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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Agricultura familiar e merenda escolar: uma parceria que dá certo em Amambai

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03/04/2017 21h47

Em Amambai, desde 2009, a agricultura familiar está na merenda escolar. No município, existem entre 25 e 30 produtores da agricultura familiar. Suas propriedades estão em diferentes locais do município, mas a vila Santo Antônio é a localidade que mais concentra pequenos produtores.

Fonte: Redação

No Brasil, apenas 20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares, segundo dados do Censo Agropecuário. Mesmo assim, a agricultura familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o que evidencia a importância desse segmento na geração de trabalho e renda e também na contenção do êxodo rural. Este segmento agrícola é responsável por cerca de 1/3 da produção total.

A agricultura familiar corresponde à produção agropecuária realizada por pequenos produtores em que o sistema agropecuário é mantido pelo núcleo familiar e, no máximo, por alguns poucos funcionários assalariados. Essa prática refere-se, portanto, a pequenas propriedades rurais, nunca maiores que quatro módulos fiscais.
Um módulo fiscal, resumidamente, é uma unidade de terra cujo tamanho é definido pelo poder municipal e varia entre 5 e 100 hectares.

A agricultura familiar em Amambai

Em Amambai, segundo a Assafam (Associação da Agricultura Familiar de Amambai), existem entre 25 e 30 produtores da agricultura familiar. Suas propriedades estão em diferentes locais do município, mas a vila Santo Antônio é a localidade que mais concentra pequenos produtores.

Zeila Moreira, moradora da vila há 20 anos e presidente da Assafam, diz que, entre os 16 associados, são 12 os que residem na vila. “A Santo Antônio é onde sai o leite, o pão, a verdura; sai tudo daqui da vila (…) aqui é onde abrange mais a agricultura familiar”, diz Zeila.

Ela e a filha, Caroline Andrade da Silva, trabalham na propriedade rural da família, uma área de 1 alqueire, 2,5 hectares destinados à agricultura familiar, atividade exercida por Zeila há cerca de 20 anos e iniciada com a produção de mandioca e banana. Hoje, ela produz, entre outros produtos, alface, almeirão, chicória, milho verde, quiabo, berinjela, pepino, abobrinha, cabotiá e morango.

Para 2018, ela tem planos: diversificar a produção e inserir a piscicultura em sua área são alguns deles. A filha compartilha com ela a perspectiva positiva: “Prefiro trabalhar assim, porque é para a gente mesmo, aqui sou eu e minha mãe; o que já investimos é nosso; agora é da minha mãe, futuramente será meu e dos meus irmãos”.

30% da agricultura familiar está inserida na merenda escolar

O otimismo da mãe e filha produtoras tem argumentos: “É uma atividade rentável, sustento minha família, quatro pessoas”, conta a agricultora.

A rentabilidade do negócio deve-se ao fato que boa parte da produção é comercializada para a merenda escolar da rede municipal de ensino de Amambai.

Em Amambai, desde 2009, a agricultura familiar está na merenda escolar. A nutricionista responsável pelo programa no município, Adeline Calminatti Moraes, explica que o cardápio da merenda escolar é feito de acordo com os produtos disponíveis e a sazonalidade da produção.

São diversos os produtos da merenda escolar produzidos pela agricultura familiar, que vão desde as frutas, verduras e hortaliças, até os de panificação – cucas, biscoitos, pães e bolos.

A legislação está sendo cumprida: aproximadamente, cerca de 30% da merenda escolar das escolas da rede municipal de ensino de Amambai é oriunda de produtos da agricultura familiar.

Cozinha Central

Com a instalação da Cozinha Central em 2015, não somente foi qualificada a merenda escolar, mas também todo o procedimento de aquisição dos produtos da agricultura familiar e outros foi profissionalizado – há um servidor designado para o controle financeiro do programa.

“O papel da cozinha central é muito positivo na merenda escolar; o programa consegue qualificar, por exemplo, o sabor da comida e a higiene no preparo, entre outros pontos (…) além disso, não existe desperdício”, diz a nutricionista Adeline.

A cozinha está instalada hoje, provisoriamente, no Centro Municipal de Eventos, e a conclusão da obra de construção do prédio próprio, junto à Escola Municipal Antônio Pinto da Silva, dará mais e maior suporte ainda ao programa. Assim avalia a diretora do departamento da Cozinha Central, Josileia Moreira Cubilha. Ela explica que a Cozinha tem as atribuições de recebimento dos produtos, controle de qualidade e produção de alimentos.

O programa atende as escolas municipais Júlio Manvailer, Maria Bataglin Machado, Flávio Derzi, João Rodrigues (sede), Tupã Ñandeva (sala extensiva Brilho do Sol) e Antônio Pinto da Silva (Educação de Jovens e Adultos / EJA).

As demais escolas e Centros de Educação Infantil recebem das técnicas o apoio técnico – cardápio, acompanhamento da qualidade do preparo e refeições e cardápio específico para crianças. São cerca de 2.000 refeições por dia.

