15/09/2015 13h55 – Atualizado em 15/09/2015 13h55
Paraguai é quarto país a receber Circuito Cultura Viva
Fonte: MinC
O Paraguai foi o quarto país sul-americano a receber o Circuito Cultura Viva, projeto criado pelo Ministério da Cultura (MinC) com objetivo de divulgar, a redes e gestores culturais, a Política Nacional de Cultura Viva, na qual estão incluídos os Pontos e Pontões de Cultura. A secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Ivana Bentes, esteve de quinta (10) a sábado (12) na capital Assunção, onde se reuniu com coletivos, grupos culturais e representantes do governo paraguaio e participou da IV Reunião da Comissão da Diversidade Cultural do Mercosul.
“O Paraguai é um país em que as forças conservadoras destituíram um presidente eleito em 2012, mas também em que a sociedade civil se rearticula em várias frentes”, destacou Ivana Bentes. “A Secretaria Nacional de Cultura paraguaia tem grandes afinidades com o MinC nas questões indígenas, na cultura de fronteiras do Sul e também na cultura de base comunitária”, completou a secretária.
Um dos principais desdobramentos da caravana foi a assinatura de um acordo de cooperação entre Brasil e Paraguai para o fortalecimento da Cultura Viva na fronteira entre Brasil e Paraguai. O objetivo é romper barreiras para a troca de tecnologias entre os dois países. A diretora de Diversidade e Processos Culturais da Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai, Zulma Mais, virá em breve ao Brasil para conhecer de perto as políticas que estão sendo implementadas pelo MinC, em especial, o Cultura Viva.
Aos representantes de países que compõe o Mercosul, Ivana Bentes apresentou, durante a IV Reunião da Comissão da Diversidade Cultural do Mercosul, as diversas políticas do Ministério da Cultura, tais como a Rede Cultura Viva, as que estão sendo construídas junto aos povos originários, as de salvaguarda e memória propostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Programa IberCultura Viva.
Ivana Bentes discutiu, durante o evento, ideias para impulsionar a criação de um observatório de cultura comunitária em rede, realizar um levantamento e compilar informações que subsidiem a criação de políticas e a revitalização de outras. Representantes da Argentina, Bolívia, Uruguai, Venezuela, Chile, Colômbia, Equador e Peru também apresentaram ideias e propostas a serem consolidadas de forma participativa.
O conceito de Cultura de Redes e as centenas de experiências das redes de cultura brasileiras, que estão atuando cada vez mais de forma participativa, dando uma nova cara para a economia da cultura do Brasil, também foram discutidos. Na oportunidade, Ivana conheceu outras experiências de gestão, como as da Venezuela e as da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), referente à Década do Afrodescente da América Latina.
Cultura Viva Comunitária Paraguai
No sábado, o Circuito Cultura Viva foi até Areguá, comunidade que fica a uma hora de Assunção e que reúne artesãos, escolas de bioconstrução e uma população indígena numa periferia rural ameaçada pelo agronegócio. Ivana Bentes conheceu a plataforma Arandu Yvu – Cultura Viva Comunitaria Paraguay, dirigida por Ruben Caseres, um dos entusiastas do Programa Cultura Viva brasileiro. Ela também visitou o Centro Cultural da España Juan Salazar, importante entidade local que há 25 anos trabalha com projetos sustentáveis de erradicação da pobreza.
“O país vive um contexto econômico ruim e sofreu retrocessos com a crise política. A onda conservadora e a instabilidade política varrem a América Latina, mas quem resiste há séculos de opressão jesuíta, à ditadura, ao agronegócio e o empresariado inventa linhas de fuga e mundos outros”, destacou Ivana.
Somos Gay
A sede do movimento cultural Somos Gay, que realiza uma série de atividades culturais, atos políticos e de formação, também foi um dos pontos do percurso do Circuito Cultura Viva em Assunção. A entidade instalou uma clínica de atendimento a portadores de HIV dentro da sede, com decoração vibrante e informal. “Eles fazem da formação em política, saúde, cultura para a população LGBT, um ambiente afetivo e acolhedor”, destacou Ivana. A Somos Gays foi recentemente recebida pelo Papa Francisco.
“Não basta toda a informação racional sobre os direitos dos gays, os mil estudos de gênero, o politicamente correto, a fala acadêmica, as estatísticas e o discurso alarmista sobre AIDS e nem as boas consciências, enquanto não houver uma mudança afetiva, cotidiana, amorosa, logo política”, enfatizou Ivana.
Percurso Cultural
Ivana visitou, ainda, o Museo del Barro de Assunção. O espaço é dedicado à arte indígena e popular do Paraguai. “A cosmovisão indígena desloca a questão da arte ocidental de seus cânones para um “buen viver” estético, uma estética da existência dos povos originários que coloca a noção de diversidade temporal, espacial e a criação de mundos no centro de outra contemporaneidade”, afirmou. “No Paraguai, a língua Guarani e a força da cultura indígena estão vivas e agem no contemporâneo, problematizando a história da arte que excluiu os indígena”, destacou.
