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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Até 2013, Escola Agrícola de Amambai deve fechar suas portas

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29/02/2012 15h54 – Atualizado em 29/02/2012 15h54

“Problema não é a falta de recursos, mas sim a falta de compromisso com a educação.”

Da Redação / Fernanda Moreira

Primeiro foi o Ensino Fundamental. Uma resolução municipal de 2009 determinou que o ensino fundamental da Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal, da rede municipal de ensino de Amambai, fosse, de forma gradativa, sendo desativado. O ano de 2011 foi o último que contou com uma turma de ensino fundamental.

Agora é o Ensino Médio que está sendo desativado aos poucos. Neste ano, já não foi mais aberta a turma do primeiro ano. Somente duas turmas – uma do segundo e outra do terceiro do Ensino Médio – estão em funcionamento.

A unidade escolar foi construída na gestão do ex-prefeito Geraldo Felipe Corrêa, implantada na gestão do ex-prefeito Anilson Rodrigues de Souza e está sendo desativada na atual administração municipal. Há 23 anos a Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal atende alunos, a grande maioria da área rural, do município e da região sul do Estado. É á única escola agrotécnica da região sul do Estado.

Secretaria de Estado de Educação está ciente da situação

Já no ano de 2011, foi enviado à secretária de Educação do Estado do Mato Grosso do Sul, Maria Nilene Badeca da Costa, um ofício de agradecimento ao empenho dado pelo governador André Puccinelli em firmar um convênio para manutenção da Escola Agrotécnica de Amambai. No documento, a secretária também foi informada que as atividades da escola estariam em desativação progressiva, pois como em 2009 foi iniciado o processo desativação do Ensino Fundamental, o Ensino Médio, mantido pela Escola Estadual Vespasiano Martins, também seria desativado ainda em 2011.

Depois de enviado o ofício, toda a estrutura da Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal ficaria à disposição da Secretaria de Educação a partir deste ano de 2012, sendo mantido o Ensino Médio pela Escola Vespasiano até o final do ano letivo.

De acordo com o diretor do Vespasiano, José Carlos da Silva, a tendência vista é de que a Escola Agrotécnica encerre suas atividades no final do ano letivo de 2013, sendo que neste ano, foram oferecidos apenas o 2º e 3º anos do Ensino Médio.

“A Escola Agrícola na verdade já era pra ter sido desativada, pois de nenhum lado, tanto municipal quanto estadual, há interesse em manter a instituição. Gera custo e não há tantos benefícios, então ela foi sendo desativada aos poucos, provavelmente, no ano que vem haverá apenas o 3º ano do Ensino Médio e depois será fechada”, alerta José Carlos.

35 alunos estudam hoje na escola

Atualmente, 35 alunos estão divididos nas duas salas do Ensino Médio, que mantém as aulas em período integral onde os alunos têm, além das disciplinas básicas (Português, Matemática, Física, Química, História, etc.), matérias relacionadas ao trabalho de campo e pesquisas agropecuárias, formando técnicos agrícolas que saem prontos para o mercado de trabalho.

O Ensino Médio da Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal funciona desde o ano de 2008, sendo mantida pela Escola Vespasiano Martins.

Vespasiano é beneficiada pelos cursos técnicos da Agrícola

Segundo o diretor José Carlos, a Escola Estadual Vespasiano Martins é beneficiada pelos cursos técnicos que são desenvolvidos na Escola Agrotécnica. “Os cursos técnicos contribuíram para que a Escola Vespasiano Martins saísse na frente com os laboratórios”, diz o diretor.

De acordo com José Carlos, a manutenção da Escola Agrotécnica é de responsabilidade tanto do poder municipal quanto do governo do estado.

“O estado contribui cedendo os professores, coordenação pedagógica e 50% da merenda servida na escola. Já o município fica com a parte de infraestrutura, funcionários, os outros 50% da merenda e a contratação de um coordenador técnico”, explica José Carlos. Mas nesse ano de 2012, houve a mudança que a Prefeitura de Amambai não irá mais bancar o coordenador técnico.

