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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Amambay – patrimônio da união

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27/04/2015 16h08 – Atualizado em 27/04/2015 16h08

Por: R. Ney Magalhães¹

Nos meus primeiros anos de bancos escolares aprendi que as áreas de terras situadas à margem direita do Rio Amambay eram “contestadas” ou simplesmente pertenciam ao Governo Federal e assim não poderiam ser requeridas ou vendidas aos Colonos pelo Departamento Fundiário do então Estado de Mato Grosso. As terras das Vilas que se formavam tais como Iguatemy, Vila União hoje Amambai, Ipehum hoje Paranhos e Antonio João agora Coronel Sapucaia pertenciam à União, e o Estado portanto não tinha poder sobre elas. A grafia originalmente era com Y.

Nossos avós colonizadores vindos do Rio Grande do Sul adentravam pelo Paraguay e através de Paranhos/Ipehum ou Ten. Antonio João/Capitan Bado retornavam ao território Brasileiro procurando ultrapassar o Rio Amambay em busca de segurança jurídica nos seus negócios e na organização da nova Querência. Tenente Antonio João era o nome do povoado que hoje se denomina Município de Coronel Sapucaia.

Eram consideradas “contestadas” as terras desde as vertentes e cabeceiras do Rio Amambay, localizadas na periferia da zona urbana da atual cidade de Coronel Sapucaia até sua foz, e pelo Rio Parana abaixo pelas fronteiras secas demarcadas pós-guerra do Paraguay.

Valentes e audaciosos rio-grandenses, entre eles meu bisavô Clemens Berghan de Albuquerque também conhecido como coronel Clementino, junto com os Xavier, Brum, Maciel, Peixoto, Machado, Moreira, Vargas, Batista, Manvailler, Crespo, Cavalheiro, Mascarenhas, Lima, Espíndola e tantos outros pioneiros ousaram cravar suas raízes por aqui, surgindo assim a Vila União que hoje é o prospero município de Amambai, agora sem o charmoso Y do passado. Não devemos nunca esquecer a força de trabalho da Empresa Mate Larangeira (com G mesmo) fundada e criada pelo catarinense Tomaz Larangeiras, cuja exploração de erva-mate se constituiu na primeira e principal riqueza natural regional.

Ultrapassando e sanando em parte as “contestações” sobre a brasilidade deste Território, coube ao meu saudoso amigo, também rio-grandense, Engenheiro Agrônomo Lycio Proença Borralho – PTB, eleito Deputado Estadual cumprir sua promessa de campanha para com todos nós indicando a Lei N.131 que criou o Município de Amambai a 28 de setembro de 1948.

Burocratas de plantão, por iniciativa dos Institutos INDA E IBRA que precederam ao INCRA colocarem novamente em dúvida a validade e legalidade das Terras Regionais, incluindo desta vez todos os municípios da fronteira com o Paraguay e em uma distancia de 150 Kms. com diferentes e variáveis obrigações aos 100 e aos 60 Kms.

Nos meados de 1970 o próprio INCRA agravou a questão através de Portarias que tentavam vetar hipotecas sobre a terra nua nos Empréstimos do Credito Agrícola do Banco do Brasil para os proprietários de Títulos e Escrituras emitidas pelo então Departamento de Terras do Estado. A Segunda Colonização novamente vinda do Sul, por volta de 1069/70 então fortalecida por paranaenses e catarinenses dava inicio aqui ao emergente agronegócio brasileiro, e esse colapso da economia seria fatal. Porem nossos representantes políticos foram competentes e o Presidente General Ernesto Geisel comandava verdadeiramente a Nação. Nos primeiros sinais dessas arbitrariedades nosso Sindicato Rural alertado pelo Gerente do BB Valter Rossi, rapidamente recebeu apoio do Ministro Delfin Neto e a consequente determinação do Presidente Geisel autorizando o INCRA a promover a imediata RATIFICAÇÃO dos Registros das terras, reconhecendo-as como propriedades legais. Com a tranquilidade alcançada o prospero agronegócio condicionou a criação do MS e continuamos a produzir alimentos e o bem estar das famílias e das finanças regionais.

No entanto, nos últimos anos vergonhosamente assistimos aos “saques e roubos” contra os cofres públicos praticados pelos políticos que agora estão no Poder. Essa corrupção motivou a recessão e trouxe de volta a inflação. A Imprensa investigativa publicou os crimes e a Policia Federal já colocou muitos poderosos na cadeia.
Como consequência, apesar da baixa internacional do Petróleo em cinquenta por cento todos nós estamos pagando o diesel e a gasolina mais caros do Mundo. Pela incompetência administrativa e pelos roubos estamos pagando muito mais pela energia elétrica, pelos fretes, pelo transporte etc. A persistir este quadro governamental, onde a corrupção impera em todas as esferas da Republica o Brasil corre o risco de se tornar uma Republiqueta bolivariana e Amambai voltar a ser Patrimônio da União.


  1. Produtor Rural e Fundador do Sindicato Rural de Amambai.

Amambay - patrimônio da união

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