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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Alfaiate: ofício em extinção

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23/05/2016 15h46 – Atualizado em 23/05/2016 15h46

Alfaiate: um ofício em extinção

Fonte: Da Redação

Amambai (MS)- A cada dia que passa novas tendências de moda surgem no mercado. Camisas, calças, vestidos, ternos. Todos passam por revolução em seus modelos para que melhor se adequem a tendência do momento.

Sim, isso é ótimo, pois aquece o mercado financeiro e desperta a caridade, já que muitos doam as roupas que a moda atual já não aceita. Mas apesar desses benefícios, toda essa transformação de tendências e conceitos tem favorecido a extinção de uma profissão que praticamente foi a precursora de todo o universo da moda, a alfaiataria. E é sobre esses profissionais, que já tiveram sua época de ouro, mas que hoje se encontram praticamente extintos que vamos falar.

História da alfaiataria

A atividade de um alfaiate é considerada uma das mais antigas do mundo, existe desde 1297. A ocupação nasceu depois do Renascimento, época que surgiu uma preocupação maior em mostrar as formas do corpo.

O papel do alfaiate cresceu nas sociedades da época porque nem todos conseguiam confeccionar suas próprias roupas e por isso era necessária a ajuda de uma terceira pessoa, no caso, o alfaiate.

No Brasil, os primeiros alfaiates chegaram junto com a corte portuguesa e foram passando seus conhecimentos por gerações.

O profissional em Amambai

Em Amambai, não sendo diferente de outras cidades da atualidade, a presença do alfaiate é mínima, já que, com a industrialização do setor têxtil, a procura pelo profissional tem se tornado a cada dia mais escassa.

Um dos únicos que resistiu em Amambai é Mariano Olazar Medina, que exerce a profissão há mais de 45 anos. Ele conta que quando chegou ao município, na década de 70, outros alfaiates existiam na cidade, mas,com o passar do tempo, desistiram da profissão.

“Logo que cheguei em Amambai, em 1972, a concorrência era grande, eram cerca de quatro alfaiatarias, cada uma com três funcionários ou mais, porque nossos serviços eram muito procurados, ou seja, nós já tivemos nossa época de ouro como profissionais”, afirma o profissional.

Mariano começou a trabalhar com alfaiataria por incentivo da família, que já tinha em seu meio profissionais da área. Segundo Mariano, ao colocá-lo para trabalhar em uma alfaiataria, seu pai teve como objetivo ensinar-lhe uma profissão.

Mariano comenta sobre o que mais gosta e menos gosta de sua profissão:

“O que eu mais gosto da minha profissão é o reconhecimento que temos, porque é muito gostoso quando você ouve um elogio para o seu trabalho ou quando alguém chega até você dizendo que viu o seu trabalho e resolveu te procurar, isso é o mais satisfatório; mas como nem tudo são flores, temos também o lado ruim da profissão, que é entre outras, a exigência exagerada de algumas pessoas, que não entendem que às vezes eu não posso fazer do jeito que elas desejam porque não daria certo”. E brinca: “E cá entre nós, para que a roupa tenha um bom caimento é necessário que o cliente também tenha um corpo legal”.

Em seus 45 anos de profissão, 37 deles em Amambai, Mariano já confeccionou trajes para pessoas importantes do município como juízes e autoridades militares. Segundo ele, isso é motivo de grande orgulho. “Confeccionei inúmeros ternos para autoridades aqui de Amambai, um deles era o juiz Zaloar Murat Martins, além de fardas para militares de alta patente do 17º RC MEC”, lembra orgulhoso o alfaiate.
Uma das razões que favorecem a extinção da alfaiataria, segundo Mariano é a pouca exigência quanto ao bem vestir. “Nas décadas de 80 e 90 foi o nosso auge porque usava-se muita roupa social, já hoje as pessoas não tem nenhuma exigência, elas estão na onda de vestirem de qualquer jeito para ir a qualquer lugar, este está sendo o problema atual”, explica Mariano.

Apesar das dificuldades enfrentadas pela profissão, como falta de valorização e espaço no mercado de trabalho, Mariano diz ser muito grato a profissão, com a qual conquistou bens e pode criar os filhos. “Sou muito grato a minha profissão, porque com ela consegui ter a minha casa, criar meus três filhos e formar dois deles”, comemora o alfaiate.

Mariano começou a trabalhar com alfaiataria por incentivo da família / Foto: Moreira Produções

Em seus 45 anos de profissão, 37 deles em Amambai, Mariano já confeccionou trajes para pessoas importantes do município, como juízes e autoridades militares. / Foto: Divulgação

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