A equipe e o dia-a-dia da Cozinha Central

Na equipe da Cozinha Central estão 11 merendeiras efetivas, duas nutricionistas, uma diretora de departamento, um motorista e duas auxiliares. As merendeiras que atuavam nas escolas que recebem hoje a merenda escolar da cozinha central fazem parte da equipe.

O expediente inicia às 5 horas; a primeira entrega é feita as 7h30 e a última as 13h30. Têm escolas que recebem três refeições, aquelas que têm o Programa Mais Educação – lanche da manhã, almoço e o lanche do Mais Educação

Assessoria técnica à agricultura familiar

Parcerias entre o poder público municipal de Amambai e órgãos estaduais, como a Agraer – Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, e outros, como o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – garantem a qualidade na merenda escolar, através do assessoramento aos produtores da agricultura familiar e à Assafam.

“A Prefeitura, através das secretarias de Agricultura e de Serviços Urbanos, atende bem;a tem o trator, a grade, a rotativa e funcionários bons”, avalia a presidente da Assafam (Associação da Agricultura Familiar de Amambai), Zeila Moreira.

A engenheira agrônoma Vânia Pessin, servidora pública municipal cedida para a Agraer, é uma das principais responsáveis e entusiastas pela agricultura familiar. “O que a gente viu é que o programa ajudou muita gente: alguns não sabiam o que era uma horta (…) a gente vê que eles têm orgulho em vender seus produtos para as escolas, para os alunos”, diz a agrônoma.

Com a parceria com a Sebrae, avalia ela, melhorou a assistência técnica. O programa Despertar Rural possibilita que a cada 15 dias venha um técnico do Sebrae para visitar e assessorar as áreas da agricultura familiar de Amambai. Além disso, a instituição também presta assessoria para a Assafam visando o fortalecimento e a organização da Associação.

Ela explica ainda que alguns agricultores já vendiam no comércio local e ampliaram suas hortas; outros iniciaram com a possibilidade de venderem seus produtos. Cada agricultor pode vender até R$ 20 mil por ano por programa do governo federal que mantenha recursos diferentes.

Sandra Turquino é uma das agricultoras que vende seus produtos para a agricultura familiar. Ela também é moradora da vila Santo Antônia. Tem sua horta há um ano, tempo suficiente para saber que a atividade é viável. “A agricultura familiar foi tudo de bom para mim, antes eu não tinha uma renda, agora eu tenho uma todo mês, me ajuda bastante para pagar as contas”, conta Sandra.

Ela entrega para a merenda escolar, entre outros produtos, batata doce, cabotiá, vagem, cheiro verde, alface e chicória; “são vinte e poucos itens”.

Perspectivas

Se a conjuntura é favorável, as perspectivas são mais ainda. Com o fortalecimento da Assafam, a Associação poderá participar de outras licitações além da merenda escolar, como a do 17º RC Mec – unidade do exército com sede no município – presídios e hospitais credenciados junto ao SUS (Sistema Único de Saúde), como o Hospital Regional de Amambai. Zeila Moreira diz ainda que está propondo a aquisição de produtos pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) para as cestas básicas.

Para o futuro, conta a presidente da Assafam, queremos que toda a aquisição pela Merenda Escolar de gêneros alimentícios da agricultura familiar seja feita através da Associação. “Para 2018, pretendemos ampliar e diversificar a produção, a instalação de uma cozinha para a produção de pães e afins é outra meta”, diz Zeila. A participação na Feira do Produtor é outro objetivo dos pequenos agricultores de Amambai, que já estão representados na iniciativa, mas que pode ser ampliada esta representação.

Por fim, uma reflexão da agricultora Sandra Turquino que põe fim a qualquer dúvida sobre a viabilidade da agricultura familiar no Brasil.

Zeila Moreira e sua filha Caroline trabalham na propriedade rural da família, uma área de 1 alqueire, 2,5 hectares destinados à agricultura familiar. Ela é presidente da Assafam (Associação da Agricultura Familiar de Amambai).

Produtos da agricultura familiar entregues ao programa de Merenda Escolar de Amambai.

Praticamente toda a produção dos pequenos agricultores pode ser comercializada para a Merenda Escolar se o produtor tiver os requisitos legais.

São cerca de 2.000 refeições ao dia entregues pela Cozinha Central nas escolas atendidas; a primeira entrega é feita as 7h30.

Calendário de colheita dos produtos da agricultura familiar; o cardápio da merenda escolar é feito de acordo com os produtos disponíveis e a sazonalidade da produção.

A nutricionista Adeline Calminatti Moraes (D) e a diretora do departamento da Cozinha Central, Josileia Moreira Cubilha.

Parte da equipe da Cozinha Central.

Através do Sebrae, o programa Despertar Rural possibilita que a cada 15 dias venha um técnico do Sebrae para visitar e assessorar as áreas da agricultura familiar de Amambai.  Além disso, a instituição também presta assessoria para a Assafam visando o fortalecimento e a organização da Associação.

A engenheira agrônoma Vânia Pessin e João Arche, agricultor familiar que entrega seus produtos na merenda.

Agricultura familiar e merenda escolar: uma parceria que dá certo em Amambai

Sandra Turquino e seu marido, ambos agricultores que entregam produtos na merenda escolar, moradores na vila Santo Antônio.

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