13/06/2014 13h32 – Atualizado em 13/06/2014 13h32
Fonte: FIFA
Para se reconstruir algo a partir de ruínas, é preciso lançar mão de um arsenal de arquitetos, pedreiros e engenheiros. Já a seleção da França, reduzida a escombros após as recentes decepções nos grandes torneios internacionais, preferiu recorrer a outro Arsenal, o de Londres, a fim de buscar duas armas fundamentais para o seu trabalho de reestruturação.
Destaques dos Gunners, Olivier Giroud e Laurent Koscielny são hoje sólidos pilares dos Bleus, que na Copa do Mundo do Mundo da FIFA Brasil 2014 têm a árdua tarefa de apagar o fiasco protagonizado na África do Sul 2010. “Estamos em fase de reconstrução, porque a seleção ainda é associada a Knysna (cidade em que a França ficou concentrada na última Copa) e à campanha de quatro anos atrás”, lamentou Giroud em entrevista à FIFA, recordando a eliminação na primeira fase e a má impressão deixada pelos então vice-campeões mundiais na África do Sul. “Os franceses ainda não esqueceram, mas queremos mostrar que podemos honrar as cores do país nesta Copa do Mundo.”
De fato, acima de qualquer coisa, os homens de Didier Deschamps vieram ao Brasil para mudar a imagem que ficou vinculada à seleção da França desde o festival de erros cometidos na África do Sul. “Não conversamos entre nós sobre as coisas que aconteceram lá”, disse Giroud. “A maioria dos jogadores não estava naquele grupo. Além disso, preferimos olhar para frente do que ficar pensando no passado. O que temos feito nos últimos meses é muito animador. Houve uma onda de apoio à equipe, graças, evidentemente, aos bons resultados obtidos e à classificação que conquistamos contra a Ucrânia.”
Duas baixas no canteiro de obras
No caso de Laurent Koscielny, aquela repescagem contra os ucranianos não traz tantas boas lembranças. Expulso no jogo de ida, em que a França perdeu por 2 a 0, ele teve que apoiar seus companheiros do lado de fora na partida de volta. Não fosse a incrível vitória por 3 a 0, o zagueiro não estaria tendo hoje a oportunidade de disputar sua primeira Copa do Mundo. “É um recomeço”, analisou Koscielny, que já tinha jogado ao lado de Giroud na temporada 2008/09, quando ambos disputaram a segunda divisão francesa com a camisa do Tours. “A seleção está se sentindo bem, tanto dentro quanto fora de campo, como vimos nas últimas partidas. Precisamos continuar jogando da mesma maneira e manter o estado de espírito e o bom ambiente, com um lutando pelo outro. Para chegar longe, é preciso avançar junto.”
Mas nem tudo é alegria no canteiro de obras dos Bleus. Durante os trabalhos de reconstrução, Clément Grenier e Franck Ribéry tiveram que ser cortados por problemas de lesão. “Franck estava com dores nas costas havia semanas e não treinou muito conosco. Era algo previsível”, admitiu Giroud, antes de retomar o discurso otimista. “Temos que virar a página, já basta o quão difícil isso foi para ele. Infelizmente, ele não estará conosco, mas faremos de tudo para que sinta orgulho da seleção.”
Segundo Koscielny, o valor do atacante do Bayern de Munique para a França é inestimável, mas seu infortúnio servirá de motivação para a equipe dentro de campo. “É sempre muito complicado perder companheiros, ainda mais Franck, que é nosso melhor jogador”, comentou o zagueiro. “Ele é muito importante no vestiário e conversa bastante com todo mundo. Sua alegria de viver é vital para nós. Mas outros jogadores integraram o grupo e a atmosfera continua excelente, ainda que precisemos digerir essas duas baixas. Agora queremos chegar o mais longe possível, especialmente por eles.”
Fundações sólidas
Além de deixar um vazio no vestiário, a ausência de Ribéry obrigou a França a repensar seu esquema tático. Foi justamente o que Deschamps tratou de fazer nos últimos amistosos de preparação, em que diversas fórmulas foram testadas. “Temos muitas combinações possíveis no ataque, com Loïc Rémy, Mathieu Valbuena e Karim Benzema”, avaliou Giroud, autor de dois gols contra a Noruega (4 a 0) e outro contra a Jamaica (8 a 0). “Há um bom entrosamento entre nós, porque temos estilos complementares, o que é muito interessante para a equipe. É uma vantagem ter tanta diversidade no ataque”, acrescentou a respeito de um setor que conta também com Antoine Griezmann, Moussa Sissoko e Rémy Cabella.
Tantas armas serão úteis na estreia dos Bleus diante de Honduras, que promete ser um osso duro de roer. “Sabemos que será complicado, que eles jogam um futebol muito físico e que a disputa de bola será intensa”, previu Koscielny. “Mas temos muita qualidade. Talvez sejamos um pouco mais técnicos, mas também somos capazes de responder fisicamente.”
As fundações da reconstrução estão sólidas. Jogo a jogo, tijolo a tijolo, uma nova seleção francesa erigirá do solo no Brasil.
