita gente fala que o índio não trabalha, que é preguiçoso (…) queremos mostrar para toda a comunidade que nós temos produção e temos produtos de qualidade”.
Variedade em produtos
Produtos alimentícios como mandioca, alface, batata doce, mexerica, pão, mamão, banana, milho, galinha caipira, abóbora…assim como artesanatos feitos de palha, madeira e tecido também foram expostos na feira.
“A feira é muito boa, porque a gente aproveita o nosso produto e mantemos nossa aldeia”, disse Cataleano Escobar. Em dois alqueires, ele produz mandioca, abóbora, feijão e milho para seu próprio consumo e o excedente, levou para comercializar na feira.
A artesã Doralice Assis Moraes, de 38 anos produz cestas e conta que começou a produção há apenas dois meses, já voltada para o comércio na feira. “Faço as cestas com palha de taquara, aprendi com a minha irmã faz dois meses e vou ensinar os meus cinco filhos a fazerem”, disse
Para a psicóloga da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Paula Rodrigues, a feira é um espaço de participação social onde a psicologia é aplicada no que tange ao convívio social. “A psicologia tem que ser construída dentro da comunidade e para que ela atinja as margens, ela precisa ser construída com o cidadão, então a feira é um espaço de participação e expressão social que contribui muito com isso (…) a gente através da educação popular de saúde, humanização, de plantas medicinais fitoterápicas, dos artesanatos como as formas de expressão específica desse povo, os Guarani-Kaiowá, trabalhamos nesse aspecto”, afirmou Paula.
A psicóloga entende ainda que os Guarani Kaiowá devem e podem construir este espaço de visibilidade. “Eles podem falar por eles, tem muita gente falando por eles e por elas (…) a feira veio de ideia da comunidade.”, concluiu.
4ª Edição
A quarta edição da feira Tekoha Guapoy aconteceu no último sábado (14), dentro da programação alusiva as comemorações do Dia do Índio, celebrado na próxima quinta-feira (19), a Semana dos Povos Indígenas.
Iniciando logo pela manhã, a feira contou com venda de produtos, além de exposição de fotofrafias, danças, rezas e até mesmo batismo indígena.
Desafios
Destinação correta e combate ao desvio de recursos, assistência técnica rural, parcerias, criação de espaço adequado para a comercialização, formalização dos pequenos empreendimentos rurais na aldeia, preparo do solo, sementes, óleo diesel… são alguns dos desafios a serem vencidos.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) tem entendimento sobre todas essas necessidades, mas não promete nada e, pior, diz que a perspectiva não é favorável. O coordenador regional da Funai, Elder Paulo Ribas da Silva, esteve na Feira e afirmou que no ano passado a Funai repassou apenas R$ 50 mil para serem investidos nas comunidades indígenas da região de fronteira, que somam cerca de 33 mil índios.
Ele sabe dos desafios e da importância da agricultura familiar para o desenvolvimento das comunidades indígenas, mas diz que “é o momento das comunidades se organizarem com iniciativas que garantam a sustentabilidade sem depender da Funai”.
Veja abaixo vídeos e fotos da 4ª edição da feira:
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