Problema não é a falta de recursos, mas sim a falta de compromisso com a educação

“É algo que acontece, o poder municipal não vê a Escola Agrotécnica como nós profissionais da educação vemos, com esse ideal de valorizar a educação, valorizar o ensino que é realizado nessa instituição”, diz o diretor. Ele finaliza dizendo que o problema da Escola Agrotécnica não é a falta de recursos provenientes do governo, mas sim a falta de compromisso com a educação oferecida na escola e com os alunos que procuram a instituição.

“Nesse ano houve procura de pelo menos 15 alunos, era pra ter sido aberta a turma de 1º ano do Ensino Médio, mas infelizmente, se não houver uma parceria forte entre os governos do Estado e do Município, o destino da Escola é mesmo fechar as portas”, conclui José Carlos.

Posição da secretaria municipal de Educação

Em contato com a secretária de Educação do município de Amambai, Zita Centenaro, ela explicou que, o que houve na Escola Agrotécnica foi a falta de divulgação das vagas oferecidas para o Ensino Médio, além do que, a escola teve uma baixa procura por vagas durante o ano.

Sobre o Ensino Fundamental, ela diz que a escola tinha poucos alunos, uma média de 25 por turma, o que gerava uma despesa “exorbitante” e pouco retorno. Porém, de acordo com a secretária, a Prefeitura de Amambai está tentando instalar cursos técnicos federais e cursos profissionalizantes na Escola Agrotécnica.

“A Prefeitura não vai deixar a Escola Agrotécnica abandonada, sem um destino”, disse Zita. Além disso, continua a secretária, a parceria entre a Prefeitura e a secretaria estadual de Educação se mantém enquanto for oferecido o Ensino Médio na unidade.

Enquanto não são tomadas atitudes para resolver o impasse da Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal, alunos do Ensino Fundamental da Escola Municipal Júlio Manvailer que participam do programa Mais Educação (ensino integral) utilizam as dependências da unidade para desenvolver atividades pedagógicas e de lazer.

Opinião de pai de aluno

“Acho o cúmulo o município não se preocupar com o destino da Escola Agrícola, pois não é toda cidade que tem uma escola com o ensino que é oferecido aqui. Acho que ao invés de fechar a escola, o município devia se empenhar para manter o ensino e melhorar ainda mais a escola”, reclama Silvio Buss, pai de aluno da Escola Agrotécnica.

“Meu filho no começo não gostava de estudar na Agrícola, mas agora ele adora, é uma das melhores escolas de Amambai, o que falta mesmo é investimento do poder público na escola, mas realmente, se fechar será muito ruim”, finaliza Silvio.

Histórico da Escola

A Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal está instalada em área junto à fazenda Itapoty, localizada na rodovia que liga Amambai a Aral Moreira, na altura do km 15. Foi criada através da lei municipal 1.427/87.

Está instalada em uma área de 100 hectares, recebida de doação de Júlia de Oliveira Cardinal. Possui 30 hectares de reserva natural, 20 hectares com pastagens, 40 hectares destinados a lavouras diversas e 10 hectares de área construída.

A Escola iniciou suas atividades no ano de 1988, provisoriamente nas dependências da escola municipal Antônio Pinto da Silva. No ano de 1989, o Conselho Estadual de Educação autorizou seu funcionamento.

No ano de 2000, teve sua denominação alterada conforme lei municipal 1.584/00 para Escola Municipal Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal. Nesse mesmo ano passou a pertencer ao Sistema Municipal de Ensino.

Desde sua criação, a escola oferecia o Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano, com pré-qualificação em agropecuária, atendendo alunos de Amambai e região em regime de internato e semi-intern
ato em turno integral.

No ano de 2008, foi implantado o curso técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio, uma extensão da escola estadual Vespasiano Martins.

Com edição de Viviane Viaut

Matéria sugerida por leitor do jornal eletrônico Amambai Notícias

Há 23 anos a Escola Agrotécnica Lino do Amaral Cardinal atende alunos, a grande maioria da área rural, do município e da região sul do Estado.

José Carlos, diretor do Vespasiano Martins.

A Escola Agrotécnica é a única escola agrotécnica da região sul do Estado.

Zita Centenaro, secretária municipal de Educação.

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