18/04/2013 22h10 – Atualizado em 18/04/2013 22h10
Fonte: Da Redação
“Ser Índio é pintar o corpo e viver nu; Ser Índio é amar a natureza, respeitá-la, sabendo que dela sai o seu alimento; Ser Índio é viver feliz por entre as matas em busca de aventuras; Ser Índio é pescar, caçar e ser feliz; Ser Índio é não ter vergonha e ter orgulho de si e enfrentar o inimigo; Ser Índio é tomar a chicha e comer mbejý com a comunidade; Ser Índio é agradecer ao Deus Tupã pela terra, pelo sol e pela chuva; Ser Índio é dançar quáchire e bate-pau todos os dias; Ser Índio é chegar a homem branco e dizer: “mi ser Índio com muito orgulho”. Ser Índio é ser livre. Ser Índio é isso tudo e muito mais. É não ter vergonha do sangue que corre em suas veias, enfrentar a sociedade “branca”. É vencer a discriminação e com muita convicção chegar lá e dizer: “Eu também posso e consegui”. Ser Índio não é viver com duas ou três garrafas de álcool por aí a perambular; Ser Índio é acreditar em cada novo amanhecer que chega; Ser Índio é viver a vida, acreditar em simples fatos; Ser Índio é ser você mesmo.” (Ismael Morel, professor de Educação Física).
A programação alusiva ao Dia do Índio nas três aldeias do município de Amambai – Amambai, Limão Verde e Jaguari, é voltada a recreação dos indígenas que pertencem às reservas.
Durante esta semana, as comunidades indígenas foram contempladas com música, apresentações artístico-culturais, disputas esportivas e sessões de cinema. O ponto alto da programação acontece nesta sexta-feira (19), Dia do Índio, com a sequência das atividades recreativas e esportivas e gincana. Também terá nesse dia almoço com churrasco.
A iniciativa é encampada pelas lideranças da aldeia com o apoio do poder público municipal e empresas da cidade.
Não é a toa que o público predominante nas comemorações é formado por crianças e adolescentes.
É na área rural que se concentra a maior proporção de crianças e adolescentes. Este é quadro geral do país apontado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre a população indígena, a proporção de crianças, adolescentes e jovens indígenas até 24 anos de idade, concentra 52% da população total indígena, enquanto na área urbana este percentual atinge 41% e na área rural é de 65%. Os dados do IBGE são de 2000, mas a realidade atual não é diferente.
Os últimos dados oficiais, não tão recentes, pois são de 2006, indicam uma população indígena em Amambai de 7.088 pessoas, das etnias Guarani Kaiowá e Guarani Ñandeva, assim distribuídas: Aldeia Limão Verde – 1.175; Aldeia Amambai – 6.663 e Aldeia Jaguari – 150.
No Brasil, 14% do território nacional é formado por terras indígenas e a população indígena, atualmente, é de 860 mil habitantes.
A extensão do território e do povo indígena é diretamente proporcional às necessidades das comunidades. Na enquete do jornal eletrônico Amambai Notícias, o eleitor respondeu à pergunta: O que as comunidades indígenas mais precisam? Trabalho foi resposta preponderante entre as opções recebendo 38.33% dos 227 votos totais, o equivalente a 87 votos. Os demais votos foram: Políticas Públicas em geral – 21.15% (48 votos); Respeito – 9.25% (21 votos); Terras – 8.37% (19 votos); Assistência Social – 7.49% (17 votos); Autonomia – 7.05% (16 votos); Agricultura – 3.08% (7 votos); Escolas – 3.08% (7 votos) e Saúde – 2.2% (5 votos).
Mesmo com as inúmeras dificuldades e desafios atuais, os jovens são otimistas e têm orgulho de serem índios. Um dos exemplos é Ismael Morel, professor de Educação Física na Escola Mbo’eroy Guarani/Kaiowa, na aldeia de Amambai. Em 2006, ele foi eleito Educador Nota 10 e recebeu o troféu do Prêmio Victor Civita por ter ensinado danças guaranis aos seus alunos – todos dessa mesma etnia.
O trabalho de Ismael merece destaque e reconhecimento porque tenta retomar a trajetória de seu povo. Confinados numa área demarcada que garante pouco mais de 3,4 mil metros quadrados por indivíduo, os 7 mil indígenas que vivem na aldeia praticamente esqueceram a ideia do deslocamento nômade. Não há mais espaço para a caça e sobrou muito pouco da mata, o rio está poluído, alcoolismo e drogas penetram facilmente na comunidade.
O grande peso social e cultural do trabalho de Ismael equilibra-se com sua função pedagógica. Ismael, ao tratar desse conteúdo, teve a sacada de optar pela dança do próprio povo. O movimento que resulta das coreografias desenvolve a força, a agilidade e a percepção rítmica (e faz muito mais pela cultura guarani).
Nesta semana, durante as comemorações alusivas ao Dia do índio, os alunos da escola estadual Mbo’eroy Guarani/Kaiowa estiveram presentes com sua dança. Os rezadores da aldeia Amambai também estavam lá. O guachiré (dança da alegria) embalou os sonhos. Lado a lado, o novo que se preocupa com a tradição, e os representantes de uma cultura que teima em persistir, se encontram.
Há espaço para todos. O importante é “Ser Índio, não ter vergonha e ter orgulho de si”.
Depoimentos
“Ser indígena é ter orgulho da cultura, da tradição e da língua materna”- Elizeu Ribeiro, professor.
“Precisamos de mais respeito e menos discriminação por parte do branco. Por causa de um indígena tratam todos como uma panela só” – Janete Ferreira, 28 anos.
“Nós conquistamos cada dia mais direitos e precisamos comemorar nosso dia com diversão e a reunião de todos os indígenas” – Suelina Franco, 21 anos.
“Gosto e tenho muito orgulho de ser indígena, temos uma ligação com nossos patrícios, somos como uma grande família” Maiara Sanches e Marivania Lima, alunas do 2º ano da escola indígena.
“Essa festa é de grande serventia para que recordemos dos nossos antepassados, como eles viviam e a cultura, unindo a todos” – Solange Vasquez, líder de um grupo de amigas.
“Existe uma diferença entre nós e os brancos, nós conversamos com os vizinhos, cuidamos da natureza e aprendemos coisas que passam de geração em geração” – Patricia Gonçalves, 1º ano da escola indígena.
“Esperamos que no futuro seja melhor, mais limpo e mais civilizado continuando com o sentimento de ser indígena porque me orgulho disso” – Osmar Moraes, acadêmico de Administração.
(Fonte: Alunos guaranis aprendem danças indígenas na escola / http://pedagogiadaservi.blogspot.com.br/2011/04/especial-dia-do-indio.html)




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