24/06/2014 10h19 – Atualizado em 24/06/2014 10h19
Fonte: FIFA
Didier Deschamps previu tudo. Em um meio-campo congestionado na partida contra a Suíça, o técnico da França sacrificou a habilidade de Paul Pogba pelo estilo discreto e menos espetacular de Moussa Sissoko. O resultado foi uma enfática vitória por 5 a 2, construída com a contribuição do meio-campista que entrou na Copa do Mundo da FIFA no mesmo ritmo em que vem desde a base do Toulouse: em plena velocidade.
“Conforme nos dissemos no começo da competição, compartilhamos o mesmo objetivo e o treinador sabe que ele pode esperar a mesma coisa de cada um dos 23 integrantes do elenco”, explica à FIFA o jogador do Newcastle, que saiu do banco no segundo tempo do jogo de estreia contra Honduras. “Cada um está preparado para entrar em campo a qualquer momento. Não fui titular na primeira partida, fui na segunda, mas me preparo da mesma maneira nos dois casos para comparecer na hora certa.”
O meia correspondeu às expectativas de Deschamps, impondo a sua força física, esbanjando resistência e adiantando a marcação na saída de bola suíça. “Soubemos marcar nos primeiros 15 minutos e fizemos dois gols no intervalo de 30 segundos, o que fez muito mal aos suíços e nos lançou perfeitamente”, analisa ele sobre o começo de jogo dos Bleus, que foram para o intervalo vencendo por 3 a 0.
Na volta dos vestiários, a seleção francesa permaneceu no caminho certo, enquanto Sissoko se desdobrou nas duas direções, apoiando a defesa e participando do festival ofensivo. Como recompensa, deu origem ao quarto gol e anotou ele mesmo o quinto com um chute de chapa muito bem colocado. “Uma primeira participação na Copa do Mundo e um primeiro gol, não posso estar mais feliz”, diz o jogador de 24 anos, que ainda não havia balançado as redes nos outros 18 jogos que disputou pela França. “São momentos com os quais sonhamos quando jogamos futebol, e estou contente de compartilhá-los com esta equipe.”
Sissoko estreou com a camisa francesa em agosto de 2010 convocado pelo então técnico Laurent Blanc, mas não chegou a ser chamado para disputar a UEFA Euro 2012. A volta à seleção aconteceu em outubro de 2012, já com Deschamps, e o meia se sente à vontade em um grupo que se transformou bastante desde a classificação ao Mundial na repescagem. “Melhoramos o nosso nível regularmente desde a segunda partida contra a Ucrânia”, garante ele, referindo-se à vitória por 3 a 0 após a derrota por 2 a 0 no jogo de ida. “Desde então, nos estamos conscientes de que temos as qualidades necessárias para realizar algo grandioso, e é isso que agora estamos mostrando ao mundo.”
Essa ascensão da França se parece com a trajetória meteórica do próprio jogador. Nascido na perirferia de Paris de pais malineses, Sissoko sonhava em seguir os passos do ídolo Mahamadou Diarra. Formado e revelado no Toulouse, estreou na primeira divisão francesa em 2007, aos 17 anos, e conquistou espaço na seleção sub-21. “Nascer em um bairro desprivilegiado, ver os pais trabalhar, vir de uma família numerosa, tudo isso é uma força para mim”, comentou ele à época. “É isso que faz com que eu tenha algo a mais, tenha sempre garra dentro de mim, tenha sempre vontade de ir mais longe.”
Foram seis anos no Toulouse até a transferência para a elite inglesa. Contratado pelo Newcastle em janeiro de 2013, o meia se adaptou à Premier League sem sobressaltos. Autor de dois gols numa vitória sobre o Chelsea logo na sua primeira partida em casa, Sissoko justificou o anúncio feito ao chegar. “A Inglaterra é feita para mim, corresponde ao meu estilo de jogo. Aproveitei essa oportunidade e estou muito feliz de estar no país do futebol.”
No outro “país do futebol”, o Brasil, o próximo adversário dos franceses será o Equador, e com a possibilidade de garantir a liderança do Grupo E nesta quarta-feira no Maracanã. “Fizemos duas boas partidas, com muitos gols, entrosamento, boas jogadas defensivas e excelentes ações no ataque”, avalia Sissoko, talvez já pensando em retornar ao Rio de Janeiro no próximo dia 13 de julho. “Vamos tentar jogar como estamos fazendo desde o início do torneio e ser solidários dentro de campo. Se conseguirmos, a França pode chegar bem longe”, conclui.
