24/06/2014 10h43 – Atualizado em 24/06/2014 10h43
Fonte: FIFA
Aos 17 minutos do segundo tempo, o árbitro levantou a placa e anunciou a entrada do jogador número 14 do México. Nos dois primeiros jogos no Brasil 2014, essa substituição havia ocorrido aos 29 da etapa final. Entrava em campo ninguém menos que Javier Chicharito Hernández, terceiro maior artilheiro da história do selecionado asteca, com 36 gols.
No entanto, ele carregava um peso grande sobre as costas: já fazia um ano e um dia que não anotava pelo seu país. A última vez havia sido justamente no Brasil, contra o Japão, pela Copa das Confederações da FIFA.
Hernández entrou em uma partida truncada, que estava empatada em 0 a 0. Porém, 20 minutos depois, a Arena Pernambuco (que mais parecia uma filial do Estádio Azteca, lotada de mexicanos) o via marcar o terceiro gol da noite para o México. O FIFA.com conversou com o craque em entrevista exclusiva após a partida que encerrou o seu jejum de gols pela seleção.
Quando um gol é mais do que um gol
A história começou numa bola parada, como no primeiro gol do México. A bola subiu e Chicharito se posicionou. Não era um instante qualquer. Pela cabeça dele passavam muitas coisas que, após a bola transpor a linha do gol, simplesmente passaram a fazer parte do passado.
“Foi um desafogo”, inicia Hernández. “Este ano foi muito complicado e difícil. O que um jogador mais precisa é de confiança, e eu não tinha isso. Pouca gente confiou em mim durante esta temporada. Dedico este gol especialmente ao meu avô, que está fazendo 85 anos e fez o sacrifício de vir para cá. Dedico a todos que estiveram comigo nas horas boas e ruins, como a minha família e minha esposa. Eles sabem que é nos momentos mais complicados que eu gosto de trabalhar ainda mais.”
Hernández logo volta os olhos para a realidade, apesar de a grande vitória sobre a Croácia permitir ao México sonhos mais altos. “Estamos muito felizes, muito contentes, mas é preciso ter muita calma, humildade e simplicidade”, destaca o atacante do Manchester United. “Este foi apenas um passo a mais, um passo muito importante, mas apenas um passo. Para fazer história precisamos vencer a Holanda e seguir subindo a escadaria que traçamos lá no início.”
Embora ele tenha ficado muito tempo longe das redes, não é uma casualidade que os gols tenham voltado. Mesmo que a pontaria não esteja afiada, a movimentação de Chicharito gera espaços que os seus companheiros de equipe aproveitam. “Gosto de jogar futebol, adoro me divertir. Houve jogos em que muitos me elogiaram por ter jogado bem, embora eu não tenha dado sequer um chute a gol. Isso é o que há de mais bonito do futebol, não vivemos só de fazer gols. É claro que é preciso marcá-los, mas como jogador é preciso colaborar com a equipe e se sacrificar por ela.”
Com os jogos do dia finalizados e os Grupos A e B já definidos, o México sabe que enfrentará nas oitavas de final a Holanda, uma seleção que se destacou no Brasil 2014 por ter um ataque letal. Um dos artilheiros da Laranja é Robin van Persie, companheiro de clube de Hernández. “É um grande centroavante. Tem uma técnica impressionante que o torna um jogador de classe mundial. É um dos atacantes mais rápidos do mundo. Aprendi muito com ele, me ajudou muito.”
Mesmo com a perspectiva de enfrentar um forte adversário, o atacante mexicano prefere comemorar o momento. “A partir de amanhã pensaremos neles, agora é preciso curtir a vitória no que resta do dia. Curtir com toda essa gente bonita que tornou a noite de hoje uma noite inesquecível nas arquibancadas.”
