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domingo, 6 de julho de 2025

Adeus, George Solitário – Morreu o animal mais raro do mundo

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06/07/2012 15h05 – Atualizado em 06/07/2012 15h05

Fonte: Brasil 247

Tive sorte de visitar o arquipélago das Ilhas Galápagos em setembro 2011, quando George Solitário ainda estava vivo e saudável. Pude vê-lo e fotografa-lo de bem perto. Na Fundação Charles Darwin, na ilha de Santa Cruz, ocupava um confortável recinto, todo feito para ele e suas duas companheiras fêmeas, jabotis gigantes como ele, mas pertencentes a outras subespécies. George tinha entre 100 e 120 anos, não se sabe ao certo, mas um quelônio gigante da subespécie Geochelone nigra abingdoni pode chegar a viver 200. Uma autópsia será realizada para determinar a causa da morte. Ele está no “Guinness”, o livro dos recordes, como o réptil mais raro e mais ameaçado do planeta.

Imagino, com um aperto no coração, como estará o já velho Fausto Llerena, o homem que cuidava de George Solitário havia 40 anos, e que o encontrou morto na manhã desse domingo. Conversei com Fausto durante minha visita à Fundação. Para ele, George não era um simples animal. Era um amigo, era quase uma entidade sobrenatural. Dizia que o enorme jaboti o esperava toda manhã, diante do portão do recinto. George o reconhecia e o saudava levantando a baixando o longo pescoço repetidas vezes. Quarenta anos é uma vida, e certamente ninguém entendia melhor a linguagem de George do que Fausto, seu tratador.

Sem crias e na falta de outro indivíduo conhecido de sua subespécie, George Solitário ficou conhecido como a criatura mais rara do mundo. Ao longo de décadas, ambientalistas tentaram, sem sucesso, fazer com que essa tartaruga terrestre de Galápagos se reproduzisse com fêmeas de subespécies geneticamente parecidas. George não desdenhava suas namoradas, e com elas se acasalava com frequência. Mas, por algum mistério ainda não desvendado da genética, os ovos que elas punham eram sempre estéreis.

Símbolo de Galápagos

George Solitário foi identificado na ilha de Pinta, uma das mais antigas do arquipélago das Galápagos, pela primeira vez em 1972, por um cientista húngaro. Na época, acreditava-se que sua subespécie já havia sido extinta. O jaboti, então, tornou-se parte de um programa de procriação no Parque Nacional de Galápagos. George se tornou um símbolo de Galápagos, que atraem 180 mil visitantes por ano.

George e Fausto Llerena, o tratador que cuidou dele durante 40 anos

Exemplo da vulnerabilidade da fauna de Galápagos, George Solitário viu todos os jabotis próximos morrerem por causa da invasão de cabras introduzidas em sua ilha pelos colonizadores. As cabras simplesmente destruíram a vegetação que servia de alimento para os quelônios. George acabou sozinho.

Os jabotis gigantes eram abundantes nas ilhas Galápagos até o final do século 19, quando começaram a ser caçadas por pescadores e marinheiros, atraídos pela carne do animal. Aí começou seu processo de extinção.

As diferenças na aparência das tartarugas terrestres das diferentes ilhas de Galápagos foram um dos elementos usados por Charles Darwin para formular sua Teoria da Evolução. Cerca de 20 mil jabotis gigantes de outras subespécies ainda vivem nas ilhas. Hoje, sabe-se que ao menos três subespécies do animal foram extintas, restando 11 nas ilhas.

Na Fundação Charles Darwin, na Ilha de Santa Cruz, biólogos cuidam de filhotes de jabotis gigantes

Genética poderá trazer de volta a subespécie

Em 2007, foi encontrado, na ilha de Isabela, um exemplar de tartaruga terrestre de Galápagos com cerca de 50% dos genes das tartarugas de Pinta, o que deu esperanças de ainda haver outras como George.

Por isso, foi criado um projeto para coleta de amostras de sangue do maior número possível de tartarugas na ilha para posterior análise genética e comparação a George e a espécies já extintas.

Os pesquisadores já retornaram, mas a análise ainda não foi concluída.

Vídeo:

Este belo vídeo da BBC Wildlife, “Lonesome George and the Battle to save Galapagos”, explora a coexistência das populações humana e animal das ilhas e introduz aquele que foi a maior celebridade das Galápagos, George Solitário, a última tartaruga gigante da ilha de Pinta que ainda vivia.


Adeus, George Solitário - Morreu o animal mais raro do mundo

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