07/11/2016 07h43
Crônicas de uma Alma Solta
Por Luiz Peixoto
Vivemos um tempo estranho. Um tempo de discurso de ódio. Quando eu era criança a pessoa podia ser o que fosse, mas aprendi desde cedo que ela era uma pessoa, e por isso merecia meu respeito. Sou da geração que pedia benção na rua pra idosos, mesmo sem conhecer, que sabia baixar os olhos e ficar calado perto de conversas de adultos, que beijava a mão da avó…. Sei, sou antigo. Mas sou!
Na minha vida de professor sempre sofri com rótulos. Afinal, se é filosofo é ateu. Se não casou até hoje é gay. Se é inteligente e ainda dá aula é preguiçoso. Pois é. Eu sou! Não o que dizem os rótulos. Sou uma pessoa. Quem tem opções de vida, que tem tendências ideológicas, que tem crenças. E isso incomoda quem quer saber mais que a gente.
Respeito é aquela atitude que demonstra caráter.
A pessoa pode ser heterossexual. Se não for machista, sexista, racista, xenofóbica, homofóbica, intolerante (etc) terá meus respeitos! Não é o que ela faz na cama que a define!
A pessoa pode ser homossexual. Se não for machista, sexista, racista, xenofóbica, intolerante (etc) terá meus respeitos! Não é o que ela faz na cama que a define!
A pessoa pode ser cristã. Se não for machista, sexista, racista, xenofóbica, homofóbica, intolerante (etc) terá meus respeitos! Não é o que ela faz no culto que a define!
A pessoa pode ser atéia. Se não for machista, sexista, racista, xenofóbica, homofóbica, intolerante (etc) terá meus respeitos! Não é o que ela faz na vida que a define!
A pessoa pode ser do batuque. Se não for machista, sexista, racista, xenofóbica, homofóbica, intolerante (etc) terá meus respeitos! Não é o que ela faz no terreiro que a define!
E assim por diante. Cada um pode colocar o que quiser aqui…
Respeito eu não peço. Eu exijo! Afinal sou eu que defino onde pode começar e terminar minhas relações.
Se você ainda não entendeu isso, bom, caia fora!
Seguimos. Respeitando.
O autor é filósofo e escreve semanalmente nesta coluna

