09/05/2016 07h30 – Atualizado em 09/05/2016 07h30
Crônicas de uma Alma Solta
Por Luiz Peixoto
Acho o dia das mães um dia engraçado, um pouco estranho. Afinal, mãe é mãe todo dia, ou não é, depende da opção de cada uma. Essa é mais uma data comercial, capitalista, para vender presentes e aquecer o mercado em época de baixo consumo. Mas mesmo assim, mãe merece sempre homenagem…
Minhas lembranças da infância têm a ver com minha mãe na máquina de costura. Costurou a vida toda. Cresci brincando de carrinho na roda da máquina de costura, em um tempo que não havia máquina elétrica, era tocada no pedal mesmo. O som da máquina de costura batendo os pontos é o som da minha infância. Minha mãe nunca teve tempo nem disposição pra dar colo, carinho, afeto, como essas mães idealizadas pelas propagandas de venda de presentes no dia das mães.
Mas mesmo dura, ela nos deu valores e ensinamentos que ficaram para a vida toda. Aprendi desde cedo a cuidar das minhas coisas. Aprendi a cozinhar, e isso fez toda a diferença quando fui morar sozinho. Aprendi a lavar roupa, na mão, sem máquina, e isso fez tanta diferença na minha vida. Aprendi, vendo, que a submissão feminina ao modelo de família tradicional, aniquila a possibilidade de a mulher ser algo mais que mãe. Aprendi que ajudar em casa não é favor, é obrigação.
Minha mãe é uma guerreira. Sobreviveu a tudo o que passamos, com muita luta. Mesmo sem estudo, conseguiu ver os filhos na faculdade, assistiu a formatura dos dois. Tem visto os dois crescerem profissionalmente. Em tempos difíceis como o de agora, ela segue sendo a Mãe. Mesmo fragilizada, precisando de cuidados, ainda quer cuidar da gente. Nem sempre dá conta, afinal já é idosa, mas tenta.
No dia das mães quero só lembrar que mãe não é eterna, nem sempre é terna, nem sempre é o que o mercado quer e prega, mas é o que é. E a minha é! A mãe!
Ao longo da vida, tive outras mães que me ajudaram a crescer e ser. Todas elas são parte da minha história.
Minha irmã se mostrou uma mãe por excelência, optou por ser mãe. Adotou!
Minha sobrinha tem sido a continuidade da vida. Amor em forma de sobrinhos-netos.
Nelas eu vejo a vida continuar…
Luiz Peixoto – Filósofo. Escreve semanalmente nessa coluna

