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domingo, 14 de setembro de 2025

Quatro ameaças ao crescimento constante da economia chinesa

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21/10/2015 10h12 – Atualizado em 21/10/2015 10h12

A queda acentuada da bolsa de valores de Xangai, nesta semana, e o seu impacto global levantaram temores sobre a saúde da economia chinesa.

Fonte: BBC Brasil

Além disso, a China desvalorizou a moeda local, o yuan, numa tentativa de tornar suas exportações mais competitivas após as vendas internacionais do país terem registrado queda. A produção interna também caiu.

Em dia menos tenso, o mercado financeiro de Xangai fechou em -1,3% nesta quarta-feira, mesmo após estímulos promovidos pelo governo, e a baixa foi acompanhada pelas bolsas europeias – mas não pelas americanas e pelo Ibovespa. Este último subiu 2,7%. Mas analistas preveem que a volatilidade continuará nos mercados internacionais.

Seria o fim do milagre chinês? Não, opina John Ross, professor do Instituto de Estudos Financeiros Chongyang da Universidade Renmin, de Pequim, em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

“A China está crescendo a 6,5% ou 7%, três vezes mais do que os Estados Unidos e quatro vezes mais que a Europa. É uma economia que tem saído de um ritmo de crescimento ‘super sensacional’ de 10% por ano para um ‘sensacional’, que é o atual”, disse Ross.

Outro dado comparativo: enquanto Estados Unidos e Europa têm taxas de juros de quase zero para estimular suas economias há quase sete anos, a China reduziu sua principal taxa de juro em 0,25 ponto percentual, para 4,6%.

Mas isso não significa que não haja problemas na China. E, devido ao papel central que desempenha no comércio global, um recuo em sua economia tem consequências em todo o mundo, Brasil incluído.

O futuro da segunda maior economia do mundo depende da solução de quatro temas-chave:

1. Queda de investimentos e mudança de modelo de crescimento

O crescimento econômico chinês nos últimos dez anos se deve muito mais ao investimento do que à exportação de produtos ‘Made in China’. Neste período, o país teve um ritmo impressionante de crescimento de dois dígitos.

O investimento aumentou durante a crise financeira de 2008 – representava 35% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000 e ultrapassou os 50% após a queda do banco de investimentos americano Lehman Brothers.

2. Desvalorização e exportações

O sinal de alarme sobre a China soou forte com a desvalorização cambial realizada em agosto.

Em junho, as exportações caíram 8,3% devido a queda da demanda mundial e alta do custo de trabalho chinês, consequência da mudança do modelo que estipula aumentos salariais para estimular o consumo.

Em 11 de agosto, o Banco Central chinês iniciou um processo de desvalorização do yuan que se prolongou por três dias. A cotação da moeda caiu 3%, e gerou-se um temor global de uma “guerra cambial” – quando países desvalorizam suas moedas para ganhar vantagem competitiva para suas exportações.

Muitos analistas avaliam que a desvalorização está mais vinculada ao desejo chinês de resposicionar o yuan como divisa internacional, incorporando-a às moedas com direitos especiais de giro do Fundo Monetário Internacional (FMI). Até agora, apenas euro, libra, iene e dólar americano têm essa classificação.

“É uma estratégia a longo prazo para situar o yuan neste cenário”, disse Mellahi.

Com uma moeda atada ao valor do dólar, a China sofreu com a valorização da moeda americana nos últimos 12 meses, que encareceu sua própria moeda em cerca de 10%.

Mas desvalorizar a moeda até recuperar esse valor tornaria a dívida do país insustentável.

3. Dívida e inflação

Um dos efeitos mais perigosos do modelo baseado no investimento é a emissão de títulos de dívida necessária para sustentá-lo, algo que pode sair do controle.

Há outro perigo concreto que enfrenta a economia chinesa: deflação. Os preços médios têm caído nos últimos 40 meses.

Este fenômeno pode levar a um processo deflacionário, no qual uma empresa teria que vender seus produtos por menos do que pagou por eles, o que aumentaria o montante de sua dívida e o perigo de falências.

4. Desemprego

Um fator estratégico para o governo chinês é o nível de desemprego, crucial para a paz social – e um dos debates sobre a mudança do modelo econômico chinês é o impacto que ele terá no mercado de trabalho.

Segundo dados oficiais, a taxa de desemprego variou pouco nos últimos cinco anos. Em 2014, foi de 4,09%, pouco mais alta que os 4,05% registrados em 2013.

Mas o Labour China Bulletin (LCB), editado em Hong Kong e especializado em assuntos trabalhistas, diz que esse índice subestima o número real de desempregados.

“O índice oficial registra apenas o número de pessoas que buscam emprego em relação ao total de empregados urbanos. Ignora os trabalhadores rurais, os imigrantes e os que têm trabalho parcial ou casual”, disse.

De acordo com o FT Confidential, serviço de investigações do jornal Financial Times, houve uma contração da demanda de trabalho em julho.

Segundo Mellahi, a “China tem uma linha vermelha: o emprego. Se a situação piorar e afetar o nível de emprego, então, vai ser irresistível a tentação de voltar a estimular a economia com um novo plano de investimento em infraestrutura”.

Quatro ameaças ao crescimento constante da economia chinesa

Foto: BBC

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