11/02/2015 12h39 – Atualizado em 11/02/2015 12h39
Atletas de Amambai representam o município e o Brasil em mundial de Kung Fu
Egberto José da Silva e Gabriel Oliveira, da escola Dragões de Fogo de Amambai, estarão competindo com os melhores do mundo durante três dias, em Mendonza, Argentina, com mais 30 atletas do Brasil.
Fonte: Da Redação
Amambai (MS) – Na primeira segunda-feira deste mês, dia 2, foi divulgada a lista dos convocados para a Seleção Brasileira de Kung Fu Kuoshu Tradicional. Amambai terá dois representantes representando o país no Mundial que acontece em Mendonza, na Argentina, entre os dias 25 e 27 de setembro desse ano.
Egberto José da Silva e Gabriel Oliveira estarão competindo com os melhores do mundo durante três dias, junto a mais 30 atletas do país, entre eles, cinco do Mato Grosso do Sul, contando com mais um de Ponta Porã, um de Chapadão do Sul e um de Campo Grande.
Egberto compete em três modalidades: rotinas de mãos nuas, armas especiais e armas curtas. “Deixei de lutar há algum tempo, devido a problemas no joelho, mas estarei competindo em três rotinas e ainda com a chance de competir em mais duas, que ainda não têm um competidor escolhido”, conta ele. Gabriel estará competindo na modalidade luta até 75 kg.
Egberto, que é proprietário e professor da escola Dragões de Fogo de Amambai, ele só participou de um mundial até hoje, em 2003, no Brasil, onde competiu na divisão aberta, que não precisa de convocação. “A competição acontece de três em três anos e eu nunca mais tive a oportunidade de participar, por falta de verba”, diz ele.
Em 2012, o atleta amambaiense foi convocado para a competição, que aconteceria na Malásia, mas devido à distância e o pouco apoio, não teve condições de competir. “Finalmente, neste ano de 2015, novamente fui convocado e o mundial acontece na Argentina, que é perto daqui e tenho certeza que irei”, acrescenta.
O único problema, segundo Egberto, é ter que participar todo mês dos treinos que acontecem no estado de São Paulo, onde não pode faltar nenhuma vez ou perde sua oportunidade.
Egberto conta que no momento está tranquilo, mas que conforme a data vem chegando a ansiedade vai aumentando. “Estou treinando sempre que posso, nas horas de folga; estou confiante e focado no meu treinamento, a ansiedade vai chegar, mas até agora estou bem”, diz o professor.
Sobre a conquista da vaga, Egberto afirma ser fruto de um trabalho da vida toda. “Todo atleta quer chegar à seleção dentro de seu esporte, é uma sensação fantástica saber que mesmo se não ganhar nada, terei feito parte dos melhores do mundo”, conclui.
Sobre o profissional
Nascido em Coronel Sapucaia, Egberto se criou em Amambai e desenvolveu o interesse pelas artes marciais quando assistiu o filme Karate Kid, aos 7 anos. “O filme me chamou muita atenção, fiquei impressionado com o Karatê e aqui na cidade não havia nada parecido”, conta ele.
Segundo Egberto, foi aos 11 anos que uma das academias de Amambai começou a oferecer o curso de Kung Fu, algo que ele nem mesmo sabia o que era. “O professor da academia onde eu fazia aulas de futebol sorteou uma bolsa para o curso que segundo ele era Judô, ninguém sorteado teve interesse e como ele já me conhecia, ofereceu pra mim e de cara aceitei, não sabia o que era Judô também e no final das contas, era Kung Fu”, lembra o professor.
Durante seis anos, Egberto conta que teve vários professores, pois nenhum parava no município. As artes marciais não eram profissionalizadas na época, não haviam faixas e nem a didática que existe hoje.
O profissional conta que desde essa época, se apaixonou pela arte marcial e até hoje, após 25 anos, não vive sem o esporte.
Sobre a Dragões de Fogo
No ano de 1996, o professor se mudou para Dourados, com o intuito de cursar uma faculdade, mas foi apenas em 1998 que ele encontrou a Dragões de Fogo e começou a treinar novamente. “Como eu já tinha experiência, graduei rápido e quando voltei a Amambai em 2000, já era instrutor”, conta ele.
De acordo com Egberto, a ideia inicial não era abrir uma escola, mas que ao encontrar um amigo que era proprietário de academia, decidiu dar aulas. “As academias foram fechando e eu pulando de uma para a outra, até ir para a escola Terra Mater, na época em que ela fechou então decidi abrir a Dragões de Fogo”, explica.
O nome da escola foi em homenagem ao lugar em que se tornou instrutor que durante sua passagem por lá enfrentou diversos problemas. “Os alunos que se formaram instrutores decidiram abrir novas escolas com o mesmo nome, sendo algumas delas em Ponta Porã, Chapadão do Sul, Naviraí e aqui em Amambai”, continua.
Hoje, a Dragões de Amambai é reconhecida em todo o Estado e até mesmo dentro do país, devido aos diversos títulos que conquistou. Egberto atende um total de 130 alunos e pretende dobrar esse número ainda neste ano, com um projeto social.
Sobre o esporte
O retrospecto positivo nas competições de 2012, 2013 e 2014 colocaram o atleta amambaiense entre os melhores do Brasil, tendo conquistado os estaduais de 2012, 2013 e 2014, os Campeonatos Brasileiro de 2012, 2013 e 2014 e o vice-campeonato das Américas no Rio de Janeiro em 2014.
Egberto, que já participou de sul-americanos, pan-americanos e até mesmo já carregou a tocha olímpica, é considerado um dos melhores em todo o país, bem como o Mato Grosso do Sul é considerado o estado mais forte no esporte.
Segundo ele, hoje em dia as artes marciais estão bem divulgadas graças ao MMA, mas apesar disto, o Kung Fu continua não saindo tanto na mídia.
Já quanto ao seu reconhecimento, Egberto conta que agora que foi convocado sente a diferença. “Eu já conquistei seis campeonatos brasileiros e as pessoas me olham como se não fizesse diferença nenhuma, mas agora param e me parabenizam pela conquista, fico feliz por ser reconhecido pelo que faço”, conclui.




