23/06/2014 13h43 – Atualizado em 23/06/2014 13h43
Fonte: FIFA
O quanto uma equipe pode mudar em quatro anos? No caso dos Estados Unidos, o processo de renovação imposto por Jürgen Klinsmann fez com que a seleção chegasse à Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 com uma cara totalmente nova em relação a 2010. E, não, não estamos apenas falando da ausência de nomes como Landon Donovan ou Carlos Bocanegra, mas, sim, de uma mudança de postura que afetou positivamente dois dos jogadores que estiveram na África do Sul.
Nos Estados Unidos de Klinsmann, Michael Bradley e Clint Dempsey receberam missões diferentes das que tinham na última Copa: a de se concentrarem no ataque – e o resultado não poderia ser melhor. Assim como na vitória contra Gana, ambos foram novamente decisivos no empate em 2 a 2 com Portugal, que deixou os americanos muito próximos das oitavas de final.
Assumindo parte do papel que cabia a Donovan, Bradley deixou de lado o trabalho de marcação que exerceu durante anos e resolveu partir para cima. Contra Portugal, ele foi mais uma vez o cérebro da equipe, apareceu diversas vezes na área e só não marcou um gol porque Ricardo Costa tirou a bola em cima da linha. Já Dempsey, uma espécie de meia ofensivo em 2010, cumpriu à risca a função do lesionado Jozy Altidore e marcou um gol que daria inveja a qualquer centroavante: concluindo de peito dentro da pequena área.
“Eles são incríveis. O Clint assumiu bem a responsabilidade de ser o nosso atacante, enquanto o Michael pode jogar em várias posições. Mas ele sabe atacar e criar as chances na frente”, analisa ao FIFA.com o experiente Tim Howard, que acompanhou a evolução de ambos antes, durante e após o mundial sul-africano. “Eles são nossos melhores jogadores. É por causa deles que estamos nesta situação.”
Além de Howard, Kyle Beckerman também assistiu de perto a esta transformação – justamente ele que, hoje, briga por todas as bolas na antiga posição ocupada por Bradley. “O Michael só está melhorando a cada ano. É sua segunda Copa do Mundo e ele tem assumido mais responsabilidades. O Jürgen pediu para que atacasse mais, e é isso que ele vem fazendo”, explica também ao FIFA.com.
Versatilidade
Apesar da diferença em relação a 2010 – e também de como atuava em clubes como Borussia Mönchengladbach, Chievo e Roma –, Bradley não vem exercendo uma função exatamente nova, e os diversos gols que marcou pelo Heerenveen ainda entre 2006 e 2008 comprovam essa sua afinidade perto da área. “Eu sempre fui um jogador que gostou de estar no meio de campo, tentando trazer um impacto positivo ao jogo. Então, se precisamos ir mais à frente, sei que posso ser útil ao time fazendo esse papel”, explica o camisa 4 americano ao FIFA.com.
E indo à frente, Bradley não só quase marcou aquele gol como teve participação fundamental na virada novamente ao aparecer desmarcado na área portuguesa. Foi pouco depois de ver seu chute ser bloqueado pela zaga que Dempsey entrou em ação para completar de peito e confirmar que a aposta de Klinsmann estava mais do que certa. “Claro que a lesão do Jozy nos obrigou a mudar um pouco a tática, foi então que fui mais para frente. Mas nosso time tem essa característica, com jogadores versáteis, que sabem finalizar e têm personalidade”, conta o novo “matador” americano.
Com ambos bem à vontade e liberados para atacar, os Estados Unidos deram um largo passo rumo à classificação e agora têm um último desafio na primeira fase, justamente o mais perigoso de todos: contra a Alemanha. E, por precisarem de apenas um empate, não seria surpreendente que tanto Bradley como Dempsey se revezassem entre as novas e velhas funções. Afinal, o espírito batalhador deste novo time americano é algo que não mudou em relação a 2010.
“Michael e Clint serão mais uma vez importantes no nosso esquema, qualquer que seja a função deles. Vai ser um jogo duríssimo, então todo mundo terá que se doar ao máximo”, aponta Kyle Beckerman. “Teremos que marcar com 11 jogadores, mas atacar com 11 jogadores também, sempre com muita garra. Assim será possível passar.”
