13/03/2016 12h00 – Atualizado em 13/03/2016 12h00
Fonte: BBC Travel
O deserto mais quente do mundo foi inundado de flores. Amplas faixas amarelas forraram o solo normalmente árido, com brotos se erguendo altos e com pétalas vívidas que irradiam a luz da manhã. Com nomes como “esteira roxa” ou “fantasma de cascalho”, eles pontilharam o cenário com fúcsias e brancos etéreos.
Essa superfloração de espécies silvestres ocorre, em média, uma vez a cada década no Parque Nacional do Vale da Morte, o maior do território contíguo dos Estados Unidos.
O local atrai cerca de 1 milhão de visitantes por ano, vindos de todo o mundo. Mas raramente turistas fazem uma viagem “bate-e-volta” ao parque, como uma família que dirigiu a noite inteira vinda do norte da Califórnia e que encontrei aqui, deslumbrando-se com a paisagem.
Este é o poder de um fenômeno que é, ao mesmo tempo, raro e passageiro.
Influência do El Niño
A receita para a superfloração no Vale da Morte parece simples: chuvas fortes, seguidas de temperaturas amenas e chuviscos mais leves.
Se fizer muito calor ou muito frio, se o vento estiver muito seco ou se não houver chuvas na medida certa, as flores podem surgir, mas não com a sincronia e a densidade de uma superfloração.
O maior obstáculo é que o Vale da Morte é o lugar mais seco de toda a América do Norte e o mais quente da Terra. Chuvas são raras – ao contrário do calor impiedoso.
Assim como nas recentes superflorações de 1998 e 2005, o fenômeno deste ano é resultado da forte atividade
do El Niño. Fortes chuvas caídas em outubro estimularam milhões de sementes que estavam “adormecidas” no solo havia anos.
O outono e o inverno trouxeram a quantidade certa de calor e de precipitações que propicia o brotamento em massa das mudas.
Se as condições climáticas se mantiverem, o Vale da Morte pode continuar florido durante todo o mês de março. Mas não há garantias no deserto.
Uma mudança rápida no clima pode tornar a paisagem árida novamente e transformar as flores em sementes que podem passar anos sem brotar.
Assim é a vida no Vale da Morte: árdua e breve.

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