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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Jovem francesa visita Amambai para observar relações culturais

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10/07/2017 08h27

Manon Groppi Bloyet é educadora social na França e veio para o Brasil com o intuito de observar a relação entre diferentes culturas

Fonte: Redação

Amambai (MS)- Sair do seu país de origem e visitar povos distantes poder ser uma experiência didática. É isso que a jovem francesa de 25 anos, Manon Groppi Bloyet, faz no Brasil. Ela chegou às terras brasileiras no início do mês de junho, mas agora está em Amambai, a fim de observar a cultura no município. A jovem está instalada na casa dos jornalistas José Luiz Moreira e Viviane Viaut.

Manon é uma educadora social que vem de uma cidade chamada Marselha, localizada ao Sul do país francês, em busca de experiências sociais e culturais que sirvam de aprimoramento para seu trabalho, que é com refugiados menores de 18 anos.

“De início, fiquei interessada no Brasil porque ouvi falar de algumas práticas sociais que ajudam as pessoas a desenvolverem seus potenciais, além de ouvir muito a respeito do pedagogo Paulo Freire, e claro da cultura brasileira, que é muito rica”, disse Manon, que chegou a Amambai no domingo (2).

Por se tratar de um país com muitas culturas diferentes, o Brasil despertou o interesse de Manon principalmente para entender como essas diversidades vivem entre sim, por isso, ela visitou outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo, onde pôde observar bem essas diferenças, além de conhecer um pouco mais sobre a organização do Estado brasileiro.

Em Amambai, o interesse da francesa está em conhecer e entender a relação cultural entre os indígenas Guarani-Kaiowá e os não-índios, moradores na cidade. “Meu interesse aqui em Amambai é sobre as relações entre as pessoas das diferentes culturas (…) Eu quero ver como se organiza a vida entre os povos Guarani-Kaiowá e as pessoas da cidade, se há um troca entre eles, como é a visão do governo para com eles, além de ver como essas pessoas vivem a diferenças”, explicou a educadora social.

O Brasil não é só festa

Diz o ditado popular que a primeira impressão é a que fica e a primeira impressão que Manon teve do Brasil, foi bem diferente das festas, danças que são a marca registrada do país, foi a desigualdade social existentes no país, principalmente nas grandes cidades que ela visitou. “Quando desembarquei no aeroporto Galeão no Rio, logo peguei o ônibus e passei por lugares suburbanos da cidade até chegar ao hotel e para mim, era como se tivesse duas sociedades diferentes, dois mundos diferentes nesse país”, disse.

Essa diferença ficou ainda mais latente quando a jovem ficou hospedada na casa de uma família – que encontrou graças a um aplicativo que permite conhecer pessoas que acolhem estrangeiros em suas casas – e que moravam em uma favela do Rio. “Com essa família eu descobri outra parte do país e da cultura brasileira, descobri uma outra realidade”, afirmou.

Ainda no Rio de Janeiro, Manon participou visitou universidades a convite de um professor conhecido de seu irmão e da filha do casal que a acolheu em sua casa. “Assisti a uma aula sobre Paulo Freire em uma Universidade a convite de um professor universitário conhecido de seu irmão, além de ir também com uma filha do casal que me hospedou, pude conhecer o mundo da universidade brasileira e pude perceber que as universidades no Brasil estão um pouco ameaçada neste momento por conta das greves”, disse ela.

Segundo Manon, o Brasil que os estrangeiros conhecem é diferente do que ela pode conhecer participando das aulas, vendo as diferenças sociais. “O povo francês em geral não conhece bem a cultura brasileira, eles têm uma ideia de danças, músicas, festas, esta é a primeira ideia que se tem sobre o Brasil lá na França e aqui eu pude perceber que não é só isso, participando das aulas, vendo o modelo de universidade que existe aqui é uma boa maneira de conhecer de fato o país e não somente visitar seus pontos turísticos”, ressaltou.

Sobre a Amambai

Sobre a Cidade Crepúsculo, Manon afirma não ter uma opinião formada ainda por conta do pouco tempo que está no município.

“No momento eu não tenho muito o que dizer de Amambai, eu preciso de um pouco mais de tempo para conhecer, mas o que me parece é, que por se tratar de uma cidade localizada próximo outro país, os traços culturais se misturam”, disse a francesa. E explicou: “Por conta da língua estrangeira, eu preciso de um pouco mais de tempo para aprender”.

A preparação para a viagem começou quatro meses antes

Uma viagem para um país desconhecido demanda certa preparação e planejamento. Para Manon, o primeiro passo foi aprender a língua, que até então era desconhecida.

“Na França, mais propriamente na cidade de Anecy, onde trabalhei antes de vir para cá eu tive a sorte de conhecer uma professora brasileira, a Gisele Viaut, que começou a me ensinar a língua quatro meses antes da minha viagem, posso dizer que minha viagem já começou ali, foi a minha primeira aproximação do país”, lembrou.

Apesar de ter um bom domínio da língua, Manon conta que gostaria de se comunicar ainda mais com os brasileiros, mas que enfrenta certa dificuldade. “Foi difícil no começo e é difícil hoje por eu não encontrar palavras quando eu preciso (…) eu gostaria de falar várias coisas, mas eu devo selecionar palavras e tem coisas que eu não posso dizer porque eu não sei como, mas eu vejo isso como uma motivação, porque eu amo aprender”, disse.

A maior dificuldade encontrada pela jovem, principalmente nas grandes cidades, foi ter noção do que era perigoso ou não, já que ela não conhecia o país e com um agravante: era uma mulher e estava sozinha. Para driblar isso, Manon lembra que contou com a ajuda de algumas pessoas, que sinalizava o que era perigoso para ela.

A busca pelo aprimoramento profissional

Essencialmente, a vinda de Manon para o Brasil tem o objetivo de aprimoramento profissional, já que a mesma trabalha o lado social de jovens refugiados, que chegam à França sozinhos, e isso demanda outras visões de mundo, segundo ela. “Poder sair do meu país e encontrar uma nova cultura, novas sociedades é uma riqueza para mim e isso com certeza vai melhorar minha maneira de trabalhar”, disse.

O trabalho de Manon consiste em dar suporte para que as pessoas, no caso refugiados, encontrem um estabilidade, para que relações sociais sejam instituídas. “É um momento muito delicado, porque a França abriu as portas para os refugiados, mas não consegue dar todo o suporte necessário, qeu é o que muitas pessoas precisam e é aí que entra meu trabalho, eu tento buscar junto a essas pessoas, uma solução para esse problema”, explicou. E finalizou: “O meu interesse nesta dinâmica é ver quais alternativas podem existir para realizar meu trabalho da menor maneira possível”.

Manon é uma educadora social que vem de uma cidade chamada Marselha / Foto: Arquivo Pessoal

A primeira parada de Manon foi no Rio de Janeiro / Foto: Arquivo Pessoal

Em Amambai, Manon já participou de muitas atividades com a comunidade indígena, como festas julinas, por exemplo / Foto: Arquivo Pessoal

Manon ao lado da professora brasileira que lhe ensinou o português, Gisele Viaut / Foto: Arquivo Pessoal

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