09/04/2016 16h51 – Atualizado em 09/04/2016 16h51
Antonio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, não sabe o que é pisar em um octógono para lutar desde o dia 1º de agosto de 2015. Foi nesta data que ele, uma das maiores lendas do MMA brasileiro, lutou pela última vez. Após ser derrotado pelo holandês Stefan Struve por decisão unânime no UFC 190, no Rio de Janeiro, o lutador anunciou em setembro que se aposentaria. Surgia, então, o Minotauro embaixador de relacionamento com atletas do UFC Brasil. Isso, porém, não impede que o ex-campeão do Pride e do UFC critique a situação atual do MMA no Brasil.
Fonte: Torcedores.com
Em entrevista exclusiva ao Torcedores.com durante um campeonato do game EA Sports UFC 2 disputado por ele e lutadores do UFC contra youtubers famosos, Minotauro analisou o cenário atual das artes marciais mistas no Brasil.
“O investimento no esporte precisa ser maior. Temos menos octógonos do que os Estados da Flórida e da Califórnia juntos. Se pensar bem, o fato de dois Estados americanos terem mais octógonos do que todo o Brasil, é como se dois Estados tivessem mais campos de futebol do que o Brasil. Como iríamos fazer mais jogadores de futebol?”, questionou o ex-lutador, que encerrou a carreira profissional com um cartel de 34 vitórias, 10 derrotas, um empate e um “no-contest”.
“O wrestling, que é uma luta base do MMA americano, é dado na escola pública e não temos isso na escola pública do Brasil. Na quantidade, eles vão fazer mais talentos. Os 10 ou 12 campeões mundiais de jiu-jitsu estão na Califórnia. E o Brasil tem seus talentos, suas pedras brutas. Outros campeões mundiais vão surgir”, afirmou o dirigente do Minotauro.
Atualmente, o Brasil tem apenas dois títulos no UFC, o evento mais importante do MMA: Fabricio Werdum (peso pesado) e Rafael dos Anjos (peso leve). Os Estados Unidos, por sua vez, dominam as divisões dos moscas (Demetrious Johnson), galo masculino (Dominick Cruz), galo feminino (Miesha Tate), meio-médio (Robbie Lawler), médio (Luke Rockhold) e meio-pesado (Daniel Cormier).
E as oportunidades de novos campeões no Brasil podem surgir no UFC 200, que acontecerá no dia 9 de julho, em Las Vegas, nos Estados Unidos. No card, José Aldo poderá se tornar o campeão interino do peso pena caso vença o americano Frankie Edgar. E Amanda Nunes desafia Miesha Tate pelo cinturão do peso galo feminino. Mas o evento que enche os olhos de Minotauro mesmo é o UFC 198, que acontecerá em Curitiba no dia 14 de maio.
“Este, de Curitiba, com mais de 40 mil ingressos vendidos em um dia. Arrisco falar que é melhor do que o 200, é um card mais interessante”, disse.
A rotina a bordo do UFC está longe de ser tranquila. Minotauro, que mora no Rio de Janeiro, acorda às 6h de terça-feira para vir para São Paulo, onde fica o escritório brasileiro da organização. Ele fica na capital paulista até quinta-feira à noite, quando retorna para a Cidade Maravilhosa.
“Trabalhar como embaixador de relacionamento com atletas é interessante. A gente fez um excelente trabalho na tentativa de identificar novos talentos no cenário nacional e apresentou para o UFC nos Estados Unidos. E estamos tentando ajudar na maneira comportamental dos atletas, tanto na mídia, nas redes sociais, estão sendo preparados materiais para trabalharmos isso no segundo semestre. Consigo ajudar muito mais gente, temos mais de 90 lutadores no plantel do UFC e descobrir novos campeões”, explicou.
